segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Estudo do Gênero Frase:Leitura

ESTUDO DO GÊNERO FRASE:LEITURA

*Francisco Fabrício Pinto Prado Parente
*Karollyna Jorge Martins
*Natália Rodrigues de Sousa
*Regina Madeira de Siqueira

RESUMO

Este artigo tem como principal objetivo analisar o gênero textual “frase”, destacando suas principais questões básicas, que venham a ser de suma importância, no momento de sua análise estrutural: como a linguagem com sua respectiva natureza, a composição, a temática, as figuras de linguagem, noção de tempo, dentre outras. Considerando a intencionalidade do autor dentro do tema abordado, vindo assim a destacar a noção de tempo e espaço. Os alunos que participaram do questionário apresentaram certo grau de conhecimento da análise do gênero, enfim sobre a produção textual.
Palavras-chave: Gênero, Linguagem e Tempo.

INTRODUÇÃO

Tomando por base a pesquisa qualitativa por se deter as respostas dos estudantes do 4° período do curso de Letras Plena da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA, como escolha a ser discutida através das respostas dos participantes da investigação,demonstrou que os dados foram obtidos por meio de um questionário que apresentava todas as questões de cunho fechado.
A partir desse pressuposto, podemos observar que o questionário foi estruturado para conhecer uma série de questões e situações em torno das experiências do estudante sobre interpretação de texto e reconhecimento do gênero textual .

METODOLOGIA DA PESQUISA

GRÁFICO DE MÚLTIPLAS COLUNAS COM O PERCENTUAL DAS RESPOSTAS



* Estudantes do Curso de Letras da Universidade Vale do Acaraú
DESCRIÇÃO DA PESQUISA E DO INSTRUMENTO DE COLATA DE DADOS

A pesquisa é qualitativa por se deter às respostas dos estudantes como escolhas a serem discutidas com falas ou discurso os participantes de investigação. É descritiva por apresentar uma análise das categorias do discurso via questionário. As pesquisas descritivas têm como objetivo principal a descrição das características de determinada população ou fenômeno (FIGUEIREDO, 2002). E PARA Triviños (1987) elas procuram descrever, com exatidão, os fatos e fenômenos de determinada realidade. Essas exigem do pesquisador uma série de informações sobre o que se deseja pesquisar, como, por exemplo, a população, a amostra, os objetivos do estudo, as hipóteses/pressupostos e as questões da pesquisa. E uma pesquisa de campo por acontecer num espaço geográfico da sala de aula.
Os sujeitos dessa pesquisa foram 18 estudantes dos 22 matriculados no Curso de Graduação em Letras da Universidade Estadual Vale do Acaraú- UVA. A delimitação do número dos sujeitos aconteceu prioritariamente, quando se observou que estava ocorrendo saturação dos dados informados. A saturação ocorre, quando se considera que o número pesquisado é suficiente para gerar informações não reincidentes (MINAYO, 1999). Se em vista dos objetivos propostos o pesquisador achar conveniente encerrar as entrevistas, deverá fazê-lo por entender que novas informações estarão acrescentando pouco significado à sua amostragem (TURATO, 2003).
A opção de entrevistar estudantes, da disciplina de Produção de Texto do quarto período do curso de Letras ocorreu por acreditar que estes tenham, ao longo do curso de graduação, alguns conhecimentos previstos que colaboram para a prática de produção de texto. Os dados foram obtidos por meio de um prévio que colaboram para a prática de produção de texto. Os dados foram obtidos por meio de um questionário estruturado. O questionário permite uma flexibilidade maior na exploração do conteúdo e no número de itens fornecidos, e não na flexibilidade de expressão do sujeito, embora possa trabalhar com um conjunto de questões e ou tópicos orientes e organizados previamente, não permite e nem encoraja que o entrevistado venha a abordar, de forma livre, os assuntos que vão emergindo com o desdobramento do tema principal, por a saturação de informações no desenvolver das questões já vão oferecendo essa progressão. O questionário, no seu sentido mais amplo, envolve um processo de comunicação verbal e, mais restritamente, representa a coleta de informações o que torna uma ferramenta largamente utilizada pelos pesquisadores.
No que se refere ao processo da pesquisa, nenhuma se posiciona de maneira completamente aberta. É necessário que se parta da elaboração de um roteiro, que se visa enumerar, de modo mais abrangente, as questões que o pesquisador pretende estudar no campo a partir de pressupostos, oriundos do objeto de investigação (MINAYO, 1999).
Cada grupo que é responsável por uma parte da pesquisa que os questionários fornecem, com as respostas individuais de cada participante, por meio de informações, demonstre no final um retrato da realidade do objeto pesquisado restrito e peculiar a sua experiência como professor. Portanto, quanto mais profundo é o questionário, mais rico é o material por ele produzido.
O questionário procurou conhecer uma série de questões e situações em torno das experiências do estudante sobre interpretação de texto e reconhecimento de gênero textual frase. Os estudantes se reuniram em grupo de quatro, responderam as questões, trocaram com os colegas do grupo vizinho, fizeram um gráfico, discutiram os resultados, buscaram informações teóricas e finalizaram o estudo. Essas questões envolvem suas percepções sobre conhecimentos desenvolvidos sobre texto em sala de aula sobre temáticas que se organizam por questão. Após o cálculo do percentual das respostas do questionário de 10 questões, cada uma delas constando de 4 itens (a,b,c,d), seguiram para a discussão das categorias. Cada questão ia desencadeando a discussão dos colaboradores da pesquisa. Foram elas:
1º Questão: Reconhecimento do gênero.
2º Questão: Tipo de linguagem usada no texto.
3º Questão: Aspectos sobre a formação ou composição do gênero.
4º Questão: Identificação da temática discursiva.
5º Questão: Análise da figura de linguagem predominante no texto.
6º Questão: A intenção principal do autor.
7º Questão: Percepção do tempo discursivo
8º Questão: A constituição paragráfica ou enunciativa do gênero estudado.
9º Questão: O tempo gramatical dos enunciados.
10º Questão: Identificar os elementos das etapas do planejamento de uma redação escolar.

O TIPO DE GÊNERO E DE LINGUAGEM NO TEXTO

Os participantes responderam ser o gênero indicado “o gênero frase”. Isso indica que, apesar de todos os textos serem construídos por poucos enunciados, ninguém confundiu a modalidade discursiva sinalizada. Alguns estudiosos dizem ser a estrutura formal o que indicaria a diferença entre as diversas modalidades de gêneros. Outros acreditam que é a função discursiva que vai determinar o tipo de gênero textual. Os participantes revelaram que tanto a estrutura como a função são indispensáveis para a diferenciação desses gêneros. Visto que o gênero frase usa a persuasão para a conquista. O gênero anúncio tem outra função, usa a persuasão uma visão mais mercadológica. O gênero bilhete pode ter ou não função persuasiva, quando tem direciona-se ao poder do saber valer a informação. Na verdade a função do bilhete é muito mias voltada para a segurança e o contato entre familiares ou parentes relacionados a algum motivo que diga sobre a convivência.
O gênero “frase” pode ser considerado um gênero primário, por que se instala como um ato da língua espontânea. Segundo Bakhtin (1992, pág. 281):

Os gêneros primários, ao se tornarem componentes dos gêneros secundários transformam-se dentro destes e adquirem uma característica particular: perdem sua relação imediata com a realidade existente e com a realidade dos enunciados alheios.

Nesta citação, o autor explica que o gênero primário pode aparecer como um enunciado no gênero secundário. Um texto falado como, por exemplo, um diálogo enamorativo pode ser considerado um gênero secundário, por ser constituído de muitos enunciados, acontece geralmente com textos escritos ou textos falados longos.
No caso do gênero “frase” “Dorme com os anjos e sonha comigo, pode ser que um dia durmas comigo e sonhes com os anjos” tem-se um gênero primário, um texto curto, com poucos enunciados, que pode aparecer dentro do outro texto mais longo, funcionando como uma espécie de desfecho de um texto falado, ou até mesmo escrito.
Os participantes apresentaram uma divergência entre eles. Mesmo o termo linguagem ter como principal características envolver sons e sinais de que pode servir-se o homem para transmitir suas idéias. Os mesmos não demonstraram conhecimento, sendo que a linguagem é de natureza injuntiva por possuir função de pedido, solicitação, ordem. Enquanto que a de natureza narrativa tem como função relatar um fato, narrar uma história. Já a de natureza descritivo se caracteriza por descrever o que se observa. É a representação, por meio das palavras, de um objeto ou imagem. E a de natureza argumentativa visa questionar, discutir sobre um determinado assunto.
No que confere a linguagem, os gêneros podem se constituir de seqüências do tipo descritivo narrativo, argumentativo ou conversacional. No gênero “frase” em estudo, a natureza da linguagem ou estilo se apresenta como uma solicitação gentil. A linguagem injutiva é mais expositiva do que propriamente narrativa ou argumentativa. Muitos estudiosos não incluem a injunção como um estilo de linguagem. No entanto, alguns lingüísticos da escrita do texto a incluem como uma tipologia, ou seja, como uma modalidade de estilo.
Adam (1991) aput Costa (2003, p.11) explica que:

A estrutura seqüencial de um texto se caracteriza por mostrar os liames de causas que ligam os enunciados entre si. A estrutura nos remete a conhecimentos próprios sobre o assunto, facilitando nossa compreensão.

A COMPOSIÇÃO E A TEMÁTICA DO GÊNERO

A composição do tipo introdução e enredo se aproximam mais de textos como notícia, narrativas curtas em geral, podendo até acontecer contexto do tipo carta, que não é o caso do gênero frase indicado, apesar de 25% dos participantes terem indicado esta resposta. 50% responderam o item “b” do questionário, assinalando a estrutura vocativa e informe. Apesar de ser muito comum nos anúncios curtos, e de aparecer no texto construções imperativas, indicando invocação, chamamento, pedido, não é essa a natureza da composição do texto. A estrutura tese e argumento é mais próprio de textos curtos e longos da imprensa ou acadêmico-científicos, essa linguagem não constitui este texto.
No que diz respeito à composição do gênero, afirma Pereira (2007, p.28):

Quanto à composicionalidade, entende-se como a forma de gênero no qual os enunciados são construídos nas diversas interações interpessoais. A composicionalidade alinhada ao estilo e tema dos enunciados estabilizados em gêneros resulta no reconhecimento de práticas tipificadas, tornando a interação compreensível aos interlocutores.

O autor nesta citação fala que na composição de um gênero os enunciados são construídos nas mais diversas interações interpessoais, sendo assim os próprios enunciados podem ter várias formas de composição de gênero.
No caso do gênero “frase” em estudo, a composição é do tipo construção desfecho, despedida, saudação: enunciado de chamada e enunciado de saída modesta, portanto envolve uma interação interpessoal, compreensível entre os interlocutores.
Os participantes demonstraram uma heterogenia de conhecimentos do tema, pois 50% deles apresentou como a temática da mensagem ser de natureza instrutiva onde podemos analisar a falta de conhecimento por parte dos participantes em relação ao tema abordado na pesquisa.
Segundo Bakhtin (1992, p.279 – 287) apud Queiroz (2002, p.01) define unidade temática como um dos elementos que constituem o gênero, segundo a autora “os gêneros possuem um plano composicional um conteúdo temático e um estilo”. Nesta citação, a autora explica que a tipologia da mensagem abordada não são textos, mas sim fragmentos do mesmo, uma mensagem de aspecto instrutivo, como por exemplo, uma bula de remédio, pode ser considerada como mensagem instrutiva por proporcionar ao leitor um conhecimento prévio da formulação do remédio com suas contra – indicações e recomendações de uso.
Michaelis (1998, p. 1162) conceitua o termo instigar como sendo um recurso que venha a “animar, estimular, excitar, introduzir. Nesta citação o autor explica que a temática para ser investigada precisa apresentar estímulo como explica a teoria behaviorista com sua abordagem comportamentalista que tem como base o condicionamento clássico de Paulov onde o mesmo estudo o processo digestivo dos animais e percebeu que todas as vezes que colocava o alimento na boca do animal ele salivava e assim provocava uma reação de estímulo e resposta o que não ocorre no texto trabalhado.

