quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Letrasuva: HISTÓRIA, HETEROGENEIDADE E INSEGURANÇA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

Letrasuva: HISTÓRIA, HETEROGENEIDADE E INSEGURANÇA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

HISTÓRIA, HETEROGENEIDADE E INSEGURANÇA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO: LETRAS HAB. LÍNGUA PORTUGUESA.
DISCIPLINA: HISTÓRIA E VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
PROFESSORA: JANAÍCA MATOS. SOBRAL-CE/2009.

HISTÓRIA, HETEROGENEIDADE E INSEGURANÇA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO
JOSÉ MARIA VASCONCELOS MARANHÃO
ROSIANE OLIVEIRA FREITAS


Sabemos que a língua portuguesa sofreu em princípio um sincretismo enorme de falares europeus, principalmente, do espanhol e da língua falada na Galiza. Esta língua européia teve sua história particular vinculada ao surgimento de seu país, Portugal. Como expressão cultural e de identidade de um povo, passou – se a haver uma valorização dessa classe de signos lingüísticos comum, e com isso incentivou – se a difusão dessa expressão cultural em todos os anexos do trono português.
Segundo Silvio Elia a língua lusitânia teve três fases, a Lusitânia Antiga, compreende Portugal, Madeira e Açores. A Lusitânia Nova, que corresponde ao português do Brasil. A Lusitânia Novíssima abrange as cinco nações africanas constituídas do dito processo de “descolonização” e que adotaram o português como língua oficial: Angola, Moçambique, Guiné – Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Durante essas fases, portugueses tentaram implantar sua cultura e religião em cada país acima citado, por se considerarem superiores e civilizados, mas o que não se esperava era que a língua evoluísse tanto e estivesse tão ligada a história e cultura de um povo.
Da mesma forma que o português de Portugal teve seu processo de evolução ligado a cultura e identidades dos falantes. O português falado no Brasil também passou por várias fases. Do ponto de vista lingüístico não havia unidade e sim diversidade de falares, no Brasil no momento calcula – se que seria possível a existência de mais de 350 línguas indígenas. O professor Ayron Dall’ Igna Rodrigues citado por Bagnon distingui – as em troncos, famílias e linguas isoladas, os troncos são o Tupi e macro – jê; as famílias subdivide – as em Caribe, Aruaque\ Arauá, famílias menores do sul do Amazona e línguas faladas em regiões inóspitas. “Apesar dessa enorme dispersão geográfica, as línguas da família Jupi – Guarani mostram muito pouco diferenciação” (Elias, Silvio, 2001, p – 22)
Quando os jesuítas chegaram ao Brasil, eles tiveram primeiro que apreender a língua dos índios, eles tiveram primeiro que aprender a língua dos índios, então buscaram as línguas mais faladas e deram o nome de língua geral, essa língua popular, geral a índios, missionários, aculturados e a não índios ficou também conhecida como língua brasílica. Logo depois os europeus foram mais ríspidos e impuseram com mais vigor as normas de seus falares.
Na segunda metade do século XVI começou a chegar ao Brasil negros africanos vindos para trabalhar como escravos, e também eram obrigados a assimilar essas nova linguagem, porém eles já tinham as suas. A migração negra para o Brasil teve dois focos principais de procedência, correspondentes aos dois grandes grupos: os sudaneses oriundos da região do golfo da Guiné, o Senegal e a Nigéria; os bântus, originários do Congo, de Angola, de Moçambique e parte sul da África. Duas línguas principais caracterizam estes grupos: ao norte na Bahia, o nagô ou ioruba, ao sul (Rio de Janeiro, Minas Gerais) o quimbundo.
Em meio a toda essa mistura de raças e culturas diferentes começou surgir uma sociedade nos moldes portugueses, os colonizadores passaram a impor sua religião, a ensinar leitura através de livros lusitanos, deixando bem claro sua superioridade e reprimindo qualquer tipo de não aceitação. Entre nós não se formou um dialeto propriamente “crioulo”, mas como afirmou Serafim da Silva Neto, se formou um dialeto semi – crioulo, resultado da fusão de tantas raças e culturas juntas.
Tem – se dado ultimamente relevo indevido à Lei do Diretório de 03 de maio de 1757, de inspiração pombalina, que proibia o uso da língua geral nas escolas brasileiras, nas quais só se devia ensinar a língua portuguesa, de Portugal, que nunca se falou por aqui. Curioso é que mais tarde o Brasil passou a ser visto como país com unidade lingüística bem definida pelos europeus, enquanto que os cidadãos tupiniquins penavam para se adequar as regras imposta por outros.
Desde a obrigação imposta pelos portugueses até nossos dias podemos perceber até entre os intelectuais um certo repúdio pelo português falado aqui, pois consideram nosso falar uma corrupção ao português legítimo, consideram nossa língua como sendo de matutos, caipiras, infelizes, um arremedo tosco da língua de Camões. É o que escreve Arnaldo Niskier, presidente da academia brasileira de letras, num artigo publicado na folha de São Paulo (15\01\98). “A classe dita culta mostra – se displicente em relação à língua nacional, e a língua indígena”.
Declarações deste tipo se baseiam apenas em posturas preconceituosas, perpetuadas ao longo dos séculos pela desinformação ou má informação do que se em análises cientificas acurados dos fatos lingüísticos. Como afirma o filólogo Candido Figueredo citado por Bagno (2001):

Quanto mais progressiva é a civilização de um povo, mais sujeito é a sua língua a deturpações e vícios, sob a variada influência das relações internacionais, dos novos inventos, dos travancos da ignorância, e até do capricho da moda.


