terça-feira, 19 de agosto de 2008

ESTUDO DO GENERO FRASE COM OS ALUNOS DO CURSO DE LETRAS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA



* Allana Gizele Vasconcelos
*Cristiane Melo Nobre
*Helena Costa Farias
*Selma Sousa Pereira Nunes


RESUMO
O objetivo deste trabalho é o de analisar como os estudantes do curso de Letras da compreendem aspectos de linguagem que configuram o que diz respeito aos gêneros textuais, em especifico o gênero “frase”. A maioria demonstrou saber analisar e identificar gêneros textuais, revelando algumas dúvidas relativas a aspectos gramaticais no texto.

Palavras-chave: Gênero Textual – Frase – Natureza da Linguagem.

Introdução

Este artigo apresenta as discussões e fundamentos teóricos sobre gêneros textuais, especificamente o gênero frase, discutindo suas características com base na teoria do gênero do discurso, que se constitui de estilo, tema e composição, presentes como características especificas dos enunciados representantes das funções sociais, comunicativas.
A pesquisa ocorreu dentro da própria Universidade com os alunos do curso de Letras por acreditar que já possuem conhecimentos para a disciplina de produção de texto.

Fundamentação Teórica

Para Bakhtin (1997) “os gêneros do discurso são considerados tipos relativamente estáveis de enunciados” que usamos para expressar intenções e mensagens.
O gênero “frase” foi o assunto explorado dentro da temática expressa através do questionário. O gênero é classificado como um ato comunicativo independente de extensão. O que o faz não ser um simples amontoado de frases nem um enunciado comunicativo. Segundo Travaglia (1989:1990, p. 97).

A atividade comunicativa esta diretamente relacionada ao que se chama de competência discursiva, pois está é definida como a capacidade do usuário da língua (produtor e/ou receptor de texto) de contextualizar sua interação pela linguagem verbal, adequando o seu produto textual ao contexto de situação, entendido este em seu senti restrito.

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*Estudantes do 4º período do curso de letras da Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA
Trata-se de um gênero primário simples, que pode ser utilizado em meio a um gênero secundário, pois segundo Bakhtin (1997, p.281) “esses gêneros secundários absorvem e transmutam os gêneros primários simples de todas as espécies, que se constituíram em circunstancias de uma comunicação verbal espontânea.”
Os enunciados que constituem os gêneros possuem forma concreta e única definidas por seu estilo, tema e, sobretudo, a composição que simbolizam cada esfera da atividade humana (posições sociais). Como existe um vasto número de gêneros e conseqüentemente um número maior ainda de enunciados, estes se ampliam uma vez que são ágeis e sensíveis às mudanças da comunicação, da mesma forma que se desenvolvem as funções sociais.
O estilo, segundo Bakhtin (1997, p.284), “entra como unidade de gênero de um enunciado” sendo ele e a composição determinada pela expressão do falante e dos participantes do discurso, o sistema da língua e o objeto do discurso. O estilo, para o autor, idem(1997, p.284) “nada mais é senão o estilo de um gênero peculiar a uma dada esfera da atividade da comunicação humana”. Dessa forma, pode-se dizer que onde há estilo, há um gênero. A linguagem pode apresentar-se de forma descritiva, narrativa, argumentativa, dissertativa e injuntiva. No gênero “frase” em questão, há uma mensagem injutiva.
A composição diz respeito à disposição, acabamento e aos procedimentos composicionais que levam em conta os participantes da comunicação. O objeto de estudo está em uma modelo do tipo construção desfecho, despedida saudação: enunciado de chamado e enunciado de saída, uma vez que funciona como espécie de desfecho, pedido. No que confere a temática, a frase apresenta-se como uma mensagem convidativa. No entanto, nenhum gênero constitui-se de características “puras”. Assim ela pode ser uma mensagem convidativa e apresentar características de outras como a mensagem instigativa, uma vez que além de convidar passa a idéia de pedido que possa ser comprovado pelo uso do verbo no imperativo. Para Marcuschi um gênero pode não ter determinada característica e continuar pertencendo aquele gênero. Chama isso de heterogeneidade tipológica.
Travaglia (1991) apud Silva( ) define tipologia textual,

Como aquilo que pode instaurar um modo de interação, uma maneira de interlocução, segundo perspectivas que podem variar. Essas perspectivas podem, segundo o autor, estar ligadas ao produtor do texto em relação ao objeto do dizer quanto ao fazer/acontecer, ou conhecer/saber, e quanto à inserção destes no tempo e/ou no espaço.