A FIGURA DE LINGUAGEM PREDOMINANTE NO TEXTO E A INTENÇÃO PRINCIPAL DO AUTOR

Nenhum dos participantes assinalou a questão correta que é paradoxo, figura de linguagem que consiste em idéias contraditórias. 75% responderam ser antítese que tem outra função, a aproximação de palavras que se opõem pelo sentido. 25% marcou comparação ou símile não podendo predominar no texto já que é uma espécie de metáfora que estabelece uma associação mais limitada de sentido. Já a hipérbole usa o exagero de uma idéia com finalidade expressiva.
As figuras de linguagem são formas ou expressões que constituem o emprego de palavras em sentido conotativo. De acordo com Giacomozzi (1999, p.449 e 450): “conotação é o emprego das palavras no seu sentido figurado e é muito empregado na linguagem literária, na linguagem coloquial, nas propagandas, nas revistas, nos jornais”.
Ao contrário de que algumas pessoas pensam as figuras de linguagem não estão presentes apenas em textos literários, mas também no cotidiano. Servem exatamente para expressar aquilo que linguagem comum, falada, escrita e aceita por todos não consegue expressar satisfatoriamente.
Os participantes responderam ser o discurso indicado “discurso da afinidade”. Isso indica que ninguém confundiu o tipo de discurso sinalizado, entendendo assim, através da leitura a intencionalidade do autor no texto em questão.
A intencionalidade discursiva são interpretações explícitas ou implícitas existentes na linguagem dos interlocutores que participam de uma situação comunicativa. É o meio do qual as pessoas interagem entre si. Segundo Castilho (1989):

Um segemento de texto caracterizado semanticamente por preservar a propriedade de coerência temática da unidade maior, atendendo-se como arranjo temático secundário ao processo informativo de um subtema, e formalmente por se compor de um núcleo e duas margens.

O TEMPO DISCURSIVO E A CONSTITUIÇÃO ENUNCIATIVA DO GÊNERO

A maioria dos integrantes da equipe mostraram ter conhecimento a respeito da noção de tempo no gênero frase indicado, pois 75% respondeu o item “b” do questionário marcando a estrutura temporal: há uma temporalidade que indica prosperidade, perspectiva de futuro.Percebe-se isso pela própria conjugação dos verbos na frase em estudo: “Dorme com os anjos e sonha comigo, pode ser que um dia durmas comigo e sonhes com os anjos “, portanto indica uma esperança, uma perspectiva de que possa acontecer futuramente.
Os tempos verbais servem como base para a distinção entre dois tipos de atitude comunicativa: o “mundo comentado’ e o “mundo narrado”. A esse respeito explica Koch (2001, p.51):
No mundo comentado, o locutor responsabiliza-se, compromete-se com aquilo que enuncia, isto é, há uma adesão máxima do locutor ao seu enunciado, o que cria uma “tensão” entre os interlocutores que estão diretamente envolvidos no discurso; no mundo narrado, a atitude do locutor é distensa, “relaxada”: ele se distancia do seu discurso, não se compromete com relação ao dito: simplesmente relata fatos, sem interferência direta. São tempos do mundo comentado: O presente, futuro do presente, o pretérito perfeito composto; e pertencem ao mundo narrado, os pretéritos imperfeito, mais- que- perfeito, o perfeito e o futuro do pretérito.

Nesta citação, a autora mostra a importância dos tempos verbais para a distinção das atitudes comunicativas através do mundo comentado no qual o locutor se preocupa com aquilo que transmite por meio do enunciado e do mundo narrado no qual o locutor não se responsabiliza com aquilo que enuncia.
No caso do gênero “frase”, “Dorme com os anjos e sonha comigo, pode ser que um dia durmas comigo e sonhes com os anjos”, tem-se um mundo comentado, pois o locutor se preocupa com aquilo que enuncia, passando uma mensagem de perspectiva de futuro indicada pelos verbos no futuro do subjuntivo.
Os participantes revelaram não possuir um conhecimento prévio da estruturação do texto, pois apenas 50% dos entrevistados veio a reconhecer a estruturação do texto apresentado. Alguns estudiosos como L. Hjelmslev toma a palavra texto como sentido mais amplo e com ela designa um enunciado qualquer falado ou escrito, longo ou curto, velho ou novo. ”Pare” é um texto tanto o quanto o romance Iracema do autor José de Alencar, constitui uma classe analisável em gêneros divisíveis, por sua vez, em classes e assim por diante, até ignorar as possibilidades de divisão.
Os participantes revelaram que tanto um amontoado de frases, um enunciado comunicativo com poucas palavras ou um texto com cerca de três parágrafos vem a ser uma unidade lingüística com estruturas específicas. Segundo Soares (1978, p.168):

São textos, portanto, uma frase, um fragmento de um diálogo, um provérbio, um verso, uma estrofe, um poema, um romance, e até mesmo uma palavra-frase, ou seja, a chamada frase de situação ou frase anarticulada, como que se apresenta em expressões como “fogo”, ”silêncio”, citadas em contexto específico.

Visto que um enunciado comunicativo não é, pois, apenas enviar uma mensagem e fazer com que o leitor a receba e compreenda, mas sim que venha a crer ou fazer a que está sendo proposto pelo escritor.

O TEMPO GRAMATICAL DOS ENUNCIADOS E AS ETAPAS DO PLANEJAMENTO DE UMA REDAÇÃO

Os participantes dividiram-se quanto à resposta da questão sobre o verbo. Sendo que 50% dos participantes respondeu a letra “a”, e os outros 50% responderam a letra “d”. Analisando melhor o tempo e o modo dos verbos, podemos ver que o modo imperativo deriva das formas correspondentes do presente do indicativo, o presente do subjuntivo emprega-se para mostrar um fato presente; O futuro do presente do indicativo aponta um fato futuro em relação ao momento em que se fala; O imperfeito do subjuntivo é utilizado para indicar uma hipótese, uma condição e, o futuro do pretérito do indicativo usamos para assinalar um fato futuro em relação a outro fato passado.
No gênero “frase”: ”Dorme com os anjos e sonha comigo, pode ser que um dia durmas comigo e sonhes com os anjos”, os verbos se encontram no modo imperativo e presente do subjuntivo, pois indica respectivamente um pedido, uma solicitação gentil e uma perspectiva de futuro. Sobre o modo imperativo e o futuro do subjuntivo Campedelli e Sousa (2001, p.492) defina como: ”o modo imperativo pode indicar um pedido, uma ordem, uma súplica. O futuro do subjuntivo indica uma ocorrência que talvez suceda no futuro”.
Os participantes ao responderem a questão sobre as etapas do planejamento de uma redação tiveram um percentual de acerto em 75%. Sendo que analisando os elementos de uma redação como motivar e rascunhar são de grande importância, pois é um modo que irá dar origem a um texto sem erros; Retextualizar não faz parte da etapa de um planejamento de uma redação; organizar o texto é o aspecto do enunciado que resulta da escolha dos meios de expressão determinada pela natureza e as intenções do indivíduo que fala ou escreva; Descrever, revisar e editar é a obediência da norma da língua.
As etapas do planejamento de uma redação são: motivar, rascunhar, organizar, reescrever e editar o texto. Todas são etapas são de fundamental importância para que tenhamos um texto coerente, compreensível e de boa qualidade.
É através dos rascunhos que produzimos um bom texto, pois é por meio deles que fazemos a primeira versão do texto ao texto definitivo. Sobre os rascunhos Fuchs (2006) aput Del Ré (2006, p. 139) afirma que:

Através de seus riscos, rasuras e outros esboços abordados, que traduzem as hesitações e os arrependimentos do autor, os rascunhos oferecem um precioso testemunho sobre o próprio processo de produção do texto definitivo: através da atividade de reformulação, cujas versões sucessivas constituem tantas marcas, delineiam-se as operações constitutivas desta produção.

Fuchs nesta citação ressalta a importância dos rascunhos do autor para a elaboração de um texto, porque com eles percebemos os processos de produção do texto definido e com isso produzimos texto de qualidade.
A revisão é um meio pelo qual o autor pode detectar os seus próprios erros, os efeitos de incompreensão através da releitura do texto e com isso produzir um texto coerente. A respeito da revisão Del Ré (2006, p. 137) explica:

A revisão concerne à releitura (reconhecimento dos erros de ortografia, sintaxe, contradições, inexatidões; conformidade de texto produzido com o texto esperado), ao remanejamento (os últimos retoques) e à reescrita.

CONCLUSÃO

Este trabalho foi de suma importância para o nosso aprendizado em relação aos elementos contidos no gênero frasal em estudo, pois desenvolveu competências metalingüísticas, bem como a capacidade de interpretações de dados sobre o tema.
Ao longo da elaboração do presente artigo, encontramos muitas dificuldades com relação à fundamentação teórica, entretanto isso não impede aos acadêmicos que façam um levantamento do tema em questão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMPEDELLI, Samira Yousseff; SOUZA. Literatura, Produção de Textos e Gramática. 3º Ed., São Paulo: Saraiva 2000.

BAKHTIN,M.Estética da criação verbal. Traduzido por M. E.Galvão Gomes. São Paulo:Martins Fontes,1992.

DEL RÉ, Alessandra. A Aquisição da linguagem: uma abordagem psicolingüística.São Paulo: contexto,2006.

DUBOIS, Jean. Dicionário de Lingüística. São Paulo: Cultrix, 1973. p. 586.

GIACOMOZZI, Gilio. Estudos de Gramática / Gilio Giacomozzi, Gildete Valério, Claudia Redá Fenga. São Paulo: FTD, 1999.

KOCH, Ingedore Villaça. A Inter-Ação Pela Linguagem.6ª Ed.,São Paulo:Contexto,2001 .
PEREIRA, Rodrigo Acosta. Ensino de Produção Textual: Questões Teóricas e Didáticas 2007. Disponível em: http://www.letramagna.com/textual.pdf, acessado em 06/06/2008.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A Normalista como pretexto para explicar ações humanas

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO: LETRAS 4º PERÍODO
DISCIPLINA DE PRODUÇÃO DE TEXTO

ENSAIO CIENTÍFICO

A Normalista como pretexto para explicar ações humanas

Raimunda Kaciana de Jesus Gomes
Aluna do Curso de Letras da UVA

A literatura nem sempre tem encontrado espaço para explicar ações humanas. Nem sempre tem sido considerado como motivo para refletir sobre as atitudes que rodeiam a vida na sociedade. Certas ações dos personagens são influenciadas pelos costumes e, consequentemente, acabam mostrando toda pintura impiedosa da vida dos personagens, com todas as suas baixezas e podridões morais, fotos que merecem atenção.
Assim, certas ações dos personagens vêm acompanhadas de críticas pelo olhar da sociedade, apresentando reprovação para uns, gerando reflexões fundamentais para se pensar as atitudes destes, numa sociedade em que os homens são propensos ao mal e vítimas da ingratidão, de fingimentos, com seus vícios inconfessáveis. Onde a hipocrisia toma conta do ser humano, e este se torna vítima da sociedade: “Havia quem afirmasse que a campelinho não era mais moça, e falavam com risinho sem-vergonha” (A Normalista, p.31).
Em a Normalista, é observável, ainda, que a ação do meio influência nas ações dos personagens e, dessa forma, certos aspectos são explicitados pelo meio, o qual faz um paralelo entre as pessoas cultas e com princípios e a ignorância, sem conhecimentos e sem escrúpulos. De acordo com essa ótica, a sociedade ainda está muito ligada a valores morais e são através desses valores que muitos rótulos surgem, muitas pessoas são mal vistas ou excluídas da própria sociedade simplesmente por não corresponderem a uma determinada classe social ou terem menos condições. Dessa forma, acontece exclusão e, como conseqüência, as ações humanas passam a se definir a partir de um propósito que geralmente chega a ser a exclusão social: “Todo fenômeno é conseqüência de uma causa, e a causa é o costume do povo analfabeto” (A Normalista, p. 177).
Portanto, no âmbito que a vida na sociedade era compreendida aos poucos como ela é, com virtudes fingidas, onde o olhar severo está na posição social, notamos que a presença da crítica é bem marcante, seja pela busca de soluções ou simplesmente para evidenciar os defeitos, sempre há um ponto mais fraco que tende a declinar. A Normalista serve como modelo padrão para explicar ações humanas, como a ingratidão e a hipocrisia que reinam na sociedade na figura de alguns entes humanos.