O brasileiro sabe português, fala bem o português que ele tem contato, e que sofrem diversos processos de variações, tanto sincrônicas, como diacrônicas. Do ponto de vista lingüístico, porém, a língua falda no Brasil já tem uma gramática, isto é, tem regras de funcionamento, que cada vez mais se diferencia da gramática da língua falada em Portugal. Na língua falada as diferenças são tão grandes que muitas vezes surgem dificuldades de compreensão. Por exemplo, os pronomes o\a, de construções como “eu o vi” e “eu a conheço”, estão praticamente extintos no português falado no Brasil, ao passo que no de Portugal continuam firmes e fortes. Nossas crianças sem problema “me” e “te”: “Ela me bateu”, “Eu vou te pegar”, mas o\a jamais são substituídos por ele\ela. Se as crianças falam assim é porque elas escutam assim, tanto aqui como lá.
O único nível em que ainda é possível uma compreensão quase total entre brasileiros e portugueses é o da língua escrita formal, porque a ortografia é praticamente a mesma, com poucas diferenças, o que é lógico, já que eles ditam as regras e ainda querem impor seu poder através da língua em sua eterna colônia, que agora conta com aproximadamente 170 milhões de falantes.
O grande problema do ensino do português no Brasil é que até hoje os professores continuam voltados com os olhos para a mesma lingüística de Portugal. As regras consideradas certas são aquelas usadas por lá, que servem para a língua falada lá, e com isso cria – se a impressão de que não sabemos falar corretamente, gerando uma forte insegurança. É a concepção que impera, por exemplo, no livro “Não erre mais!” de Luiz Antonio Sacconi, página 64: “A lua é mais pequena que a terra. Eis aí uma frase corretíssima, que muitos imaginam o contrário. Mais pequeno é expressão legitima usada por todos os portugueses de Portugal!”
Torna – se evidente que para se tornar uma expressão correta basta que ela seja usada por todos os portugueses, como se eles ditassem a norma lingüística válida para todos os falantes. Não utilizamos os vocábulos mais pequenos, e fazemos uso constante de expressão no gerúndio, ao contrário do que é dito pelos patrícios e isso gera um eterno trauma de inferioridade, pois, o que é tido como referência é a língua falada na Europa, a língua ideal, por esse motivo não é raro ouvir brasileiros dizerem que não sabem falar direito ou não sabem português.
Uma nação sem língua é uma nação sem identidade, sem soberania e composta por cidadãos pouco patriotas e desprovidos de inteligência, por isso devemos estudar o valorizar cada dia mais a língua falada no Brasil em suas diversas facetas, buscando compreender e enriquecer o “Português Brasílico”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAGNO, Marcos. Preconceito Lingüístico. São Paulo, 2005.
CASTILHO, Ataliba et alii ( I: 1990, II: 1992, III: 1993): Gramática do português falado. Campinas. Editora da UNICAMP.
CITELE, Adilson. Linguagem e Persuasão. São Paulo. Editora: Ática, 1992.
CUNHA, Célio e CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Nova Fronteira s\s, Rio de Janeiro, 2001.
DUARTE, Sérgio. Língua Viva. Rio de Janeiro, Rocco, 1998.
Elia, Silvio. A língua portuguesa no mundo. São Paulo. Editora: Ática, 2001.
FIQUEREDO, Cândido de. O que não se deve dizer. Volume I, 5ª ed. Lisboa, Livraria Clássica Editora.
GNERRE, Maurizio. Linguagem, escrita e poder. São Paulo. Martins fontes, 1985.
JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO: edição 15\01\98.
SACONNI, Luiz Antonio: Não erre mais! 23 ed. São Paulo, Atual, 1998.
SILVA NETO, Serafim: Introdução ao Estudo da Língua Portuguesa no Brasil. São Paulo. Ática, 1986.
TERRA, Ernani. Linguagem, língua e fala. São Paulo. Spione;1997.







segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Estudo do Gênero Frase:Leitura

ESTUDO DO GÊNERO FRASE:LEITURA

*Francisco Fabrício Pinto Prado Parente
*Karollyna Jorge Martins
*Natália Rodrigues de Sousa
*Regina Madeira de Siqueira

RESUMO

Este artigo tem como principal objetivo analisar o gênero textual “frase”, destacando suas principais questões básicas, que venham a ser de suma importância, no momento de sua análise estrutural: como a linguagem com sua respectiva natureza, a composição, a temática, as figuras de linguagem, noção de tempo, dentre outras. Considerando a intencionalidade do autor dentro do tema abordado, vindo assim a destacar a noção de tempo e espaço. Os alunos que participaram do questionário apresentaram certo grau de conhecimento da análise do gênero, enfim sobre a produção textual.
Palavras-chave: Gênero, Linguagem e Tempo.

INTRODUÇÃO

Tomando por base a pesquisa qualitativa por se deter as respostas dos estudantes do 4° período do curso de Letras Plena da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA, como escolha a ser discutida através das respostas dos participantes da investigação,demonstrou que os dados foram obtidos por meio de um questionário que apresentava todas as questões de cunho fechado.
A partir desse pressuposto, podemos observar que o questionário foi estruturado para conhecer uma série de questões e situações em torno das experiências do estudante sobre interpretação de texto e reconhecimento do gênero textual .