Outro tema abordado na pesquisa foi as figuras de linguagem. Segundo Cereja e Magalhães (2005, p.35) “figura de linguagem é uma forma de expressão que consiste no sentido figurado, isto é, em um sentido diferente daquele em que convencionalmente são empregados”. A frase em estudo possui característica de paradoxo que consiste no emprego de palavras que transformaram a frase em uma contradição lógica, mas apresenta idéias em um enunciado. As palavras se excluem mutuamente através da oposição, contudo, fundem-se e constituem afirmações aparentemente sem lógica. Isso pode ser observado no seguinte verso de Camões: “o amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente.” Encontra-se a oposições em “fogo que arde sem se ver” em que confunde os sentidos.
Através dessa figura, o autor utiliza-se de um discurso de afinidade em que demonstra uma proximidade com a pessoa que está sendo pedida, convidada. Faz uso de verbos conjugados no tempo subjuntivo, conhecido como o modo das possibilidades que indica ações não realizadas em que o falante quer ver consumado suas expressões, e no imperativo, o tempo verbal dar ordens, apela para concretização de ações, causando a idéia de perspectiva de futuro, uma prosperidade.
Em relação às etapas do planejamento da redação Mônica de Arcanjo Fernbach destaca o modelo psicognitivo de Hayes e Flower no qual deve apresentar três fases - a planificação em que é exposto as concepções que serão abordadas e a organização do texto; a micro-planificação abrangendo o rascunho do texto, sua estrutura e organização dos enunciados; a revisão em que se dá reconhecimento dos erros de ortografia, contradições e também a reescrita dos texto.

Metodologia
Gráfico das respostas obtidas do questionário a respeito de gênero “frase”.



A pesquisa é qualitativa por se deter as respostas dos estudantes como escolhas as serem discutidas com falas ou discurso dos participantes da investigação. É descritiva por apresentar uma analise das categorias do discurso via questionário. As pesquisas descritivas têm como objetivo principal a descrição das características de determinada população ou fenômeno (FIQUEREDO, 2002). E para Triviños (1987) elas procuram descrever, com exatidão, os fatos e fenômenos de determinada realidade. Essas exigem do pesquisador uma serie de informações sobre o que deseja pesquisar, como, por exemplo, a população, a amostra, os objetivos do estudo geográfico da sala de aula.
Os sujeitos dessa pesquisa foram 18 estudantes dos 22 matriculados no curso de graduação em letras da Universidade Estadual Vale do Acaraú- UVA. A delimitação do numero de sujeitos aconteceu prioritariamente, quando se observou que estava ocorrendo saturação dos dados informados. A saturação ocorre, quando se considera que o numero pesquisado é suficiente pra gerar informações não reincidentes(MINAYO, 1999). Se em vista dos objetivos propostos o pesquisador achar conveniente encerrar as entrevistas, deverá fazê-lo por entender que novas informações estarão acrescentando pouco significado a amostragem (TURATO, 2003).
A opção de entrevistar estudantes, da disciplina de produção de texto do quarto período do curso de letras ocorreu por acreditar que estes tenham, ao longo do curso de graduação, alguns conhecimentos prévios que colaboram para a pratica de produção de texto. Os dados foram obtidos por meio de um questionário estruturado. O questionário permite uma flexibilidade maior na exploração do conteúdo e no numero de itens fornecidos, e não na flexibilidade de expressão do sujeito e, embora possa trabalhar como conjunto de questões e/ou tópicos orientados e organizados previamente, não permite e encoraja que o entrevistado venha a abortar, de forma livre, os assuntos que vão emergindo com o desdobramento do teme principal, porque a saturação de informações no desenvolver das questões já vai oferecendo essa progressão. O questionário, no seu sentido mais amplo, envolve um processo de comunicação verbal e, mais restritamente, representa a coleta de informações o que o torna uma ferramenta largamente utilizada pelos pesquisadores.
No que se refere à interação ao processo de pesquisa, nenhuma se posiciona de maneira completamente aberta. É necessário que se parta da elaboração de um roteiro, que visa enumerar, de modo mais abrangente, as questões que o pesquisador pretende estudar no campo a partir de pressupostos, oriundos de um objeto de investigação(MINAYO, 1999).
Cada grupo que é responsável por uma parte da pesquisa que os questionários oferecem, com as respostas individuais de cada participante, por meio de informações, demonstra no final um retrato da realidade do objeto pesquisado restrito e peculiar a sua experiência como professor. Portanto quanto mais profundo é o questionário, mais rico é o material por ele produzido.
O questionário procurou conhecer uma serie de questões e situações em torno das experiências do estudante sobre a interpretação de texto e reconhecimento do gênero textual frase. Os estudantes se reuniram em grupo de quatro, responderam as questões, trocaram com seus colegas do grupo vizinho, fizeram um gráfico, discutiram os resultados, trocaram informações teóricas e finalizaram o estudo. Essas questões envolviam sua percepção sobre conhecimentos desenvolvidos sobre o texto em sala de aula, sobre temáticas que se organizaram por questão. Após p calculo do percentual das respostas do questionário de 10 questões, cada uma delas constando quatro itens (a,b,c,d), seguiram para a discussão das categorias. Cada questão ou categoria ia desencadeando a discussão dos colaboradores da pesquisa. Foram elas:
01°- questão: Reconhecimento do gênero.
02°- questão: Tipo de linguagem usada no texto.
03°- questão: Aspectos sobre a formação ou composição do gênero.
04°- questão: Identificação da temática discursiva.
05°- questão: Analise da figura de linguagem predominante no texto
06°- questão: A intenção principal do autor.
07°- questão: Percepção do tempo discursivo.
08°- questão: A constituições paragráfica ou enunciativa do gênero estudado
09°- questão: O tempo gramatical dos enunciados.
10°- questão: Identificar os elementos das etapas de planejamento de uma redação escolar.