BIBLIOGRAFIA

CAMINHA, Adolfo. A Normalista. Apresentação: Sânzio de Azevedo. ABC Fortaleza – 1999. 196p.
WIKIPÉDIA. Literatura Brasileira. www. característicasdeepoca.a normalista.Acesso em 12 de agosto de 2008.

A simplificação ortográfica pelo Acordo Luso-Brasileiro quanto à acentuação gráfica

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS
PRODUÇÃO DE TEXTOS



ENSAIO CIENTÍFICO
A simplificação ortográfica pelo Acordo Luso-Brasileiro quanto à acentuação gráfica

Maria de Jesus Ferreira Lima
Estudante do 4º.Período de Letras da UVA


A simplificação ortográfica beneficia países que falam Português, mas repercute em cada país individualmente. Esse pacto traz alterações que beneficiam povos de várias nações com a simplificação ortográfica, mas para o Brasil, individualmente, isso vai acarretar muita confusão.
A língua portuguesa, quanto à sua tonicidade, tem por maioria palavras paroxítonas que não são em geral acentuadas graficamente.
Com o último Acordo, o acento agudo não será mais usado nas palavras grafadas por ditongos abertos representados por "ei" e "oi" das paroxítonas, dado que existe por oscilação em muitos casos entre o fechamento e a abertura na sua articulação, dados do Acordo Ortográfico de 12 de Dezembro de 1990/lei n54, aprovada agora em 2008.
As palavras assembléia, idéia, baleia, apoio (do verbo apoiar) tal como apóio (substantivo) paranóico, heróico, dói, cujas grafias já bastante conhecidas, poderão inicialmente gerar constrangimentos já que são do domínio de todos.
Prescinde-se de acento circunflexo nas formas verbais paroxítonas que contem um tônico oral fechado em hiato, com a terminação em terceira pessoa do plural do presente do indicativo ou do conjuntivo conforme os casos: Crêem, dêem, vêem, lêem, prevêem.
Também se prescinde o acento circunflexo para assinalar a vogal tônica fechada com grafia em palavras paroxítonas, como: enjôo e flexões de enjoar, povôo e flexões de povoar, vôo e flexões de voar, dados do Acordo Ortográfico de 12 de dezembro de 1990 / Lei nº54.
Apesar dos diversos estudos que aconteceram entre os países envolvidos ainda existe insatisfação, pois se percebe que é necessária uma preparação maior, pois este Acordo pode ser precipitado o que gerará uma série de problemas e equívocos, já que não se tem um vocabulário oficial, além disso, serão impressos novos livros didáticos já com alteração, e isso demanda certo tempo, além da mudança de hábito dos estudantes e professores.
Por isso, por precaução faze-se necessário uma divulgação minuciosa nas entidades interessadas para que o Acordo ganhe solidificação e confiabilidade, em tempo hábil.
Conforme Câmara Cascudo a gramática normativa tem o seu lugar e não se anula de forma alguma, já que afirma:
Os livros são trocados por outros mais atualizados, o mercado do livro se movimenta. “Se a língua é variável no espaço e na hierarquia social, ou ainda no mesmo indivíduo, segundo a situação em que se vive, a gramática normativa pode escolher o seu campo de observação se ela tem em vista, indiretamente o ensino escolar, a escolha de certo modo predeterminado” (CASCUDO, 2003, p.16).
Portanto a sociedade levará um tempo, mas se adequará às mudanças da nova reforma percebendo que as mesmas fazem parte de uma necessidade de uma evolução da língua que é variável, bom seria se isso acontecesse de forma espontânea e não impositiva, porém o individuo desde o principio precisa de normas para seguir, tornando assim o Acordo favorável.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Acordo Ortográfico lei nº. 54 / 12/12/1990
Acordo Ortográfico Luso- Brasileiro 18/12/1971
CASCUDO, Câmara. Ortografia do Português. São Paulo: Contexto, 2003.

O Regionalismo na imagem do retirante em O Quinze de Rachel de Queiroz

Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA
Centro de Letras e Artes
Curso de Letras
Disciplina de Produção de Texto


Ensaio Científico

O Regionalismo na imagem do retirante em O Quinze de Rachel de Queiroz

Natália Rodrigues Sousa
Estudante do Curso de Letras da UVA.


O livro O Quinze de Rachel de Queiroz é um romance regionalista que retrata a seca de 1915 e a condição de vida dos retirantes em meio aos problemas e dificuldades por causa da estiagem. A região e os tipos humanos são retratados e sua condição de retirante estabelecida.
De acordo com a Wikipédia (2008), o regionalismo é um “movimento literário que põe o seu foco em determinada região do Brasil, visando retratá-la e também os tipos humanos, de maneira mais superficial ou mais profunda”. Dessa forma, o regionalismo é destinado a provocar a conscientização, tendo como lema criticar para denunciar uma questão social, a miséria provocada pela seca, gerando a emigração.
Em O Quinze, podemos perceber isso quando a autora mostra o problema da seca e as suas conseqüências, levando os personagens a saírem de sua terra em busca de melhores condições de vida, como é o caso de Chico Bento e sua família que durante a migração enfrentaram muitas dificuldades: “Depois, ficando só com Chico Bento atentou na miséria esquelética e esfarrapada do retirante: ─ Então, compadre, que foi isso? A velha largou você? ─ Ela não quis tratar do gado mode a seca, e mandou abrir as porteiras... E eu fiquei sem ter o que fazer. A morrer de fome, antes andando”. (O Quinze, 1996, p. 96).
A condição de vida dos retirantes não é boa e nem fácil, eles enfrentam muitos problemas, passam fome, mas não desistem de lutar por seus ideais, por melhores condições de vida. Os retirantes são pessoas simples, corajosas, sofredoras, como falam os seguintes versos de Daniel Fiúxa (2008): “Homem esquálido, sofrido, magro e caído. Nordestino, brasileiro, sedento e trabalhador. Sem posses, sem água, sem mágoa e esquecido. Taciturno, cabisbaixo, ensimesmado na dor. Rosto marcado pelo sofrimento no Sertão. Sem eira nem beira, precisa ir embora”.
Assim sendo, vale afirmar que o regionalismo mostra a realidade e os problemas de uma determinada região, ressaltando também a condição de vida dos retirantes, as suas dificuldades, os seus sofrimentos, as suas lutas em busca de melhores condições de sobrevivência. Na obra em estudo, pudemos notar isso, pois a autora retrata a questão da seca e as suas conseqüências, bem como a condição de vida dos retirantes. Portanto, o regionalismo visa nos conscientizar, tornar-nos críticos diante da realidade que circunda a vida dos personagens, movidos pela interferência das características regionais, dentre elas a vida de retirante.


Referências Bibliográficas

FIÚXA,Daniel. O retirante nordestino. www.casadobruxo.com.br/poesia/d/daniel14.htm. Acessado em 01/08/2008.

QUEIROZ,Rachel de.O Quinze. 59ª ed., São Paulo: Siciliano, 1996.

WIKIPÉDIA.Regionalismo.http://pt.wikipedia.org/wiki/Regionalismo_cr%C3%ADtico. Acessado em 01/08/2008.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

OS BENEFÍCIOS DA ESCRITA ESPONTÂNEA PARA O DESENVOLVIMENTO DA CAPACIDADE COMUNICATIVA E AFETIVA

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS
PRODUÇÃO DE TEXTO

ENSAIO CIENTÍFICO

OS BENEFÍCIOS DA ESCRITA ESPONTÂNEA PARA O DESENVOLVIMENTO DA CAPACIDADE COMUNICATIVA E AFETIVA

Alessandra Zelinda Sousa Bessa
Aluna do 4ºperíodo do curso de Letras-UVA

Escrever tem se tornado um processo metódico, cheio de regras, manuais e métodos que viraram rotina das técnicas sem motivação, faltando inspiração e personalismo. As pessoas precisam ver o ato de escrever não só como uma atividade obrigatória, mas também como um alívio de suas angústias, para proporcionar-lhes prazer.
É aquela história “Não se bebe, ri, proseia, fala alto nas novas redações”. O medo da escrita está dominando os escritores, pois vivemos na “Ditadura da gramática normativa”. A escrita é nada mais do que uma técnica de comunicação. Portanto, tentar escrever de maneira espontânea é essencial para conseguir o objetivo primeiro, que é dar uma opinião, desabafar sentimentos, criar uma história ou fazer um relato.É preciso haver naturalidade pra tornar a escrita prazerosa.
Os indivíduos acham que escrever está somente ligado a intelectualidade e acreditam que só quem escreve são intelectuais letrados. Isso faz parte da cultura que se possui. É necessário entender que escrever faz bem. A poesia nos livra de males, espanta a ociosidade, aguça a nossa curiosidade,ameniza a solidão,tristeza,ansiedade e angustia. Escrever é extremamente benéfico quando realizado sem pressão.
Como diz Paulo Coelho (2008), “Escreve, seja uma carta,um diário ou umas notas,enquanto falas ao telefone, mas escreve. Procura desnudar a tua alma por escrito, ainda que ninguém leia, ou, o que é pior que alguém acabe lendo o que não queira. O simples ato de escrever ajuda-nos a organizar o pensamento e a ver com mais clareza o que nos rodeia.Um papel e uma caneta fazem milagres, curam dores, consolidam sonhos levam e trazem a esperança perdida.As palavras tem poder”.
A manipulação da escrita pela gramática normativa está gerando trauma nos escreventes, precisamos de escritores e não de meros profissionais letrados, que escrevem sem amor, mais estritamente destinado a profissão. Não queremos escritores alienados, necessitamos de escritores apaixonados.A escola pode oferecer projetos de escrita informal e espontânea, com oficinas em horários fora da sala de aula.
É imprescindível que mudemos o hábito de criticar os erros dos alunos e substituí-los por uma maior motivação para a leitura e escrita espontânea, pois só se aprende escrevendo e lendo, além de ser altamente saudável. Os critérios usados pelos escritores para o exercício da escrita devem ser entendido como algo que desenvolva a sua capacidade comunicativa, e que não seja uma atividade de avaliação, teste de aprendizagem, ou um ato de punitivo. As pessoas são deferentes e isso envolve sua escrita , cada ser escreve de um jeito diferente,tem sua identidade e busca autonomia. Como explica Cavalcante (2001), “A escrita espontânea não se enquadra nos parâmetros do certo e do errado, mas sob o âmbito da consciência e dos valores subjetivos atribuídos ao texto lido. É muito mais um ‘Saber’ por que precisa manifestar algo do que um ‘Saber’ sobre o que o texto disse ou como devo escrever” Daí a flexibilidade da escrita espontânea.
Assim sendo, nossa preocupação fundamental é com o desenvolvimento da prática mais freqüente da escrita espontânea, pois este exercício é saudável, melhora o raciocínio, estimula a paciência, a disposição mental, a memorização, além de formar escritores autênticos, sem artífices, diminuindo o medo da rejeição no ato de escrever. Portanto, a liberdade no ato da escrita torna os produtores capazes de aumentar suas habilidades comunicativas, isolando a idéia de que a escrita metódica é a única capaz de fazer as pessoas escreverem bem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAVALCANTE JR,Francisco Silva. Por uma escola do sujeito :o método (com)texto de letramentos múltiplos. Fortaleza: Demócrito Rocha, 2001.
COELHO, Paulo. Escrever faz bem. http://www.escreverfazbempaulocoelho/. 2007. Acesso
em 18/09/2008.
MAY, Rollo. A coragem de criar. 15.ed .Rio de Janeiro:Nova Fronteira, .2002.