METODOLOGIA DA PESQUISA

GRÁFICO DE MÚLTIPLAS COLUNAS COM O PERCENTUAL DAS RESPOSTAS



* Estudantes do Curso de Letras da Universidade Vale do Acaraú
DESCRIÇÃO DA PESQUISA E DO INSTRUMENTO DE COLATA DE DADOS

A pesquisa é qualitativa por se deter às respostas dos estudantes como escolhas a serem discutidas com falas ou discurso os participantes de investigação. É descritiva por apresentar uma análise das categorias do discurso via questionário. As pesquisas descritivas têm como objetivo principal a descrição das características de determinada população ou fenômeno (FIGUEIREDO, 2002). E PARA Triviños (1987) elas procuram descrever, com exatidão, os fatos e fenômenos de determinada realidade. Essas exigem do pesquisador uma série de informações sobre o que se deseja pesquisar, como, por exemplo, a população, a amostra, os objetivos do estudo, as hipóteses/pressupostos e as questões da pesquisa. E uma pesquisa de campo por acontecer num espaço geográfico da sala de aula.
Os sujeitos dessa pesquisa foram 18 estudantes dos 22 matriculados no Curso de Graduação em Letras da Universidade Estadual Vale do Acaraú- UVA. A delimitação do número dos sujeitos aconteceu prioritariamente, quando se observou que estava ocorrendo saturação dos dados informados. A saturação ocorre, quando se considera que o número pesquisado é suficiente para gerar informações não reincidentes (MINAYO, 1999). Se em vista dos objetivos propostos o pesquisador achar conveniente encerrar as entrevistas, deverá fazê-lo por entender que novas informações estarão acrescentando pouco significado à sua amostragem (TURATO, 2003).
A opção de entrevistar estudantes, da disciplina de Produção de Texto do quarto período do curso de Letras ocorreu por acreditar que estes tenham, ao longo do curso de graduação, alguns conhecimentos previstos que colaboram para a prática de produção de texto. Os dados foram obtidos por meio de um prévio que colaboram para a prática de produção de texto. Os dados foram obtidos por meio de um questionário estruturado. O questionário permite uma flexibilidade maior na exploração do conteúdo e no número de itens fornecidos, e não na flexibilidade de expressão do sujeito, embora possa trabalhar com um conjunto de questões e ou tópicos orientes e organizados previamente, não permite e nem encoraja que o entrevistado venha a abordar, de forma livre, os assuntos que vão emergindo com o desdobramento do tema principal, por a saturação de informações no desenvolver das questões já vão oferecendo essa progressão. O questionário, no seu sentido mais amplo, envolve um processo de comunicação verbal e, mais restritamente, representa a coleta de informações o que torna uma ferramenta largamente utilizada pelos pesquisadores.
No que se refere ao processo da pesquisa, nenhuma se posiciona de maneira completamente aberta. É necessário que se parta da elaboração de um roteiro, que se visa enumerar, de modo mais abrangente, as questões que o pesquisador pretende estudar no campo a partir de pressupostos, oriundos do objeto de investigação (MINAYO, 1999).
Cada grupo que é responsável por uma parte da pesquisa que os questionários fornecem, com as respostas individuais de cada participante, por meio de informações, demonstre no final um retrato da realidade do objeto pesquisado restrito e peculiar a sua experiência como professor. Portanto, quanto mais profundo é o questionário, mais rico é o material por ele produzido.
O questionário procurou conhecer uma série de questões e situações em torno das experiências do estudante sobre interpretação de texto e reconhecimento de gênero textual frase. Os estudantes se reuniram em grupo de quatro, responderam as questões, trocaram com os colegas do grupo vizinho, fizeram um gráfico, discutiram os resultados, buscaram informações teóricas e finalizaram o estudo. Essas questões envolvem suas percepções sobre conhecimentos desenvolvidos sobre texto em sala de aula sobre temáticas que se organizam por questão. Após o cálculo do percentual das respostas do questionário de 10 questões, cada uma delas constando de 4 itens (a,b,c,d), seguiram para a discussão das categorias. Cada questão ia desencadeando a discussão dos colaboradores da pesquisa. Foram elas:
1º Questão: Reconhecimento do gênero.
2º Questão: Tipo de linguagem usada no texto.
3º Questão: Aspectos sobre a formação ou composição do gênero.
4º Questão: Identificação da temática discursiva.
5º Questão: Análise da figura de linguagem predominante no texto.
6º Questão: A intenção principal do autor.
7º Questão: Percepção do tempo discursivo
8º Questão: A constituição paragráfica ou enunciativa do gênero estudado.
9º Questão: O tempo gramatical dos enunciados.
10º Questão: Identificar os elementos das etapas do planejamento de uma redação escolar.

O TIPO DE GÊNERO E DE LINGUAGEM NO TEXTO

Os participantes responderam ser o gênero indicado “o gênero frase”. Isso indica que, apesar de todos os textos serem construídos por poucos enunciados, ninguém confundiu a modalidade discursiva sinalizada. Alguns estudiosos dizem ser a estrutura formal o que indicaria a diferença entre as diversas modalidades de gêneros. Outros acreditam que é a função discursiva que vai determinar o tipo de gênero textual. Os participantes revelaram que tanto a estrutura como a função são indispensáveis para a diferenciação desses gêneros. Visto que o gênero frase usa a persuasão para a conquista. O gênero anúncio tem outra função, usa a persuasão uma visão mais mercadológica. O gênero bilhete pode ter ou não função persuasiva, quando tem direciona-se ao poder do saber valer a informação. Na verdade a função do bilhete é muito mias voltada para a segurança e o contato entre familiares ou parentes relacionados a algum motivo que diga sobre a convivência.
O gênero “frase” pode ser considerado um gênero primário, por que se instala como um ato da língua espontânea. Segundo Bakhtin (1992, pág. 281):

Os gêneros primários, ao se tornarem componentes dos gêneros secundários transformam-se dentro destes e adquirem uma característica particular: perdem sua relação imediata com a realidade existente e com a realidade dos enunciados alheios.

