domingo, 21 de setembro de 2008

O “Amor Platônico”, segundo o Banquete.

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UEVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES – CLA
LETRAS – HAB. EM LÍNGUA PORTUGUESA
DISCIPLINA PRODUÇÃO DE TEXTO
PROFESSORA MARIA SOARES


ENSAIO CIENTÍFICO


O “Amor Platônico”, segundo o Banquete.

Ana Tafnes De Sousa Rodrigues
4° período de Letras da Uva

O amor platônico na concepção vulgar tem seu sentido distorcido. Propõe ser um amor sem o contato físico. A afeição em que há abstração do elemento sexual. Mas o conceito original talvez não seja esse. Platão escreveu, porém, ‘o primeiro tratado filosófico sobre o amor’, no qual caracterizam-se alguns elementos sublimes e sexuais que demonstram seu verdadeiro conceito.
Em O Banquete, escrito no século IV a.C. por Platão, reúnem-se discursos sobre o Amor, tendo como convidados Apolodoro, Fedro, Pausânias, Aristófanes, Agatão e Sócrates. Um jantar em que Agatão oferece em comemoração a um prêmio recebido por ele. No discorrer da festa, propõe-se falar sobre o Amor, todos expõem suas considerações, tentando assim explicá-lo. Sócrates, então, finaliza contando como o amor foi gerado, através da trapaça e da sexualidade, assim enuncia “o Amor é concebido no dia de nascimento de Afrodite, por um “golpe” de Penúria sobre Recurso. Recurso adormece e Penúria deita-se a seu lado. Enfim, consegue engravidar. O Amor, filho de ambos, ganha características do pai e da mãe: sempre oscilando entre dois pólos. Um pólo, o das completudes, como o pai, e outro pólo, o das carências, como a mãe. O Amor não é um deus, mas um gênio, um tipo de espírito. É um gênio que está sempre entre dois extremos. Assim, estando a meio caminho, tem consciência do que é a carência e do que é a completude, e busca a primeira. Por isso o Amor é busca.”
Platão compara o Amor a uma escada, mostrando a busca das formas, o desejo do belo, da beleza maior que é a sabedoria, o sumo bem. Platão (1972, p.59) explica: “Isto é o que é ir corretamente, ou ser conduzido por outro, no mistério do Amor: ele vai sempre mais acima por razão desta Beleza, começando das coisas belas e utilizando-as como degraus de subida: de um corpo para dois e de dois para todos os corpos belos, então, dos corpos belos para os belos costumes, dos costumes para o aprendizado das coisas belas, e dessas lições ele chega no fim, nesta lição, em que há o aprendizado dessa completa beleza, assim, no final ele acaba por saber exatamente o que é ser belo”. O amor torna-se um sentimento que vai sendo definido e adquirindo formas, sentido, concretizando-se na sua atração.
Assim, mostra-se que o termo atual ‘amor platônico’ é um equívoco, pois admite a não realização do desejo e a frustração ao conhecê-lo. Mas esse equívoco pode ser uma mera confusão de interpretações, podendo ser levado em consideração o amor com o interesse maior pelo intelecto e não pelo físico, o sumo bem, uma espécie de amizade pedagógica. Contudo, o amor platônico no sentido real age de modo a possuir o que é desejado, atingindo assim o pleno gozo, a satisfação real e tendo tudo para ser feliz.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
BRANDÃO, J. de S. Mitologia Grega. Petrópolis: Vozes, 1993.
PLATÃO. Trad. José Cavalcanti de Souza. O Banquete. São Paulo: Abril, 1972.

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