Resultados e Discussões

A resposta atribuída à pergunta sobre gênero foi indicada pelos participantes da pesquisa com generalidade 100%, ou seja, todos tiveram a mesma concepção, o gênero em questão é o gênero “frase”. Os participantes demonstraram que apesar do texto curto anúncio, da opção (b), que possui frases curtas e enunciados pequenos, existem em função da tentativa de comprar e vender mercadorias, serviços por promover status políticos. Como o gênero frase não tem essa função social, os participantes não ousaram confundir. Eles também manifestaram saber algo a respeito de gênero, já que ninguém respondeu o item (d), que afirmava que o gênero em questão não é um gênero textual. Isto se deveu ao grau de informação sobre o assunto que os alunos da graduação em Letras já dominam. Ninguém respondeu o item (c), o qual diz respeito ao gênero bilhete, trazendo a compreensão de que todos conhecem sobre esta modalidade discursiva que se organiza em local e data, vocativo, informe menor que o da carta, desfecho e assinatura. O gênero frase pode se construir de um ou mais enunciado e pode pertencer a contextos do tipo frase de camisetas, frases publicitárias, frases de caminhões, frases de amor ou sentimentos, que é o caso da opção (a) aceita por unanimidade pelos participantes da pesquisa.
Os participantes atribuíram à pergunta dois a respeito da natureza da linguagem do gênero frase a generalização em 100% a alternativa (d), a qual tinha como resposta a natureza injuntiva, ou seja, é o tipo de texto que exprime uma ordem, dada ao locutor, para executar ou não tal ação. Os participantes demonstraram que sabem o que é uma frase de natureza injuntiva, uma vez que elas são empregadas nas expressões para designar a função da linguagem chamada conativa ou imperativa, na qual o locutor impele o destinatário a agir de determinada maneira.
Ninguém respondeu a opção (a) na qual tinha em seu enunciado a linguagem de natureza narrativa, o que demonstra que os participantes sabem que essa linguagem se trata do relato de fatos e acontecimentos, nos quais ocorrem numa seqüência de tempo, como se fosse uma história. Além do mais, a narração possui enredo, personagens, narrador, tempo, cenário, lugar e espaço. Como a linguagem da natureza do gênero em questão não exprime esses elementos supõe-se que os participantes a descartaram. Descartaram também a alternativa (b), uma vez que essa tinha como resposta a natureza descritiva, e essa se assemelha como uma fotografia em palavras, ou seja, é pela descrição que conhecemos lugares, pessoas, cheiros, etc. A natureza da linguagem em pauta também não expressa isto.
Por fim, nenhuns dos participantes ousaram responder a alternativa (c), a qual tinha como resposta a natureza argumentativa, pois, por serem estudantes do curso de Letras, talvez soubessem que o texto argumentativo é aquele em que defendemos uma idéia, opinião, ponto de vista, ou uma tese, procurando fazer com que nosso ouvinte/leitor aceite e acredite nela fielmente.
A resposta dos participantes para a questão três, atribuída a respeito do modelo da composição do gênero “frase”, houve uma divisão de opinião, 75% deles deu como resposta a alternativa (d), a qual trata a respeito do tipo de construção desfecho, despedida, saudação: enunciado de chamada e enunciado de saída modesta. Talvez esses alunos que deram essa resposta recordassem que o desfecho deve ser original, inesperado e surpreendente, e isso acontece na construção do gênero frase em questão. Quanto aos 25% dos participantes que deram como resposta a opção (b), demonstram que ficaram confusos entre o item (d) e a resposta dada por eles, uma vez que se trata do tipo vocativo e informe, e esse diz respeito à expressão a qual indica