Nesta citação, o autor explica que o gênero primário pode aparecer como um enunciado no gênero secundário. Um texto falado como, por exemplo, um diálogo enamorativo pode ser considerado um gênero secundário, por ser constituído de muitos enunciados, acontece geralmente com textos escritos ou textos falados longos.
No caso do gênero “frase” “Dorme com os anjos e sonha comigo, pode ser que um dia durmas comigo e sonhes com os anjos” tem-se um gênero primário, um texto curto, com poucos enunciados, que pode aparecer dentro do outro texto mais longo, funcionando como uma espécie de desfecho de um texto falado, ou até mesmo escrito.
Os participantes apresentaram uma divergência entre eles. Mesmo o termo linguagem ter como principal características envolver sons e sinais de que pode servir-se o homem para transmitir suas idéias. Os mesmos não demonstraram conhecimento, sendo que a linguagem é de natureza injuntiva por possuir função de pedido, solicitação, ordem. Enquanto que a de natureza narrativa tem como função relatar um fato, narrar uma história. Já a de natureza descritivo se caracteriza por descrever o que se observa. É a representação, por meio das palavras, de um objeto ou imagem. E a de natureza argumentativa visa questionar, discutir sobre um determinado assunto.
No que confere a linguagem, os gêneros podem se constituir de seqüências do tipo descritivo narrativo, argumentativo ou conversacional. No gênero “frase” em estudo, a natureza da linguagem ou estilo se apresenta como uma solicitação gentil. A linguagem injutiva é mais expositiva do que propriamente narrativa ou argumentativa. Muitos estudiosos não incluem a injunção como um estilo de linguagem. No entanto, alguns lingüísticos da escrita do texto a incluem como uma tipologia, ou seja, como uma modalidade de estilo.
Adam (1991) aput Costa (2003, p.11) explica que:

A estrutura seqüencial de um texto se caracteriza por mostrar os liames de causas que ligam os enunciados entre si. A estrutura nos remete a conhecimentos próprios sobre o assunto, facilitando nossa compreensão.

A COMPOSIÇÃO E A TEMÁTICA DO GÊNERO

A composição do tipo introdução e enredo se aproximam mais de textos como notícia, narrativas curtas em geral, podendo até acontecer contexto do tipo carta, que não é o caso do gênero frase indicado, apesar de 25% dos participantes terem indicado esta resposta. 50% responderam o item “b” do questionário, assinalando a estrutura vocativa e informe. Apesar de ser muito comum nos anúncios curtos, e de aparecer no texto construções imperativas, indicando invocação, chamamento, pedido, não é essa a natureza da composição do texto. A estrutura tese e argumento é mais próprio de textos curtos e longos da imprensa ou acadêmico-científicos, essa linguagem não constitui este texto.
No que diz respeito à composição do gênero, afirma Pereira (2007, p.28):

Quanto à composicionalidade, entende-se como a forma de gênero no qual os enunciados são construídos nas diversas interações interpessoais. A composicionalidade alinhada ao estilo e tema dos enunciados estabilizados em gêneros resulta no reconhecimento de práticas tipificadas, tornando a interação compreensível aos interlocutores.

O autor nesta citação fala que na composição de um gênero os enunciados são construídos nas mais diversas interações interpessoais, sendo assim os próprios enunciados podem ter várias formas de composição de gênero.
No caso do gênero “frase” em estudo, a composição é do tipo construção desfecho, despedida, saudação: enunciado de chamada e enunciado de saída modesta, portanto envolve uma interação interpessoal, compreensível entre os interlocutores.
Os participantes demonstraram uma heterogenia de conhecimentos do tema, pois 50% deles apresentou como a temática da mensagem ser de natureza instrutiva onde podemos analisar a falta de conhecimento por parte dos participantes em relação ao tema abordado na pesquisa.
Segundo Bakhtin (1992, p.279 – 287) apud Queiroz (2002, p.01) define unidade temática como um dos elementos que constituem o gênero, segundo a autora “os gêneros possuem um plano composicional um conteúdo temático e um estilo”. Nesta citação, a autora explica que a tipologia da mensagem abordada não são textos, mas sim fragmentos do mesmo, uma mensagem de aspecto instrutivo, como por exemplo, uma bula de remédio, pode ser considerada como mensagem instrutiva por proporcionar ao leitor um conhecimento prévio da formulação do remédio com suas contra – indicações e recomendações de uso.
Michaelis (1998, p. 1162) conceitua o termo instigar como sendo um recurso que venha a “animar, estimular, excitar, introduzir. Nesta citação o autor explica que a temática para ser investigada precisa apresentar estímulo como explica a teoria behaviorista com sua abordagem comportamentalista que tem como base o condicionamento clássico de Paulov onde o mesmo estudo o processo digestivo dos animais e percebeu que todas as vezes que colocava o alimento na boca do animal ele salivava e assim provocava uma reação de estímulo e resposta o que não ocorre no texto trabalhado.

A FIGURA DE LINGUAGEM PREDOMINANTE NO TEXTO E A INTENÇÃO PRINCIPAL DO AUTOR

Nenhum dos participantes assinalou a questão correta que é paradoxo, figura de linguagem que consiste em idéias contraditórias. 75% responderam ser antítese que tem outra função, a aproximação de palavras que se opõem pelo sentido. 25% marcou comparação ou símile não podendo predominar no texto já que é uma espécie de metáfora que estabelece uma associação mais limitada de sentido. Já a hipérbole usa o exagero de uma idéia com finalidade expressiva.
As figuras de linguagem são formas ou expressões que constituem o emprego de palavras em sentido conotativo. De acordo com Giacomozzi (1999, p.449 e 450): “conotação é o emprego das palavras no seu sentido figurado e é muito empregado na linguagem literária, na linguagem coloquial, nas propagandas, nas revistas, nos jornais”.
Ao contrário de que algumas pessoas pensam as figuras de linguagem não estão presentes apenas em textos literários, mas também no cotidiano. Servem exatamente para expressar aquilo que linguagem comum, falada, escrita e aceita por todos não consegue expressar satisfatoriamente.
Os participantes responderam ser o discurso indicado “discurso da afinidade”. Isso indica que ninguém confundiu o tipo de discurso sinalizado, entendendo assim, através da leitura a intencionalidade do autor no texto em questão.
A intencionalidade discursiva são interpretações explícitas ou implícitas existentes na linguagem dos interlocutores que participam de uma situação comunicativa. É o meio do qual as pessoas interagem entre si. Segundo Castilho (1989):

Um segemento de texto caracterizado semanticamente por preservar a propriedade de coerência temática da unidade maior, atendendo-se como arranjo temático secundário ao processo informativo de um subtema, e formalmente por se compor de um núcleo e duas margens.