O Uso dos Modalizadores na Construção da Persuasão em Textos Jornalísticos

UNIVERSIDADE VALE DO ACARAÚ – UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
PRODUÇÃO DE TEXTO

ENSAIO CIENTÍFICO

O Uso dos Modalizadores na Construção da Persuasão
em Textos Jornalísticos

Simone Paiva Feijão
Aluna do 4º período de Letras – UVA

A estrutura dos textos jornalísticos utiliza da construção de persuasão como recurso para atingir o leitor. O locutor, quando se apropria de um determinado discurso, não o faz de forma aleatória, ao contrario, ele busca as possibilidades que lhe parecem mais eficazes para convencer o interlocutor.
Existem duas classes gerais de modalidades: a) a modalidade de frase, ou seja, aquela necessária a constituição de uma frase enquanto enunciado interrogativo, exclamativo e imperativo; b) modalidade lógica, ou seja, aquela que expressa um julgamento do enunciador em relação ao que enuncia. (BUYSSENS, 1972).
Tanto no âmbito da lógica como no campo da Lingüística, em cuja junção dos dois encontram-se os modalizadores. O que caracteriza essencialmente o processo da modalização é o fator subjetivo.
A existência de modalizadores em um texto jornalístico é indispensável com a presença das palavras (com certeza, necessariamente, é preciso, acredito que, etc.), para sinalizar o modo de quem fala ou escreve frente ao que declara. Por exemplo: “Ford Ka. Certamente rápido, muito rápido”. (Superinteressante, julho de 2001). O estilo persuasivo é subjetivo, de ordem afetiva e avaliativa, manifestado pelo uso da palavra ou expressão tonalizadora de estilo e intenção.
Como um procedimento que resulta de exercícios da linguagem, cujo objetivo é formar atitudes, comportamentos, idéias. Desse modo, garantiu-se princípio democrático da circulação social do discurso, persuadir passa a ser uma instância legítima de convencimento, de afirmação de valores e de construção de consensos.
A persuasão é provavelmente a habilidade mais importante par um texto jornalístico. A presença dessa palavra em um texto tanto pode ser usada para realizações nobres, como para enganar as pessoas.
Independentemente do tema dos textos, a persuasão é necessária para engrandecer o discurso do autor. O uso das modalidades no emprego da persuasão não são nem boas nem más, o uso que se faz delas é que podem ser nobre e não tão nobre. O estilo persuasivo se submete às escolhas que o produtor faz no momento da produção do estilo de frase e das oscilações de mensagens, que se organizam para manifestar suas intenções, ou modos de se pronunciar para um público leitor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUYSSENS, E. 1972. Semiologia e Comunicação Lingüística. Trad. DeIzidoro Blikstein. São Paulo, Cultrix/EDUSP.
Discurso, subjetividade e modalização. Superinteressante, julho de 2001.


domingo, 21 de setembro de 2008

A Influência dos Contos de Fadas sobre o Leitor Infantil

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS
DISCIPLINA: PRODUÇÃO DE TEXTO

ENSAIO CIENTÍFICO


A Influência dos Contos de Fadas sobre o Leitor Infantil
Márcio Vasconcelos Diogo
Aluno do IV período de Letras-UVA.


O conto de fadas, assim como qualquer outro gênero da literatura infantil, deve ser trabalhado como um instrumento de construção dos primeiros passos da consciência crítica no público infantil. É preciso deixar de lado a concepção de que as narrativas infantis só servem, simplesmente, como leitura de recreação, sentir prazer. Na verdade, os contos podem atuar como viabilizadores do enriquecimento interior, do desenvolvimento intelectual e emocional das crianças, formando adultos maduros e com plena visão crítica de suas realidades.
Entre os diversos estudos que tratam da literatura infantil, observamos aqueles que são contrários ao nosso ponto de vista, quando afirmam que os contos de fadas trariam prejuízos à formação psicológica da criança. Compreendemos que de forma alguma as narrativas maravilhosas poderiam estar associadas a efeitos negativos. As histórias e lendas de fadas são elementos benéficos capazes de atuar satisfatoriamente no imaginário infantil e que devem ser utilizados como instrumento pedagógico.
As linhas de argumentos sustentadas por aqueles que se opõem aos contos é de que muitos aspectos de tais histórias, como a solução de problemas complexos por fenômenos mágicos, a personificação do bem e do mal em determinadas personagens e toda a tensão emocional trariam prejuízos de caráter emocional e ao convívio social das crianças. O que resultaria disso seriam adultos tomados por medos e insegurança.
Este discurso pessimista, no entanto, vê-se encurralado por algo que é próprio da arte, da literatura - onde se encontra a literatura infantil – e que já vem sendo discutido desde a Grécia Antiga: a “catársis’’. Segundo Samuel (1985) apud Coelho (1985, p.18): “O termo catársis é um termo técnico usado pela medicina do tempo de Aristóteles, significando purgação. Também era empregada na linguagem religiosa como sinônimo de expiação ou purificação. Analogicamente se usa em sentido psíquico, como processo pelo qual se purgam as paixões ou tensões da alma. (...) Quando a mimésis está inteiramente desabrochada há catársis, ela é a experiência, operada pela arte, de totalidade, no sentido subjetivo e objetivo.”
Ora, como vemos, os contos estão longe de ser interpretados como elementos nocivos. Pelo contrário, como Aristóteles defendia, põem fora o que é prejudicial.
O que propomos é a utilização dos contos de fadas como recurso de amadurecimento, de descobertas, de auto-conhecimento e evolução dos sentidos. Dessa forma queremos evitar a concepção da literatura infantil apenas como livrinhos muito coloridos usados na distração e prazer das crianças, e que podem vir a trazer danos á criança. É possível que, se não trabalhado adequadamente e sem a atuação de um mediador competente, os efeitos apresentados pelos contos de fadas não sejam positivos. É responsabilidade das escolas, professores e pais impedir que isto ocorra e que os resultados obtidos sejam apenas os satisfatórios. Os contos de fadas tornam possível a exploração e a interiorização do mundo de forma crítica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COELHO, Nelly Novaes. O conto de fadas. Revista Criança. Brasília: n. 38, p. 10-13, ? . 2005.
VIEIRA, Isabel Maria de Carvalho. O papel dos contos de fadas na construção do imaginário infantil. Revista Criança. Brasília: n. 38, p. 8-9,. 2005.
COELHO, Nelly Novaes. Panorama histórico da literatura infantil/ juvenil. 3 ed. São Paulo: Quiron, 1985. P. 18-19.

A FUNÇÃO SOCIAL DA LEITURA

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
DISCIPLINA: TEXTO E DISCURSO

ENSAIO CIENTÍFICO

A função social da leitura

Débora Braga Prado
Aluna do 4º período de Letras


A leitura é o ato ou efeito de ler. É um testemunho oral da palavra escrita de diversos idiomas, uma atividade básica na formação cultural da pessoa e um benefício à saúde mental. Através da leitura, o ser humano não só adquire o conhecimento, como também pode transformá-lo em um processo de aperfeiçoamento sucessivo.
O não acesso ao livro e a leitura a todas as classes sociais é uma imperfeição no processo de socialização do indivíduo, pois a possibilidade de interpretar o código escrito e de saborear a beleza das palavras é indispensável a dignidade humana em uma sociedade que favorece a escritura e se afasta da oralidade, sendo incontestável que a leitura do texto escrito constitui uma das conquistas da humanidade.
Segundo Silva (1985, p.22 – 23), “a leitura, se levada a efeito, crítica e reflexivamente, manifesta – se como um trabalho de combate a alienação (não – racionalidade), capaz de facilitar ao gênero humano a realização de sua plenitude (liberdade)”. Nesta perspectiva, a leitura caracteriza – se como uma atividade de conscientização e questionamento, sendo que a função social da leitura é facilitar ao homem a compreensão e assim emancipar – se dos dogmas que a sociedade lhe impõe, pois, isso é impossível pela reflexão critica e pelo questionamento proporcionado pela leitura. A sociedade para buscar a formação de um novo homem terá de se concentrar na infância para atingir seus objetivos.
Mesmo sendo mal compartilhada, admite–se que a leitura é um direito de todos. O analfabeto não sabe ler e nem escrever, o que o torna um iletrado funcional impossibilitado de ler e escrever o mínimo necessário à vida profissional, a socialização leitora.
Perrotti (1990, p.75) alerta sobre a urgência de apresentar a leitura como “atividade nobre e reconhecida pelo e no grupo social” para conferir à infância identidade sócio-cultural.
Letramento é o resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e de escrita. É o estado ou a condição que adquire um grupo social, ou um indivíduo, como conseqüência de ter se apropriado da escrita e de suas práticas sociais. Apropriar se da escrita entorná-la própria, ou seja, assumi-la como propriedade. Um indivíduo alfabetizado, não é necessariamente um indivíduo letrado, pois ser letrado implica em usar socialmente a leitura e a escritura e responder às demandas sociais de leitura e de escrita.
O papel da escola também é promover a função social da leitura. “O processo de aprendizagem na alfabetização de adultos está envolvida na prática de ler, de interpretar o que lêem, de escrever, de contar, de aumentar os conhecimentos que já têm e de conhecer o que ainda não conhecem, para melhor interpretar o que acontece na nossa realidade” (FREIRE, p. 48).
Contudo, a função social da leitura é possibilitar ao homem sua liberdade e sua formação e reflexão critica. E, através da cultura popular, o que se quer é a afetiva participação do povo como sujeito na construção do país. Quanto mais consciente o povo faça sua história, mais o povo perceberá, com lucidez, as dificuldades que têm a enfrentar, no domínio econômico, social e cultural, no processo permanente de sua libertação. Ler, então, é um processo de socialização do individuo reconhecida pelo e no grupo social.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Freire, Paulo. A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. 22 ed. São Paulo: Cortez, 1988.
PERROTTI, Edmir. Confinamento cultural, infância e leitura. São Paulo: Smmus, 1990.
SILVA, Ezequiel Theodoro. Leitura na escola e na biblioteca. Campinas: Papirus, 1985

COMO OS PROFESSORES ANALISAM A OBRA "O CORTIÇO"

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS
DISCIPLINA: PRODUÇÃO DE TEXTO


ENSAIO CIENTÍFICO

COMO OS PROFESSORES ANALISAM A OBRA “O CORTIÇO”