um apelo. E o texto em questão induz a um apelo se não tiver certeza o modelo de composição do gênero frase. Quanto à opção do tipo introdução e enredo todos a recusaram, pois essa não dava para confundir, uma vez que diz respeito ao conjunto de fatos ligados entre si, que fundamentam a ação de um texto narrativo. Ninguém também deu como resposta a opção (c) a qual trazia em seu enunciado o modelo de composição do tipo tese e argumento, uma vez que a tese, ou argumento, é a idéia que defendemos necessariamente polêmica, pois a argumentação implica divergência de opinião. Uma vez que a formulação de argumentos requer: fatos, exemplos, dados estatísticos, testemunhos, etc.
A resposta atribuída à resposta a questão sobre a temática do gênero em estudo foi com unanimidade o item (c) o qual trazia como resposta mensagem convidativa, uma vez que a frase demonstra um convite. A escolha pela opção nos faz entender que os participantes conseguem distinguir as temáticas das mensagens.
Como o item (a) se referia à mensagem instrutiva e não obteve nenhum voto, pode-se constatar que os participantes da pesquisa entendem que mensagem instrutiva encontra-se em manuais de instruções, por exemplo, nos quais é dada as instruções, as formas de uso do objeto adquirido.
Já o item (b), mensagem instigativa, que também não obteve indicação, refere-se a pedidos, ordens. O que poderia ter confundido os participantes, pois em suas formas verbais encontra-se o imperativo que é o modo verbal referente.
A mensagem reparativa em algum pedido de desculpa em que se repara, ou admite um erro.
Os participantes responderam que a figura de linguagem predominante é antítese que consiste na expressão de idéias utilizando contraposição, em que nesta é realçado o conflito estabelecido. Por responderem em unanimidade de mostraram que apesar de existir a opção paradoxo, item (b), que consiste na oposição de sentido com uma fusão de enunciados, ele não duvidaram ao responder.
Já que ninguém respondeu o item (c) pode-se dizer que os participantes conhecem sobre figuras de linguagem e sabem que hipérbole é um exagero o que não existe na frase indicada. O outro item sugerido foi a comparação ou símile que representa uma relação de equivalência entre expressão, a qual ninguém optou por ela.
A pergunta sobre a intencionalidade do autor atingiu unanimidade no resultado final, ou seja, todos tiveram a mesma concepção. A escolha pelo item (b), onde o autor usa o discurso da afinidade, nos fez crer que os participantes têm conhecimento acerca do assunto “discurso”. A afirmação dos mesmos foi coerente com o conteúdo do texto que se refere à aproximação, intimidade, etc., características deste discurso. Não ousaram na escolha do item (c) que trata de discurso do parentesco, já que neste tipo utiliza-se a terceira pessoa no lugar de outra, objetivando o discurso. Tal ocorrência indica grau de parentesco, dessa forma fizeram seguramente a distinção.
O discurso de rejeição no item (a) nem foi cogitado, talvez por ter opinião contrária à resposta com generalidade 100%, esse tipo de discurso acontece quando o assunto tem uma rejeição generalizada do texto em discussão, muito comum na política. No nosso último item, que é o discurso do estranhamento, a hipótese foi descartada, totalmente, já que os nossos colaboradores têm cognição a respeito do que seja “estranhamento”. Neste discurso podemos citar como característica a ambivalência de acolhimento e rejeição, portanto, a nossa pesquisa obteve êxito na resposta principal por todos os elementos que identificaram os tipos de discursos das alternativas apresentadas.