O TEMPO DISCURSIVO E A CONSTITUIÇÃO ENUNCIATIVA DO GÊNERO

A maioria dos integrantes da equipe mostraram ter conhecimento a respeito da noção de tempo no gênero frase indicado, pois 75% respondeu o item “b” do questionário marcando a estrutura temporal: há uma temporalidade que indica prosperidade, perspectiva de futuro.Percebe-se isso pela própria conjugação dos verbos na frase em estudo: “Dorme com os anjos e sonha comigo, pode ser que um dia durmas comigo e sonhes com os anjos “, portanto indica uma esperança, uma perspectiva de que possa acontecer futuramente.
Os tempos verbais servem como base para a distinção entre dois tipos de atitude comunicativa: o “mundo comentado’ e o “mundo narrado”. A esse respeito explica Koch (2001, p.51):
No mundo comentado, o locutor responsabiliza-se, compromete-se com aquilo que enuncia, isto é, há uma adesão máxima do locutor ao seu enunciado, o que cria uma “tensão” entre os interlocutores que estão diretamente envolvidos no discurso; no mundo narrado, a atitude do locutor é distensa, “relaxada”: ele se distancia do seu discurso, não se compromete com relação ao dito: simplesmente relata fatos, sem interferência direta. São tempos do mundo comentado: O presente, futuro do presente, o pretérito perfeito composto; e pertencem ao mundo narrado, os pretéritos imperfeito, mais- que- perfeito, o perfeito e o futuro do pretérito.

Nesta citação, a autora mostra a importância dos tempos verbais para a distinção das atitudes comunicativas através do mundo comentado no qual o locutor se preocupa com aquilo que transmite por meio do enunciado e do mundo narrado no qual o locutor não se responsabiliza com aquilo que enuncia.
No caso do gênero “frase”, “Dorme com os anjos e sonha comigo, pode ser que um dia durmas comigo e sonhes com os anjos”, tem-se um mundo comentado, pois o locutor se preocupa com aquilo que enuncia, passando uma mensagem de perspectiva de futuro indicada pelos verbos no futuro do subjuntivo.
Os participantes revelaram não possuir um conhecimento prévio da estruturação do texto, pois apenas 50% dos entrevistados veio a reconhecer a estruturação do texto apresentado. Alguns estudiosos como L. Hjelmslev toma a palavra texto como sentido mais amplo e com ela designa um enunciado qualquer falado ou escrito, longo ou curto, velho ou novo. ”Pare” é um texto tanto o quanto o romance Iracema do autor José de Alencar, constitui uma classe analisável em gêneros divisíveis, por sua vez, em classes e assim por diante, até ignorar as possibilidades de divisão.
Os participantes revelaram que tanto um amontoado de frases, um enunciado comunicativo com poucas palavras ou um texto com cerca de três parágrafos vem a ser uma unidade lingüística com estruturas específicas. Segundo Soares (1978, p.168):

São textos, portanto, uma frase, um fragmento de um diálogo, um provérbio, um verso, uma estrofe, um poema, um romance, e até mesmo uma palavra-frase, ou seja, a chamada frase de situação ou frase anarticulada, como que se apresenta em expressões como “fogo”, ”silêncio”, citadas em contexto específico.

Visto que um enunciado comunicativo não é, pois, apenas enviar uma mensagem e fazer com que o leitor a receba e compreenda, mas sim que venha a crer ou fazer a que está sendo proposto pelo escritor.

O TEMPO GRAMATICAL DOS ENUNCIADOS E AS ETAPAS DO PLANEJAMENTO DE UMA REDAÇÃO

Os participantes dividiram-se quanto à resposta da questão sobre o verbo. Sendo que 50% dos participantes respondeu a letra “a”, e os outros 50% responderam a letra “d”. Analisando melhor o tempo e o modo dos verbos, podemos ver que o modo imperativo deriva das formas correspondentes do presente do indicativo, o presente do subjuntivo emprega-se para mostrar um fato presente; O futuro do presente do indicativo aponta um fato futuro em relação ao momento em que se fala; O imperfeito do subjuntivo é utilizado para indicar uma hipótese, uma condição e, o futuro do pretérito do indicativo usamos para assinalar um fato futuro em relação a outro fato passado.
No gênero “frase”: ”Dorme com os anjos e sonha comigo, pode ser que um dia durmas comigo e sonhes com os anjos”, os verbos se encontram no modo imperativo e presente do subjuntivo, pois indica respectivamente um pedido, uma solicitação gentil e uma perspectiva de futuro. Sobre o modo imperativo e o futuro do subjuntivo Campedelli e Sousa (2001, p.492) defina como: ”o modo imperativo pode indicar um pedido, uma ordem, uma súplica. O futuro do subjuntivo indica uma ocorrência que talvez suceda no futuro”.
Os participantes ao responderem a questão sobre as etapas do planejamento de uma redação tiveram um percentual de acerto em 75%. Sendo que analisando os elementos de uma redação como motivar e rascunhar são de grande importância, pois é um modo que irá dar origem a um texto sem erros; Retextualizar não faz parte da etapa de um planejamento de uma redação; organizar o texto é o aspecto do enunciado que resulta da escolha dos meios de expressão determinada pela natureza e as intenções do indivíduo que fala ou escreva; Descrever, revisar e editar é a obediência da norma da língua.
As etapas do planejamento de uma redação são: motivar, rascunhar, organizar, reescrever e editar o texto. Todas são etapas são de fundamental importância para que tenhamos um texto coerente, compreensível e de boa qualidade.
É através dos rascunhos que produzimos um bom texto, pois é por meio deles que fazemos a primeira versão do texto ao texto definitivo. Sobre os rascunhos Fuchs (2006) aput Del Ré (2006, p. 139) afirma que:

Através de seus riscos, rasuras e outros esboços abordados, que traduzem as hesitações e os arrependimentos do autor, os rascunhos oferecem um precioso testemunho sobre o próprio processo de produção do texto definitivo: através da atividade de reformulação, cujas versões sucessivas constituem tantas marcas, delineiam-se as operações constitutivas desta produção.

Fuchs nesta citação ressalta a importância dos rascunhos do autor para a elaboração de um texto, porque com eles percebemos os processos de produção do texto definido e com isso produzimos texto de qualidade.
A revisão é um meio pelo qual o autor pode detectar os seus próprios erros, os efeitos de incompreensão através da releitura do texto e com isso produzir um texto coerente. A respeito da revisão Del Ré (2006, p. 137) explica:

A revisão concerne à releitura (reconhecimento dos erros de ortografia, sintaxe, contradições, inexatidões; conformidade de texto produzido com o texto esperado), ao remanejamento (os últimos retoques) e à reescrita.

CONCLUSÃO

Este trabalho foi de suma importância para o nosso aprendizado em relação aos elementos contidos no gênero frasal em estudo, pois desenvolveu competências metalingüísticas, bem como a capacidade de interpretações de dados sobre o tema.
Ao longo da elaboração do presente artigo, encontramos muitas dificuldades com relação à fundamentação teórica, entretanto isso não impede aos acadêmicos que façam um levantamento do tema em questão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMPEDELLI, Samira Yousseff; SOUZA. Literatura, Produção de Textos e Gramática. 3º Ed., São Paulo: Saraiva 2000.

BAKHTIN,M.Estética da criação verbal. Traduzido por M. E.Galvão Gomes. São Paulo:Martins Fontes,1992.

DEL RÉ, Alessandra. A Aquisição da linguagem: uma abordagem psicolingüística.São Paulo: contexto,2006.

DUBOIS, Jean. Dicionário de Lingüística. São Paulo: Cultrix, 1973. p. 586.

GIACOMOZZI, Gilio. Estudos de Gramática / Gilio Giacomozzi, Gildete Valério, Claudia Redá Fenga. São Paulo: FTD, 1999.

KOCH, Ingedore Villaça. A Inter-Ação Pela Linguagem.6ª Ed.,São Paulo:Contexto,2001 .
PEREIRA, Rodrigo Acosta. Ensino de Produção Textual: Questões Teóricas e Didáticas 2007. Disponível em: http://www.letramagna.com/textual.pdf, acessado em 06/06/2008.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A Normalista como pretexto para explicar ações humanas

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO: LETRAS 4º PERÍODO
DISCIPLINA DE PRODUÇÃO DE TEXTO

ENSAIO CIENTÍFICO

A Normalista como pretexto para explicar ações humanas

Raimunda Kaciana de Jesus Gomes
Aluna do Curso de Letras da UVA

A literatura nem sempre tem encontrado espaço para explicar ações humanas. Nem sempre tem sido considerado como motivo para refletir sobre as atitudes que rodeiam a vida na sociedade. Certas ações dos personagens são influenciadas pelos costumes e, consequentemente, acabam mostrando toda pintura impiedosa da vida dos personagens, com todas as suas baixezas e podridões morais, fotos que merecem atenção.
Assim, certas ações dos personagens vêm acompanhadas de críticas pelo olhar da sociedade, apresentando reprovação para uns, gerando reflexões fundamentais para se pensar as atitudes destes, numa sociedade em que os homens são propensos ao mal e vítimas da ingratidão, de fingimentos, com seus vícios inconfessáveis. Onde a hipocrisia toma conta do ser humano, e este se torna vítima da sociedade: “Havia quem afirmasse que a campelinho não era mais moça, e falavam com risinho sem-vergonha” (A Normalista, p.31).
Em a Normalista, é observável, ainda, que a ação do meio influência nas ações dos personagens e, dessa forma, certos aspectos são explicitados pelo meio, o qual faz um paralelo entre as pessoas cultas e com princípios e a ignorância, sem conhecimentos e sem escrúpulos. De acordo com essa ótica, a sociedade ainda está muito ligada a valores morais e são através desses valores que muitos rótulos surgem, muitas pessoas são mal vistas ou excluídas da própria sociedade simplesmente por não corresponderem a uma determinada classe social ou terem menos condições. Dessa forma, acontece exclusão e, como conseqüência, as ações humanas passam a se definir a partir de um propósito que geralmente chega a ser a exclusão social: “Todo fenômeno é conseqüência de uma causa, e a causa é o costume do povo analfabeto” (A Normalista, p. 177).
Portanto, no âmbito que a vida na sociedade era compreendida aos poucos como ela é, com virtudes fingidas, onde o olhar severo está na posição social, notamos que a presença da crítica é bem marcante, seja pela busca de soluções ou simplesmente para evidenciar os defeitos, sempre há um ponto mais fraco que tende a declinar. A Normalista serve como modelo padrão para explicar ações humanas, como a ingratidão e a hipocrisia que reinam na sociedade na figura de alguns entes humanos.


BIBLIOGRAFIA

CAMINHA, Adolfo. A Normalista. Apresentação: Sânzio de Azevedo. ABC Fortaleza – 1999. 196p.
WIKIPÉDIA. Literatura Brasileira. www. característicasdeepoca.a normalista.Acesso em 12 de agosto de 2008.