Regina Madeira de Siqueira
4° período – Letras /UVA

A obra “O cortiço” do autor Aluizio de Azevedo, quando adotada nas escolas, integra ao currículo, não como uma disciplina, mas como parte integrante da nossa literatura, inclusive multidisciplinar.
Por se tratar de um livro que baseia em heróis coletivos, mostra as condições de vida dos diferentes extratos sociais da pirâmide capitalista na cidade do Rio de Janeiro, em crescimento. Como podemos observar quando o autor nos narra: “É naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a esfervilhar a crescer, um mundo, uma coisa viva, uma geração que parecia brotar espontânea, ali mesma, daquele lameiro, e multiplicar- se como larvar no esterco.” Os livros didáticos adotados pela instituição de ensino freqüentemente seguem uma linha de ensino que baseia em trabalhar inicialmente com a leitura de um fragmento da obra, na qual, aborda comentários referentes o enredo acima mencionado, analisando o momento histórico, explorando a biografia do autor.
Eles utilizam como metodologia de ensino recursos que, muitas vezes, não vêm a buscar, em seus alunos, a motivação necessária para obter o aprendizado desejado, por suas aulas serem apenas desenvolvida através da leitura e resolução de atividades contidas no livro didático.
É necessário desenvolver atividades que levem os discentes a uma reflexão do mundo que o cerca, partindo da obra como “O cortiço”, utilizando recursos para que o professor busque a melhor forma empregá – los na disciplina (Literatura) realizando assim a imprescindível interação entre a leitura com o mundo em sua volta.
Muito tem sido escrito sobre a importância de desenvolver – se aulas menos mecanizadas, mas o que podemos observar é que há poucos que adotam este tipo de metodologia de ensino diversificado. A nossa proposta parte da avaliação das metodologias adotadas pelo professor para que haja um conhecimento do conteúdo abordado, utilizando como material de pesquisa o livro “O cortiço” em que analisaremos o contexto de mudanças e evoluções ocorridas na sociedade que beneficiam o desenvolvimento da aplicação do enredo. A escola não pode deixar de incorporar as novas transformações intervindas para sistematizara interação de todos os recursos pedagógicos e utilizando que melhor tem a oferecer. Recursos estes como a interação, o leitor, a obra, o contexto, o estilo e as condições de leitura.
Muitos acreditam que o ensino baseado em uma metodologia diversificada (apresentações, filmes, etc.) venha a favorecer um melhor aprendizado o que não vem sendo alcançado pelo sistema de ensino como nos mostra dados do IDEBE (Índice de Desenvolvimento Básico da Educação). Conforme Libâneo (1994, p. 165) “Cada disciplina exige também seu material específico como ilustrações e gravuras, filmes discos e fitas, livros, enciclopédias, dicionários, revistas, álbum seriado, cartazes e gráficos. Alguns autores classificam ainda, como meios de ensino, manuais e livros didáticos; rádio, cinema, televisão; recursos naturais (objetos e fenômenos da natureza); recursos da localidade (biblioteca, museu, indústria); excursões escolares; modelos de objetos e situações (amostras, aquário, dramatizações”.
As chances de mudar apenas por possuir livros didáticos bem estruturados nas escolas é quase nula. O que está em foco, e precisa ser entendido, é como os educandos aplicam suas metodologias em sala de aula. Em um bom número de escolas, o aprendizado das disciplinas como português, matemática ou de qualquer outro componente curricular é considerado primordial, ficando esquecidas as obras de escritores renomados como Aluízio de Azevedo, Rachel de Queiroz, dentre outros, por possuírem uma linguagem elevada e de difícil compreender por parte da maioria dos discentes e a falta de tempo para proporcionar um estudo aprofundado dessas obras. O marketing realizado em torno do ensino, utilizando métodos que venham a ativar as forças mentais dos alunos para assimilação do conteúdo de língua portuguesa, e para isso é necessário o apoio de material, que não seja só o giz, o quadro – negro ou exercícios considerados mecanizados.
As obras literárias, computadores ou qualquer outro material didático que usamos, são apenas e não tão somente um meio para que haja um aprendizado de qualidade. Libâneo (1994, p.160) explica que: “Os meios de ensino são considerados em estreita relação com os métodos de aprendizagem. Os métodos de ensino resultam seu critério de classificação da relação existente entre ensino e aprendizagem, concretizada pelas atividades do professor e alunos no processo de ensino”. Estas obras não podem ser apenas um meio utilizado como passatempo, mas um componente curricular que venha a contribuir para o desenvolvimento crítico de seus alunos.
Quando utilizado desta maneira nos estabelecimentos de ensino, ou seja, a obra literária a serviço de um projeto educacional, propicia condições aos alunos de um melhor entendimento do mundo a sua volta. Em decorrência dessas situações, exigimos que os educadores passassem por treinamentos periódicos para dominar com segurança esses métodos auxiliares de ensino, levando os professores a conhecer e aprendera utilizá – los como recursos didáticos.
Assim sendo, nossa preocupação fundamental é com o desenvolvimento de valores, utilizando como material de apoio as obras literárias, tendo como concepção que a educação é elemento formador de indivíduos capazes de modificar o mundo a sua volta. Cabendo ao professor a responsabilidade de intregrá – lo a suas aulas de forma diversificada e criativa. A nossa proposta para o uso destas obras encontra – se na necessidade de formarmos leitores de consciência crítica social. As escolas não podem deixar de incorporar este meio, intervindo para sistematizar a integração de todos os recursos pedagógicos utilizando o que tem de melhor a oferecer.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. Rio de Janeiro: Ed. Tenoprint Ltd, (s.d).
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa LIBÂNEO, J. C. Didática .São Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura), (s.d);

A INCORPORAÇÃO DE VALORES MORAIS EM BRÁS CUBAS (UM HOMEM QUE NADA REALIZOU):BOEMIA.

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS
PRODUÇÃO DE TEXTO

ENSAIO CIENTÍFICO

A INCORPORAÇÃO DE VALORES MORAIS EM BRÁS CUBAS (UM HOMEM QUE NADA REALIZOU): BOEMIA.

Equésia Teixeira de Lima
Aluna do curso de Letras da UVA

O termo boemia traz consigo, de imediato, a idéia de dissolução, de irresponsabilidade, de vícios, de noites de embriaguez e, por conseqüência, dias de ócio, para curar a ressaca. Durante muito tempo, essa expressão foi utilizada para falar de indivíduos que não eram, digamos, “muito responsáveis”. Pessoas sem regra ou disciplina, incapazes de parar em qualquer emprego ou de constituir e sustentar uma família. Brás Cubas incorporou essa maneira de viver, assimilou esses valores.
“Memórias Póstumas de Brás Cubas” é o primeiro romance realista, iniciando a segunda fase, a da maturidade, de Machado de Assis. Relata a história de um homem rico, Brás Cubas, de uma duvidosa descendência nobre, um tanto forjada pelos ascendentes que passa pelo mundo de maneira superficial, despreocupada e egoísta.
Muitos fatores contribuíram para que Brás Cubas tivesse uma vida boêmia: Nasce rico e é mimado pelo pai, tem uma mãe que não parece muito forte, um tio (João) que aparece como um devasso e outros parentes que, de uma ou outra maneira, influenciam na formação moral do menino terrível que ele foi.
Podemos ver no Trecho seguinte um exemplo de como ele era mimado pelo pai: “Da colaboração dessas duas criaturas nasceu a minha educação, que se tinha alguma coisa boa, era no geral viciosa, incompleta, e, em partes, negativa. Meu tio cônego fazia às vezes alguns reparos ao irmão; dizia-lhe que ele me dava muita liberdade do que ensino, e mais afeição do que emenda; mas meu pai respondia que aplicava na minha educação um sistema inteiramente superior ao sistema usado; e por esse modo, sem confundir o irmão, iludia-se a si próprio” (ASSIS, 2007, p.36).
Brás Cubas, classificado pelas críticas como o grande hipócrita da Literatura Brasileira, é um sujeito sem motivos e muito contraditório, sempre rondando a periferia do poder. Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o personagem foi uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem. Sua conduta fica explícita quando descreve sua formação universitária na Europa: “Não digo que a universidade me não tivesse ensinado alguma; mas eu decorei-lhe só as fórmulas, o vocabulário, o esqueleto. Tratei-a como tratei o latim – embolsei três versos de Virgílio, dois de Horácio, uma dúzia de locuções morais e política para as despesas da conversação. Tratei-os como tratei a história a jurisprudência. Colhi de todas as coisas a fraseologia, a casca, a ornamentação(...)” (ASSIS, 2007).
Brás Cubas chega a deputado, perde a chance de ser ministro e passa para a oposição. Pouco a pouco vê parentes, amigos e conhecidos enlouquecer, morrer, desaparecer. No final da vida quer inventar um emplastro, que aliviaria a melancólica humanidade, curando todos seus males. É a primeira e ultima tentativa de deixar sua marca no mundo, de redimir-se de uma vida vazia e sem propósito. “O que me influiu principalmente foi o gosto de ver impressas nos jornais, mostradores, folhetos, esquinas, e enfim nas caixinhas de remédio, estas três palavras: Emplastro Brás Cubas” (ASSIS, 2007, p. 19). Mas ele não alcança seu objetivo, morrendo aos sessenta e quatro anos, depois de rever sua antiga amante, sozinho, sem deixar filhos e sem encontrar seu lugar no mundo.
Esta obra nos passa a lição de que um jovem bem nascido, com um pai rico, pode facilmente ser levado a condutas levianas de dissipação de dinheiro familiar, e criar uma série de comportamentos impulsivos, próprios da juventude, que o conduzem a conduta pessoal e social de dissipação dos recursos paternos, comprando com os mesmos favores carnais de uma mulher que se entrega fácil de maneira pulsional, aos amantes que lhe proporcionem a posse de jóias e de uma vida fácil.
Assistimos um espetáculo de puro egoísmo. Brás cubas é um ser humano egoísta, que usa sua inteligência para alcançar seus objetivos vazios e mudanos. Em vários momentos somos surpreendidos pela sua ação egoísta, e despreocupada com o sofrimento humano. Quando encontra seu amigo Quincas Borba, que estava mendigando na rua, escolhe a nota de menor valor e mais suja. Corrompe, conscientemente, Dona Plácida, dando-lhe o dinheiro que encontrou na rua, e sem remorsos, escondeu até achar um fim para as notas, cinicamente duvida dos sentimentos de Virgília, principalmente quando ela chora a morte do marido.
A morte o surpreende quando tentava inventar o emplastro, algo maravilhoso, que o deixaria famoso e mais rico. Algo que justificaria sua passagem pela Terra. Ele encerra seu relato de maneira melancólica: “Não alcancei a celebridade do emplastro, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de Dona Plácida, nem a semidemência de Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sombra, e consequentemente que sai quite com a vida. E imaginaria mal; porque ao chegar a esse outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas. Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria” (ASSIS, 2007, p. 194).
Termina assim a história, encerrasse assim o romance. Resta uma sensação de desalento perante um homem que, ainda depois da morte, ou talvez por isso, não encontra na humanidade motivos para acreditar na vida. A vida de Brás Cubas teve o falso brilho que a riqueza pode dar, mas foi inútil desde o ponto de vista humano. Passou como um meteriorito, brilhando por um instante e perdendo-se no espaço infinito. Não deixou marcas, não semeou, todas as possibilidades que nasceram com ele, morreram e foram enterradas no mesmo caixão que viu seus ossos apodrecerem.
Ao usar a metalinguagem, Machado convida o leitor a refletir sobre a estrutura da obra e perceber dois níveis de leitura: a que revela diretamente o personagem e o que faz o objeto de crítica do autor.
Machado de Assis foi o mais ousado dos escritores brasileiros anteriores ao Modernismo (1922) na experimentação de novas formas de expressão. Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, mostra sua desconfiança da articulação perfeita entre o texto e a realidade e procura adequar a forma ao conteúdo. A exemplo, para traduzir a frustração de Brás Cubas, quando não consegue se tornar ministro, a solução do autor foi deixar o capítulo 139 em branco. No capítulo seguinte, explica: “Há coisas que melhor se dizem calado; tal é a maneira do capítulo anterior” (ASSIS, 2007, p. 177). A vida de Brás Cubas movida pela boemia determina o falso brilho da riqueza, a inútil maneira de viver e desencadear outras atitudes como, por exemplo, personalidade estupidamente constituída de preceitos duvidosos.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSIS, Machado. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo, Martin Claret, 2007.

PESQUISA EM LITERATURA. www.planetanews.com/news. Acesso em 18.09.2008.

A Linguagem na Educação em Busca da Autonomia no Aprendizado do aluno

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ - UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS
DISCIPLINA: PRODUÇÃO DE TEXTO

Ensaio Científico

A Linguagem na Educação em Busca da Autonomia no Aprendizado do Aluno

Karollyna Jorge Martins
4° Período de Letras da UVA

A linguagem é compreendida como um sistema de representação, isto é, é um dos meios pelos quais pensamentos, idéias e sentimentos, que são do sujeito, são representados em um a cultura. A linguagem é o meio pelo qual o aluno adquire sua autonomia comunicativa e deve resultar do processo de ensino-aprendizagem. A funcionalidade da linguagem nem sempre tem levado o aluno a adquirir autonomia comunicativa no processo de ensino-aprendizagem na busca de uma educação funcional.
Na maioria das vezes é através da linguagem que o aluno adquire o senso crítico e reflexivo para mudanças na educação e na sociedade, compreendendo assim, educação num sentido amplo, dentro e fora da escola. O processo de ensino-aprendizagem deve ser o caminho para a aquisição dessa autonomia comunicativa.
Nesse sentido a linguagem é vista como o elemento de reflexão do indivíduo consigo, com o outro e com a sociedade. Segundo Scholze (2002, p.118) “essa capacidade de reflexão pela linguagem produz conhecimento e, com ele, produz poder”. Ou seja, a educação sempre foi e sempre será o instrumento mais poderoso, prático e seguro de se fazer democracia.
Se compreendermos a autonomia dentro de uma concepção pedagógica mais moderna, baseada na psicologia genética, podemos entender a educação como a vivência de experiências múltiplas e variadas, tendo em vista o desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo e social do educando. Nessa abordagem, o aluno é um ser ativo e dinâmico, que participa da construção do seu próprio conhecimento.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 94) “a autonomia fala de uma relação emancipada, íntegra com as diferentes dimensões da vida, o que envolve aspectos intelectuais, morais, afetivos e sociopolíticos”. Ainda que na escola se destaque a autonomia na relação com o conhecimento, ela não ocorre sem o desenvolvimento da autonomia moral e emocional que envolve segurança e sensibilidade.
Entendemos então, que é por meio da linguagem que os alunos conseguem determinar o poder de pensar e conhecer a realidade, tornando-se assim, autônomos na sua própria aprendizagem. É através da educação que conseguiremos habitar esse mundo da linguagem, e permitir aos alunos o pensamento livre, dando-lhes as condições necessárias para o pensamento crítico. A linguagem na educação funcional por meio de experiências variadas, desenvolve a autonomia do aluno no processo ensino-aprendizagem.

Referências Bibliográficas
Scholze, Lia. Pela não-pedagogização da leitura e da escrita. São Paulo, 2007.
Parâmetros curriculares nacionais: Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais / Brasília. Secretaria de Educação Fundamental, 1997.

A Legislação Educacional no Favorecimento à Criança Especial

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
DISCIPLINA: PRODUÇÃO DE TEXTO


ENSAIO CIENTÍFICO

A Legislação Educacional no Favorecimento à Criança Especial
Sueli de Lima Silva
Aluna do curso de Letras da UVA

As crianças especiais não têm recebido da escola o apoio garantido pela legislação educacional. Crianças com necessidades especiais são aquelas que, por alguma espécie de limitação requerem certas modificações ou adaptações no programa educacional, a fim de que possam atingir seu potencial máximo. Essas limitações podem decorrer de problemas visuais, auditivos, mentais ou motores, bem como de condições ambientais desfavoráveis
Criança especial é termo muito genérico, que abrange as mais diferentes síndromes infantis. Todas as crianças são muito especiais, mas algumas precisam de um apoio, de um olhar, de uma atenção especial, de um acompanhamento e acima de tudo muito carinho.
A criança portadora de necessidades especiais, além do direito, tem a necessidade de cursar uma escola normal, de ser tratada com muito carinho e respeito por todos nós, isso é o que diz o artigo 4º, Inciso III da LDB“Atendimento educacional especializado gratuito aos educando com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino”. Segundo Mazzotta (1992):“A finalidade da Educação Especial é oferecer atendimento especializado aos educandos portadores de deficiência,respeitando as necessidades e diferenças de cada criança, com o objetivo de proporcionar o desenvolvimento global desses alunos, em seus aspectos:cognitivo, afetivos, psicomotor,lingüístico e social, tornando possível não só o reconhecimento de suas potencialidades como sua integração na sociedade (p.102)”.
Portanto, o direito à Educação Especial segundo Fonseca (1987),” trata-se de um aspecto de justiça e não de privilégio”. Assim, aos educados, portador de necessidades especiais deverá ser resgatado o direito e acesso a uma escola que, ao pretender ser democrática, deverá garantir um ensino de qualidade para todos independentes de suas diferenças.
Em relação aos serviços de apoio para auxiliar na educação dos especiais a legislação da LBD nº 1 do artigo 58, diz que “haverá, quando necessário serviço de apoio especializado , na escola regular, para atender ás peculiaridades da clientela de educação especial”. É de plena importância para o Estado trabalhar uma educação para todos, em que todos possam desenvolver capacidade de aprender e conhecer normalmente, sem empecilhos, Assim, para alguns, ela deve se desenvolver de forma especial, para atender às diferenças individuais dos alunos, através da diversificação dos serviçoseducacionais. A educação consiste em um trabalho que visa desenvolver as oportunidades para que cada um venha a ser uma pessoa em toda a sua plenitude, apoiando-se nos recursos da pessoa, mediante a consideração de suas necessidades e fraquezas. Vigotsky sempre defendeu a inclusão do aluno especial na escola, criticava as instituições que isolava essa criança, pois acreditava no papel da escola no processo de desenvolvimento desse individuo. “O aprendizado é uma das principais fontes da criança em idade escolar, e é também uma poderosa força que direciona o seu desenvolvimento, determinando o destino de todo o seu desenvolvimento mental. (Vygotsky apud Monteiro, 1989, p.74).
Toda criança especial precisa de atenção, ser livre para soltar sua imaginação, precisa que seus direitos sejam garantidos e respeitados, e principalmente amados e valorizados. Não devendo discriminá-lo e sim estimular a desenvolver suas potencialidades, para que possa integrar-se à sociedade e inserir-se no mercado de trabalho de acordo com suas aptidões. Mas para que isto aconteça, é necessário que a sociedade esteja consciente para que haja um processo de inclusão.


Referências Bibliográficas

1- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-LDB. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Artigo : 4º ,Inciso III.
2- MAZZOTTA, Marcos José da Silveira. Fundamentos de Educação Especial. São Paulo: Pioneira, 1992.
3- MAZZOTTA, Marcos José da Silveira. Educação Especial no Brasil: Historia e Políticas Públicas. São Paulo: Cortez, 1992.
4- FONSENCA, Vitor da. Educação Especial. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.


Dialogismo no Discurso de Fabiano em Vidas Secas:Autonomia e Obediência.

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS
DISCIPLINA: PRODUÇÃO DE TEXTO

Ensaio Científico

Dialogismo no Discurso de Fabiano em Vidas Secas:
Autonomia e Obediência

Francisco Fabrício Pinto
Aluno do curso de letras da Uva

O diaslogismo nem sempre tem encontrado espaço nos estudos da narrativa literária. Muitas análises ainda se destacam sob o monologismo. O dialogismo precisa tomar mais espaço na analise dos textos literários. A análise do discurso de Fabiano será sobre a ótica do dialogismo, ou seja, Fabiano mesmo fazendo parte de uma sociedade desumana, ele não pode se deixa levar por estruturas sociais ao qual era submisso.
A Interlocução, durante muito tempo, não fez parte dos estudos sobre analises do conteúdo dos textos literários. A análise geralmente era direcionado para estruturas dos elementos que compunham a narrativa, e o conteúdo era a análise desses elementos, marcando o monologismo na leitura. O Monologismo, segundo Bakhtin, “É uma visão que está difundida em todos os meios de comunicação.”
Bakhtin Apud Cama (2008) Explica que dialogismo “É uma subjetividade que é constituída pelo conjunto de relações de que participa o sujeito. Para Bakhtin, o sujeito não é submisso às estruturas sociais, nem é uma subjetividade autônoma em relação à sociedade.”
Fabiano, um personagem de vidas secas, por achar-se analfabeto, entra em contradição em relação aos seus sentimentos, pois quando sofre abuso por parte das autoridades fica no seu interior o desejo de reagir contra o soldado amarelo, mas no seu exterior cala-se como um ser obediente. Como afirma Graciliano Ramos em Vidas secas (1960,p.32): “Ora o soldado Amarelo...sim, havia um amarelo, criatura desgraçada que ele, Fabiano, desmancharia com um tabefe. Não tinha desmanchado por causa dos homens que mandavam. “Quando ele usava a voz baixa para xingar o soldado amarelo, usava o discurso da autonomia.
A submissão também era sofrida por parte de seu patrão, sendo que trabalhava a frio na busca de agradá-lo e este quando chegava a fazenda desagradava a Fabiano, como explicava Graciliano Ramos em vidas secas (1960,p.23): “O patrã
o atual, por exemplo, berrava sem precisão. Quase nunca vinha à fazenda, só botava os pés para achar tudo ruim. O gado aumentava, o serviço e a bem, mas o proprietário descompunha o vaqueiro. Natural. Descompunha porque podia descompor, e Fabiano ouvia as descompostura com o chapéu de couro debaixo do braço desculpava-se e prometia emendar-se. Mentalmente jurava não emendar nada por que estava tudo em ordem, e o amo só queria mostra autoridade, gritar que era dono”.
Uma maneira que Fabiano Poderia se opor a toda essa submissão por parte do saldado e do patrão era acalmar-se e tentar de uma maneira simples e do seu jeito explicar todos os seus sentimentos, tentar provar para o patrão que estava tudo bem na fazenda e não questionar frente ao soldado o porquê da injusta prisão. Para isso, para não se zangar o soldado amarelo, em voz alta, obedecia, cumpria as ordens, usava o discurso da submissão.
Toda essa submissão, pela qual Fabiano sofria, está relacionada a todos um contexto ao qual a realidade do sertanejo traz, que é a desigualdade social, a submissão que os pobres sofrem em relação aos Ricos. Os abusos de autoridades, pelo fato de estarem vestindo uma farda, acham-se no direito de mandar sobre todos os cidadãos. Fabiano é um personagem característico do dialogismo discursivo, quando resmunga em voz baixa usa o discurso da autonomia e xingar o patrão, o soldado amarelo. Quando usa a voz alta, apenas obedece, aceita passivamente, submete-se às ordens, é obediente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 6° ED. São Paulo, 1960.
CAMA, Rodrigo S. Introdução ao pensamento de Bakhtin. www.rodrigoscama.com.br. (2008). Acessado Em 05/08/2008


O Adultério em “O Cortiço” numa interpretação interdisciplinar:literatura e leitura.

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO: LETRAS
DISCIPLINA: PRODUÇÃO DE TEXTO

ENSAIO CIENTÍFICO

O Adultério em “O Cortiço” numa interpretação
interdisciplinar: literatura e leitura.