A simplificação ortográfica pelo Acordo Luso-Brasileiro quanto à acentuação gráfica

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS
PRODUÇÃO DE TEXTOS



ENSAIO CIENTÍFICO
A simplificação ortográfica pelo Acordo Luso-Brasileiro quanto à acentuação gráfica

Maria de Jesus Ferreira Lima
Estudante do 4º.Período de Letras da UVA


A simplificação ortográfica beneficia países que falam Português, mas repercute em cada país individualmente. Esse pacto traz alterações que beneficiam povos de várias nações com a simplificação ortográfica, mas para o Brasil, individualmente, isso vai acarretar muita confusão.
A língua portuguesa, quanto à sua tonicidade, tem por maioria palavras paroxítonas que não são em geral acentuadas graficamente.
Com o último Acordo, o acento agudo não será mais usado nas palavras grafadas por ditongos abertos representados por "ei" e "oi" das paroxítonas, dado que existe por oscilação em muitos casos entre o fechamento e a abertura na sua articulação, dados do Acordo Ortográfico de 12 de Dezembro de 1990/lei n54, aprovada agora em 2008.
As palavras assembléia, idéia, baleia, apoio (do verbo apoiar) tal como apóio (substantivo) paranóico, heróico, dói, cujas grafias já bastante conhecidas, poderão inicialmente gerar constrangimentos já que são do domínio de todos.
Prescinde-se de acento circunflexo nas formas verbais paroxítonas que contem um tônico oral fechado em hiato, com a terminação em terceira pessoa do plural do presente do indicativo ou do conjuntivo conforme os casos: Crêem, dêem, vêem, lêem, prevêem.
Também se prescinde o acento circunflexo para assinalar a vogal tônica fechada com grafia em palavras paroxítonas, como: enjôo e flexões de enjoar, povôo e flexões de povoar, vôo e flexões de voar, dados do Acordo Ortográfico de 12 de dezembro de 1990 / Lei nº54.
Apesar dos diversos estudos que aconteceram entre os países envolvidos ainda existe insatisfação, pois se percebe que é necessária uma preparação maior, pois este Acordo pode ser precipitado o que gerará uma série de problemas e equívocos, já que não se tem um vocabulário oficial, além disso, serão impressos novos livros didáticos já com alteração, e isso demanda certo tempo, além da mudança de hábito dos estudantes e professores.
Por isso, por precaução faze-se necessário uma divulgação minuciosa nas entidades interessadas para que o Acordo ganhe solidificação e confiabilidade, em tempo hábil.
Conforme Câmara Cascudo a gramática normativa tem o seu lugar e não se anula de forma alguma, já que afirma:
Os livros são trocados por outros mais atualizados, o mercado do livro se movimenta. “Se a língua é variável no espaço e na hierarquia social, ou ainda no mesmo indivíduo, segundo a situação em que se vive, a gramática normativa pode escolher o seu campo de observação se ela tem em vista, indiretamente o ensino escolar, a escolha de certo modo predeterminado” (CASCUDO, 2003, p.16).
Portanto a sociedade levará um tempo, mas se adequará às mudanças da nova reforma percebendo que as mesmas fazem parte de uma necessidade de uma evolução da língua que é variável, bom seria se isso acontecesse de forma espontânea e não impositiva, porém o individuo desde o principio precisa de normas para seguir, tornando assim o Acordo favorável.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Acordo Ortográfico lei nº. 54 / 12/12/1990
Acordo Ortográfico Luso- Brasileiro 18/12/1971
CASCUDO, Câmara. Ortografia do Português. São Paulo: Contexto, 2003.

O Regionalismo na imagem do retirante em O Quinze de Rachel de Queiroz

Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA
Centro de Letras e Artes
Curso de Letras
Disciplina de Produção de Texto


Ensaio Científico

O Regionalismo na imagem do retirante em O Quinze de Rachel de Queiroz

Natália Rodrigues Sousa
Estudante do Curso de Letras da UVA.


O livro O Quinze de Rachel de Queiroz é um romance regionalista que retrata a seca de 1915 e a condição de vida dos retirantes em meio aos problemas e dificuldades por causa da estiagem. A região e os tipos humanos são retratados e sua condição de retirante estabelecida.
De acordo com a Wikipédia (2008), o regionalismo é um “movimento literário que põe o seu foco em determinada região do Brasil, visando retratá-la e também os tipos humanos, de maneira mais superficial ou mais profunda”. Dessa forma, o regionalismo é destinado a provocar a conscientização, tendo como lema criticar para denunciar uma questão social, a miséria provocada pela seca, gerando a emigração.
Em O Quinze, podemos perceber isso quando a autora mostra o problema da seca e as suas conseqüências, levando os personagens a saírem de sua terra em busca de melhores condições de vida, como é o caso de Chico Bento e sua família que durante a migração enfrentaram muitas dificuldades: “Depois, ficando só com Chico Bento atentou na miséria esquelética e esfarrapada do retirante: ─ Então, compadre, que foi isso? A velha largou você? ─ Ela não quis tratar do gado mode a seca, e mandou abrir as porteiras... E eu fiquei sem ter o que fazer. A morrer de fome, antes andando”. (O Quinze, 1996, p. 96).
A condição de vida dos retirantes não é boa e nem fácil, eles enfrentam muitos problemas, passam fome, mas não desistem de lutar por seus ideais, por melhores condições de vida. Os retirantes são pessoas simples, corajosas, sofredoras, como falam os seguintes versos de Daniel Fiúxa (2008): “Homem esquálido, sofrido, magro e caído. Nordestino, brasileiro, sedento e trabalhador. Sem posses, sem água, sem mágoa e esquecido. Taciturno, cabisbaixo, ensimesmado na dor. Rosto marcado pelo sofrimento no Sertão. Sem eira nem beira, precisa ir embora”.
Assim sendo, vale afirmar que o regionalismo mostra a realidade e os problemas de uma determinada região, ressaltando também a condição de vida dos retirantes, as suas dificuldades, os seus sofrimentos, as suas lutas em busca de melhores condições de sobrevivência. Na obra em estudo, pudemos notar isso, pois a autora retrata a questão da seca e as suas conseqüências, bem como a condição de vida dos retirantes. Portanto, o regionalismo visa nos conscientizar, tornar-nos críticos diante da realidade que circunda a vida dos personagens, movidos pela interferência das características regionais, dentre elas a vida de retirante.