Luiza Selma Freire Araújo
Aluna do 4º período de Letras da UVA

Na obra “O Cortiço, podemos encontrar em alguns personagens o adultério, relação extra matrimonial, daí ser feito um breve estudo sobre o papel matrimonial nas relações e vínculos conjugais. Não tem sido muito comum aos leitores fazerem uma abordagem de termos literários numa visão que inclua leitura e literatura. Quando se analisa sentimentos de personagens de obras literárias relacionam-se logo a uma abordagem que não leve em conta a interdisciplinaridade.
O adultério ultrapassa épocas, mas a cada momento diversifica o seu sentido. O conceito de casamento vem evoluindo e se transformando de acordo com o tempo, pois se “em sua forma antiga, o casamento só continha efeito de status: transmissão de nome, constituição de herdeiros, organização de um sistema de alianças,junção de fortunas”. Foucault (1985, p. 81). Hoje, olhando de um modo geral, os casamentos se dão através de dois pontos de vista: de um lado físico e sexual e de outro, o racional e social, que é a compartilha da existência, a afeição e a amizade que existe entre um casal.
Diante desta concepção de Foucault, de que o casamento só continha efeito de status, em que o adultério tinha como definição os danos aos direitos do marido, pode-se ver que na obra “O Cortiço” acontece algo muito semelhante, pois Miranda mesmo sabendo que sua mulher era adúltera continuava com ela, escondendo de todos que sua esposa mantinha relações sexuais fora do casamento, já que ele tinha que mostrar para a sociedade que compartilhava muito bem a sua vida com a mulher, uma vez que dependia de estar junto dela para a obtenção de seus objetivos.
Se um homem tiver um pensamento tradicional, um dos motivos que pode levá-lo a cometer o adultério, é procurar em outras mulheres, fora do casamento, maneiras mais ardentes e luxuriosas de sentir prazer sexual, por pensar que a relação conjugal tem que ser diferente entre amantes, pois “não se deve tratar a própria esposa como uma amante e que no casamento é preciso conduzir-se como marido e não como amante”, Foucault (1985 p. 178). No entanto, em “O Cortiço”,se tratando de Miranda e sua esposa, o adultério é muito mais um negócio do que um sentimento de traição.
O adultério que antes era um assunto polêmico, hoje é encarado de maneira comum, podemos observar isso ao lermos “O Cortiço”, em que quase todos os casais da obra cometem o adultério, e trocam com muita freqüência de parceiros. Um exemplo disso é Jerônimo, que chegou até a renunciar sua própria identidade, quando traiu a sua esposa, ao se apaixonar por Rita Baiana. Seguindo a linha de raciocínio da obra, eu diria como Foucault (1988) que “os indivíduos deveriam viver apenas como os animais, unir-se e logo separar-se”. A partir daí podemos perceber a influência naturalista sob o adultério.
Leitura e literatura encontram-se neste processo interdisciplinar. Enquanto a literatura resgata o universo temático das obras, no contexto de época, a leitura, por sua vez, encontra espaço para analisar a interpretação do leitor diante da temática em discussão. È o que acontece neste estudo em que foi analisada uma temática através da interpretação de uma obra literária.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade, 3: O Cuidado de Si.Rio de Janeiro:
Edição Graal, 1985.
AZEVEDO, Aluizio. O cortiço. São Paulo.Editora Moderna.1996.

O naturalismo e sua influência na obra “A Normalista”

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA
CENTRO DE ARTES E LETRAS
DISCIPLINA: PRODUÇÃO DE TEXTO

Ensaio Científico

O naturalismo e sua influência na obra “A Normalista”
Tatiane Rodrigues Melo
Aluna do 4º período de Letras


O naturalismo deixou de lado as discussões de classes sociais e passou a falar dos grupos, não mais atribuindo às pessoas a culpa por seus problemas, e sim, ao meio ambiente, à sociedade e à hereditariedade.
As características que levam os leitores da obra A Normalista, a classificá-la como naturalista são os registros de fatos da realidade social da época e a conclusão de que o homem jamais será um produto do meio em que vive, pois as transformações pelas quais as personagens comprovam essa observação. Nas palavras de Pereira: “Com o surgimento do realismo/naturalismo começou-se a escrever para procurar a verdade, e não mais para ocupar os ócios das senhoras sentimentais e de um ou outro cavalheiro dado a leituras frívolas" (1988: 55-56).
Essa verdade a que se refere Pereira abordada pelos escritores naturalistas, como Júlio Ribeiro, Aluísio Azevedo, Adolfo Caminha, entre outros, consistia em mostrar a realidade de forma nua e crua. Na prosa naturalista não temos mais espaço para as mocinhas donzelas, nem para os cavalheiros educados; temos agora os instintos humanos sendo vasculhados, as alcovas sendo bisbilhotadas, as perversões sexuais sendo retratadas, as traições, a malícia. Em resumo, agora temos as camadas mais baixas da sociedade sendo representadas.
Diante das palavras da crítica Lúcia Miguel–Pereira, constatamos que no seio de suas afirmações há certa generalização no tocante às temáticas empregadas pela estética naturalista. É fato que o Naturalismo abordou “casos de alcova”, “temperamentos doentios”, porém não utilizaram apenas desses assuntos em detrimento de temas sociais para conceber o fio condutor de suas narrativas. A intenção, era representar literariamente as camadas mais baixas da sociedade, em qualquer situação que fosse rompendo de uma vez por todas com a literatura “fantasiosa e mascarada” do Romantismo brasileiro.
Sobre esse aspecto, assim se manifesta Sodré: “O aparecimento do proletariado como assunto literário, o advento dos temas da vida dos pobres e dos trabalhadores como dignos de figurar na criação artística, constituíram apenas um dos aspectos do problema, representando o esforço da literatura, tal como era entendida na época, no sentido de acompanhar as aceleradas transformações então em desenvolvimento. Não tardou, por isso, que a literatura sentisse a necessidade de mudar também os seus processos, gerando uma escola que buscava enquadrar o conjunto social, pondo de parte velhas técnicas e utilizando outras, as que se destacavam do arsenal científico da época e pareciam destinadas a universalizar-se no uso. Estava aceito pela generalidade que o processo romântico era insuficiente para enquadrar os novos temas que a sociedade apresentava, surgindo a necessidade de abandoná-lo, criando-se novos instrumentos, capazes de conciliar a aceitação dos temas da atualidade com a sua representação artística”. (1965, p. 202).
A personagem Maria do Carmo pouco pode fazer para vencer as dificuldades que a vida lhe impôs, já que sozinha no mundo tendo em vista terem morridos os pais, teve de viver ao lado de um casal, o senhor era seu padrinho, um homem sem escrúpulo. A normalista é um exemplo do naturalismo como produto da influência do meio sobre os grupos.
O naturalismo apresenta romances experimentais. A influência de Charles Darwim se faz sentir na “máxima”, segundo a qual o homem é um animal; portanto antes de usar a razão deixa levar pelos instintos naturais não podendo ser reprimido em suas manifestações instintivas, como o sexo, pela moral da classe dominante. A constante repressão leva às taras patológicas, tão ao gosto do naturalismo.
A normalista busca retratar a vida cearense, abrangendo todos os níveis sociais, desde o povo até a aristocracia. O romance foi escrito em uma época em que Caminha se sentia humilhado e deslocado devido à sua união com Isabel Paulo Barros. O livro é um grito de revolta do autor contra o meio que o degrada e critica. Esse apego às suas próprias experiências afrouxa sua obra produzindo passagens inconsistentes.
A literatura que, de forma realista, como também naturalista, é capaz de descrever a sociedade de seu tempo, habilitadas por personagens constituídas em suas múltiplas dimensões. Desse modo, a Literatura ou mais propriamente o Romance tem a mesma capacidade além de ter sido os pioneiros a retratar a vida cotidiana e por extensão constituam-se uma forma de denúncia social, estabelecendo uma associação com a própria experiência humana, reconstruindo a mentalidade de uma época. Obra, época, comportamentos humanos, escola literária são elementos que se fundem nesta análise sobre o naturalismo à exemplo da obra A Normalista.
Referências Bibliográficas

PEREIRA, Lúcia Miguel. Prosa de Ficção (de 1870 a 1920): História da Literatura Brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1988.
SODRÉ, Nelson Werneck. O Naturalismo no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira S.A, 1965.

O “Amor Platônico”, segundo o Banquete.

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UEVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES – CLA
LETRAS – HAB. EM LÍNGUA PORTUGUESA
DISCIPLINA PRODUÇÃO DE TEXTO
PROFESSORA MARIA SOARES


ENSAIO CIENTÍFICO


O “Amor Platônico”, segundo o Banquete.

Ana Tafnes De Sousa Rodrigues
4° período de Letras da Uva

O amor platônico na concepção vulgar tem seu sentido distorcido. Propõe ser um amor sem o contato físico. A afeição em que há abstração do elemento sexual. Mas o conceito original talvez não seja esse. Platão escreveu, porém, ‘o primeiro tratado filosófico sobre o amor’, no qual caracterizam-se alguns elementos sublimes e sexuais que demonstram seu verdadeiro conceito.
Em O Banquete, escrito no século IV a.C. por Platão, reúnem-se discursos sobre o Amor, tendo como convidados Apolodoro, Fedro, Pausânias, Aristófanes, Agatão e Sócrates. Um jantar em que Agatão oferece em comemoração a um prêmio recebido por ele. No discorrer da festa, propõe-se falar sobre o Amor, todos expõem suas considerações, tentando assim explicá-lo. Sócrates, então, finaliza contando como o amor foi gerado, através da trapaça e da sexualidade, assim enuncia “o Amor é concebido no dia de nascimento de Afrodite, por um “golpe” de Penúria sobre Recurso. Recurso adormece e Penúria deita-se a seu lado. Enfim, consegue engravidar. O Amor, filho de ambos, ganha características do pai e da mãe: sempre oscilando entre dois pólos. Um pólo, o das completudes, como o pai, e outro pólo, o das carências, como a mãe. O Amor não é um deus, mas um gênio, um tipo de espírito. É um gênio que está sempre entre dois extremos. Assim, estando a meio caminho, tem consciência do que é a carência e do que é a completude, e busca a primeira. Por isso o Amor é busca.”
Platão compara o Amor a uma escada, mostrando a busca das formas, o desejo do belo, da beleza maior que é a sabedoria, o sumo bem. Platão (1972, p.59) explica: “Isto é o que é ir corretamente, ou ser conduzido por outro, no mistério do Amor: ele vai sempre mais acima por razão desta Beleza, começando das coisas belas e utilizando-as como degraus de subida: de um corpo para dois e de dois para todos os corpos belos, então, dos corpos belos para os belos costumes, dos costumes para o aprendizado das coisas belas, e dessas lições ele chega no fim, nesta lição, em que há o aprendizado dessa completa beleza, assim, no final ele acaba por saber exatamente o que é ser belo”. O amor torna-se um sentimento que vai sendo definido e adquirindo formas, sentido, concretizando-se na sua atração.
Assim, mostra-se que o termo atual ‘amor platônico’ é um equívoco, pois admite a não realização do desejo e a frustração ao conhecê-lo. Mas esse equívoco pode ser uma mera confusão de interpretações, podendo ser levado em consideração o amor com o interesse maior pelo intelecto e não pelo físico, o sumo bem, uma espécie de amizade pedagógica. Contudo, o amor platônico no sentido real age de modo a possuir o que é desejado, atingindo assim o pleno gozo, a satisfação real e tendo tudo para ser feliz.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
BRANDÃO, J. de S. Mitologia Grega. Petrópolis: Vozes, 1993.
PLATÃO. Trad. José Cavalcanti de Souza. O Banquete. São Paulo: Abril, 1972.