Referências Bibliográficas

FIÚXA,Daniel. O retirante nordestino. www.casadobruxo.com.br/poesia/d/daniel14.htm. Acessado em 01/08/2008.

QUEIROZ,Rachel de.O Quinze. 59ª ed., São Paulo: Siciliano, 1996.

WIKIPÉDIA.Regionalismo.http://pt.wikipedia.org/wiki/Regionalismo_cr%C3%ADtico. Acessado em 01/08/2008.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

OS BENEFÍCIOS DA ESCRITA ESPONTÂNEA PARA O DESENVOLVIMENTO DA CAPACIDADE COMUNICATIVA E AFETIVA

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS
PRODUÇÃO DE TEXTO

ENSAIO CIENTÍFICO

OS BENEFÍCIOS DA ESCRITA ESPONTÂNEA PARA O DESENVOLVIMENTO DA CAPACIDADE COMUNICATIVA E AFETIVA

Alessandra Zelinda Sousa Bessa
Aluna do 4ºperíodo do curso de Letras-UVA

Escrever tem se tornado um processo metódico, cheio de regras, manuais e métodos que viraram rotina das técnicas sem motivação, faltando inspiração e personalismo. As pessoas precisam ver o ato de escrever não só como uma atividade obrigatória, mas também como um alívio de suas angústias, para proporcionar-lhes prazer.
É aquela história “Não se bebe, ri, proseia, fala alto nas novas redações”. O medo da escrita está dominando os escritores, pois vivemos na “Ditadura da gramática normativa”. A escrita é nada mais do que uma técnica de comunicação. Portanto, tentar escrever de maneira espontânea é essencial para conseguir o objetivo primeiro, que é dar uma opinião, desabafar sentimentos, criar uma história ou fazer um relato.É preciso haver naturalidade pra tornar a escrita prazerosa.
Os indivíduos acham que escrever está somente ligado a intelectualidade e acreditam que só quem escreve são intelectuais letrados. Isso faz parte da cultura que se possui. É necessário entender que escrever faz bem. A poesia nos livra de males, espanta a ociosidade, aguça a nossa curiosidade,ameniza a solidão,tristeza,ansiedade e angustia. Escrever é extremamente benéfico quando realizado sem pressão.
Como diz Paulo Coelho (2008), “Escreve, seja uma carta,um diário ou umas notas,enquanto falas ao telefone, mas escreve. Procura desnudar a tua alma por escrito, ainda que ninguém leia, ou, o que é pior que alguém acabe lendo o que não queira. O simples ato de escrever ajuda-nos a organizar o pensamento e a ver com mais clareza o que nos rodeia.Um papel e uma caneta fazem milagres, curam dores, consolidam sonhos levam e trazem a esperança perdida.As palavras tem poder”.
A manipulação da escrita pela gramática normativa está gerando trauma nos escreventes, precisamos de escritores e não de meros profissionais letrados, que escrevem sem amor, mais estritamente destinado a profissão. Não queremos escritores alienados, necessitamos de escritores apaixonados.A escola pode oferecer projetos de escrita informal e espontânea, com oficinas em horários fora da sala de aula.
É imprescindível que mudemos o hábito de criticar os erros dos alunos e substituí-los por uma maior motivação para a leitura e escrita espontânea, pois só se aprende escrevendo e lendo, além de ser altamente saudável. Os critérios usados pelos escritores para o exercício da escrita devem ser entendido como algo que desenvolva a sua capacidade comunicativa, e que não seja uma atividade de avaliação, teste de aprendizagem, ou um ato de punitivo. As pessoas são deferentes e isso envolve sua escrita , cada ser escreve de um jeito diferente,tem sua identidade e busca autonomia. Como explica Cavalcante (2001), “A escrita espontânea não se enquadra nos parâmetros do certo e do errado, mas sob o âmbito da consciência e dos valores subjetivos atribuídos ao texto lido. É muito mais um ‘Saber’ por que precisa manifestar algo do que um ‘Saber’ sobre o que o texto disse ou como devo escrever” Daí a flexibilidade da escrita espontânea.
Assim sendo, nossa preocupação fundamental é com o desenvolvimento da prática mais freqüente da escrita espontânea, pois este exercício é saudável, melhora o raciocínio, estimula a paciência, a disposição mental, a memorização, além de formar escritores autênticos, sem artífices, diminuindo o medo da rejeição no ato de escrever. Portanto, a liberdade no ato da escrita torna os produtores capazes de aumentar suas habilidades comunicativas, isolando a idéia de que a escrita metódica é a única capaz de fazer as pessoas escreverem bem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAVALCANTE JR,Francisco Silva. Por uma escola do sujeito :o método (com)texto de letramentos múltiplos. Fortaleza: Demócrito Rocha, 2001.
COELHO, Paulo. Escrever faz bem. http://www.escreverfazbempaulocoelho/. 2007. Acesso
em 18/09/2008.
MAY, Rollo. A coragem de criar. 15.ed .Rio de Janeiro:Nova Fronteira, .2002.