A paixão de Luisa como símbolo do rompimento de valores sociais da época

UNIVERSIDADE ESTADUALVALE DO ACARAÚ-UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTE-CLA
DISCIPLINA: PRODUÇÃO DE TEXTO
PROFESSORA: MARIA SOARES

Ensaio Científico

A paixão de Luisa como símbolo do rompimento de valores sociais da época

Cristiane Melo Nobre
4° Período- Letras/UVA

Os sentimentos de personagens nem sempre têm sido prioridade na interpretação de fatos que violam valores sociais. Muitas vezes, são vistos como um tabu, uma proibição ou violação de regras sociais. A paixão, por exemplo, sempre foi um tema muito questionado, muitos personagens de novela, contos, romance e pessoas inseridas no contexto da vida real tiveram seus nomes expostos ao ridículo, tidos como violadores morais, e nunca como aqueles que rompem com a tradição de forma consciente. Tal fato costumava e continua ocorrendo devido a falta de experiência ao lidar com este sentimento, que para esses indivíduos, deveria ser o prefácio para o amor, e termina sendo o início de um longo caminho cercado por dores e sofrimento por todos os lados.
O livro, O Primo Basílio, de Eça de Queirós, traz à tona todo o medo e o preconceito do século XIX. Sendo estes acentuados na personagem Luísa, expresso através de seu adultério que aflora e cresce exasperadamente nas entranhas do secreto. O fato, que fez com que se escolhesse Luisa como objeto de estudo, deve-se ao crescimento e declínio da personagem no desenrolar da história. Este acontecimento “puxa” a atenção do leitor e impulsiona a curiosidade, que cresce a cada capítulo, com os planos maquiavélicos impulsionados pela paixão desmedida, o que acabou por ocasionar a perda do bom senso. Então, a personagem supracitada passa a praticar atos, que naquela época era tido como erro muito grave, vindo a comprometer a honra da mulher, não que atualmente não o seja, mas outrora os “valores” tinham um peso maior, logo o adultério, em uma versão do início do século XIX, era tido como imperdoável.
O questionamento dos sentimentos como: felicidade/infelicidade, amor/ódio, justiça/injustiça, e a interferências destes no adultério da personagem Luísa, nesse contexto do livro, merece destaque também uma outra personagem, Juliana, que passa a ditar as regras quanto ao destino de Luísa, pois sabia do caso dela com o primo Basílio e usa essas informações ao seu favor. Assim se confere: “Não estou para aturar! (...) A senhora não me faça sair de mim! A senhora não me faça perder a cabeça! E com a voz estrangulada através dos dentes cerrados: __ Olha que nem todos os papéis foram para o lixo”. (QUEIRÓS, 2000 p.45)
Ela guardava as cartas que Luísa escrevia para Basílio e pretendia mostrar a Jorge, marido de Luísa, querendo, com isso, receber a remuneração merecida pelo longo tempo de trabalho, embora tivesse que forçar a situação. A chantagem amedrontava a descoberta do adultério.
A história de Luísa leva-nos a refletir que, embora não sejamos personagens de um livro, mas de nossa própria história, também obedecemos aos sentimentos; e estes determinam a nossa própria vida. Essa característica é marcante em nossa psique. Quando o obstáculo é muito grande e nos sentimos perdidos, estabelece-se o estado neurótico. Então, perdemos o domínio sobre nossas ações e passamos a ser escravos incondicional delas, porque o rompimento acontece não como uma atitude pensada, mas natural e emocional. Daí nos parte o alerta de nos policiarmos quanto as nossas emoções, essa tarefa se faz árdua, dela depende todo o nosso bem-estar não somente psicológico, mas também físico, pois a mente reflete diretamente no corpo. Somos uma máquina, mas como toda “máquina”, também necessitamos de combustível.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASSIRER, Ernesto. Linguagem e Mito. Trad de J. Guinsberg. Editora Perspectiva, São Paulo, 1972.
COUTINHO, Afrânio.Crítica e Teoria Literária, Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; Edições Universidade Estadual do Ceará, 1987
Discutindo filosofia. ÉTICA uma reflexão sobre a atualidade e a relevância dessa doutrina filosófica.Ano 2. N° 11
MOISÉS, Massound. “Análise de texto em prosa”. In A análise literária. 11ª ed. São Paulo: Cultrix, 1999.
QUEIRÓS, Eça de. O Primo Basílio. São Paulo: Rideel, 2000.


O Desenraizamento Sócio-Cultural nas Atitudes do Personagem Gregório em "A Metamorfose"

UNIVERSIDDAE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO: LETRAS
DISCIPLINA: PRODUÇÃO TEXTUAL

O Desenraizamento Sócio-Cultural nas Atitudes do Personagem Gregório em “A Metamorfose”
Allana Gizele Vasconcelos
Aluna do 4º período do curso de Letras da UVA

O ser humano está perdendo a sua identidade cultural. Isso o torna um ser desenraizado, privado de seus bens desde coisas simples como a casa até sua própria família, sua cultura, devido à ausência afetiva familiar ou do seu grupo social, e ao individualismo presente na sociedade moderna. Ecléia Bosi chama esse desenraizamento de “a mais perigosa doença que atinge a cultura” (BOSI,2006. p.18).
Na história da colonização, os portugueses apropriaram-se do território brasileiro e principalmente daqueles que aqui moravam transformando sua vida, atividades por ele praticadas e sua cultura, em virtude de apresentarem objetos a eles desconhecidos. Darcy Ribeiro comenta que o índio se desembestou enlouquecido, contra outros índios e até contra seu próprio povo por amor a essas preciosidades” (RIBEIRO,2002. p.48). Desiludidos por contato pacífico, lutaram para preservar a sua vida, embora estivessem contaminados pelo espírito de individualidade trazido pelo Europeu. Isso é observado pelo enfrentamento das tribos. Tronaram-se estrangeiros em sua própria terra.
Em a metamorfose, Gregório tem sentimento semelhante, quando pela descoberta dos pais que havia se transformado em um inseto, foi isolado e tratado como animal em sua própria casa. Um estranho que já não era reconhecido por sua família. Ele passou a viver em um cativeiro como forma de amenizar os incômodos que, a partir de então, causaria a família, e também pelas dificuldades encontradas para se relacionar com os mesmos, afastando-se da sociedade e do trabalho do qual também é rejeitado.
Nesse ponto, pode-se constatar o individualismo presente na obra. Gregório que sustentava a família foi visto por essa como um ser inútil. Ele é querido por todos até o momento da sua metamorfose. Esse individualismo está relacionado principalmente ao ”poder disciplinar”, que cuida e regula as atitudes humanas do indivíduo e do corpo. Através da vigilância, os sujeitos são postos na individualidade para controle dos mesmos. Stuart Hall afirma que “quanto mais coletiva e organizada a natureza das instituições da modernidade tardia, maior o isolamento, a vigilância e a individualização do sujeito individual” (HALL,1992:43). O individualista por ser racional deixa de lado as emoções e reage com a cabeça, a razão.
Assim fez a família de Gregório, quando este se transformou em animal, jogou-o ao quarto, escondendo-o por vergonha, uma vez que o consideraram incapaz de trazer à família recursos financeiros. Aqui se encontra presente a desvalorização da pessoa e consequentemente da sua cultura bem como a atitude blasé. Ele é então “desligado de seu passado, o que significa dizer exilado de sua própria história.” (CHAVES,2005. p. 47).
Vale ressaltar a atitude blasé presente nessa rejeição. É a partir desse efeito que se perde a identidade do indivíduo. Simmel postula que “a essência da atitude blasé consiste no embotamento do poder de discriminar” (SIMMEL,1902. p.16). A perca dessa sensibilidade faz os objetos perderem valores, são privados de substâncias e, dessa maneira, um não exerce preferência sobre o outro. É possível abordar a questão financeira. O dinheiro segundo Simmel é o maior dos niveladores “arranca irreparavelmente a essência das coisas, sua individualidade, seu valor específico e sua incomparabilidade” (1902. p.16).
O personagem percebe os acontecimentos da casa através das vozes e da maneira de andar dos familiares. Ele preocupa-se a todo instante com os parentes, com as dificuldades financeiras enfrentadas por eles, com a mãe doente, com a irmã que o visita às escondidas, levando-o alimentos, ele analisa suas reações para depois melhorar até mesmo o ambiente em que se encontra. Essa é a única demostração de sensibilidade tida pela família para com Gregório.
Ao final da obra, Gregório morre, a família comove-se, embora acreditando que já deveria ter acontecido. Partem então para uma nova casa, uma nova vida. É uma representação de todas as culturas que passam por um desenraizamento. Vão aos poucos se perdendo no tempo, embora para as pessoas que são envolvidas nessa mudança, a sua cultura não acaba por inteiro. Elas querem sempre repassar o que lhes foi ensinado e aprender o novo. Quando isso não acontece, há o estranhamento, o desenraizamento cultural e familiar.

Referencias Bibliográficas
BOSI, Ecléia. Cultura e Desenraizamento. In: BOSI, Alfredo(org). Cultura Brasileira – Temas e Situações. 4º ed. SP: Ática,2006
HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós -Modernidade. 7º ed. Rio de Janeiro: DP&A,2002
SIMMEL,George. A Metrópole e a Vida Mental. In: O Fenômeno Urbano. Rio de Janeiro: Zahar ed.,1902
CHAVES, Rita. Angola e Moçambique - Experiencia Colonial e Territórios Literários. ed. Cotia .2005
RIBEIRO, Darcy. O Enfrentamento dos Mundos. In: O Povo Brasileiro a Formação e o Sentido do Brasileira. 2º ed. São Paulo: Companhia das Letras,1995.
KAFKA,Franz. A Metamorfose. Disponível no site: virtualbooks.com.br. Acessado em 24/07/2008

Desenraizamento Cultural, Niilismo e suas Conseqüências na Sociedade

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ –UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS
DISCIPLINA DE PRODUÇÃO DE TEXTO
ENSAIO CIENTÍFICO
Desenraizamento Cultural, Niilismo
e suas Conseqüências na Sociedade

Selma de Sousa Pereira Nunes
Estudante do 4º período do curso de Letras da UVA

O desenraizamento do personagem Sr. Meursault em “O estrangeiro”, sob a ótica do niilismo, instala-se como um sujeito absolutamente desprovido de sentimentos, movido por um propósito de destruição moral. Meursault, ao ser comunicado da morte de sua mãe, reage com indiferença, mata um homem por motivo fútil, é julgado, condenado à morte e nem mesmo o “finalismo” de sua existência provoca nele mecanismos de defesa ou arrependimento. Isolado do mundo, silencia-se diante dos acontecimentos que marcaram a trajetória de sua vida.
O personagem aqui apresentado influenciado por um passado antigo deprecia seus valores, dissolve seus princípios absolutos através de atos insanos. Desraigado de relações de apego, provido do sentimento de “largar”, consciente da sua liberdade, porém, desesperado por não saber usá-la. Sobre esta questão o pensamento de Nietzsche afirma “(...) renegando os valores metafísicos, redireciona a sua força vital para a destruição da moral. No entanto, após essa destruição, tudo cai no vazio: a vida é desprovida de qualquer sentido, reina o absurdo e o niilista não pode ver alternativa senão esperar pela morte (ou provocá-la)” ( NIETZSCHE, 1948).
O niilista existencialista sofre com angústia, decorrente da consciência de liberdade, ele acredita que o ser humano é incapaz de administrar seus atos, seus sentimentos sem destruição de valores. Isso significa que cada pessoa pode a cada momento escolher o que fará de sua vida, sem que haja um destino previamente concebido. A desvalorização e a morte não são sentidas, sensibilizadas, há ausência de finalidade e de respostas aos “porquês”, isto provoca grandes transtornos à mente desses indivíduos, deixando aflorar nos mesmos situações desastrosas e irreversíveis. Nesta abordagem outro teórico especialista neste estudo faz a seguinte consideração “(...) a existência precede a essência, não será nunca possível referir uma explicação a uma natureza humana dada e imutável; por outras palavras, não há determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade” (SARTRE, 1946).
No período que corresponde às décadas de 60 até 90 com o crescimento populacional e industrial, o desenraizamento surge novamente atacando as camadas sociais de baixo poder aquisitivo. Com isso, essa sociedade carente e desprotegida é arrancada de suas origens, perdendo sua identidade numa busca incessante pela sobrevivência. A industrialização e a prosperidade trouxeram consigo a imigração, os centros urbanos foram invadidos trazendo prejuízos aos que deixaram suas raízes e seguiram jornada em busca de novos horizontes. O enraizamento é um dos fatores mais importantes à necessidade da alma e um conceito difícil de definir. Bosi (1992) numa manifestação a respeito desse assunto considera “Não se busca o que se perdeu: as raízes já foram arrancadas, mas que pode renascer nessa terra de erosão”.
Dessa maneira, os valores morais e a vida mental desses indivíduos vêm se agravando ao longo dos anos, os tipos se multiplicam e a solução se distancia. O estudo a respeito desse tema cresce, é discutido, polemizado, velhos e novos teóricos abordam com freqüência à cerca desses transtornos psicológicos atribuídos, muitas vezes, a uma sociedade condenada a viver sob pressão do tempo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS
BOSI, Eclea. Cultura e desenraizamento. São Paulo: Ática, 2ª, 1992.
NIETZSCHE, Friedrich. O niilismo. pt.wikipedia.org/wiki. Acessado em 02.09.2008.
SARTRE, JEAN-PAUL. Questão de Método. pt.wikipedia.org/wiki. Acessado em 02.09.2008.
CAMUS, Albert. O estrangeiro. Editora Record. Rio de Janeiro . São Paulo, 1957.