Quanto à noção de tempo, nesta questão obtivemos dos nossos participantes resposta com 100% de generalidade, ou seja, todos com a mesma convicção a respeito do assunto temporalidade que indica prosperidade futura. Fizeram essa escolha por terem conhecimento do que seja esse enunciado, haja vista a escolha pelo item (b) temporalidade que indica prosperidade, perspectiva de futuro. Nesse item analisa-se a articulação significativa dos diferentes modos de temporalidade e um deles é a perspectiva de futuro já mencionada pelo conteúdo do texto em questão. No item (a) a alternativa corresponde a temporalidade no passado mostra que nossos colaboradores estão informados do que seja temporalidade. A negação de relações entre o falante e o ouvinte caracteriza este item. Já no item (c) temporalidade retroativa de um passado recente indica “retroativa” como o presente que tem influência sobre o passado, característica importante nesse aspecto. Nossa última alternativa item (d) mostrou que nossos participantes estão envolvidos em todo assunto voltado para este gênero. Nesta modalidade, temporalidade momentânea significa situação passageira que poderá, ou não, se repetir. Então entendemos que o conteúdo do enunciado em discussão, não tinha ligação com esta alternativa.
100% dos alunos da equipe que respondeu o questionário disseram que gênero citado trata-se de um ato comunicativo independente de extensão. Por a resposta ter trazido unanimidade veracidade, somos levados a crer que os alunos desta equipe apresentaram bom poder cognitivo em relação ao gênero frase. Esse fato pode se comprovado quando analisamos as demais questões e percebemos que não houve confusão interpretativa no momento de responder. Ao marcarem a opção (c), os alunos demonstraram saber que sabem identificar a definição correta para esse tipo de gênero, logo a partir da base cognitiva alicerçada anterior mente houve permissão de não se desviar para outras questões que não levavam ao caminho certo.
Por exemplo: quando os alunos deixaram de marcar a opção (a), mostra que eles entendem que a frase citada não se trata apenas de um amontoado ela traz uma mensagem e possibilita uma interpretação. Já quando não optaram pelo item (b) mais uma vez nos convenceram que realmente que realmente detenham o assunto. Pois sabem que realmente trata-se de um enunciado comunicativo. Todavia conseguem identificar que o item com complemento é mais aceito e se adequar ao proposto. Logo a opção (d) também não traz o que esperamos com resposta, ela defende que desse gênero deve haver um texto com no mínimo três parágrafos quando ele pode ser apresentado por apenas uma palavra.
A opinião do grupo quanto às marcas de tempo e modo verbais foi dividida em partes assimétricas: dois membros da equipe disseram que a resposta seria futuro do presente do indicativo e imperfeito do subjuntivo, equivalendo a um total de 50% das outras opiniões que se subdividiram, 25% acrescentou que se tratava do presente do subjuntivo do subjuntivo e futuro do pretérito do indicativo, sendo que os outros 25% disseram que o correto seria o modo imperativo e subjuntivo. Podemos perceber que houve por parte dos membros da equipe uma confusão quanta interpretação do assunto apresentado. As que foram propostas na eventual questão serem muito parecidas, por isso exigia conhecimento prévio. Conhecimento esse segundo os dados cedidos através de gráficos todos os participantes se desviaram da resposta correta que estava presente na opção (A). A partir da análise da coleta do material, devemos investigar o que levou esses alunos a apresentarem essa distorção quanto aos conhecimentos verbais, fato que possivelmente se deva a falta de uma boa base na disciplina de língua portuguesa, enfatizando a parte que se refere aos verbos.
A resposta atribuída a questão sobre o planejamento da redação foi dividida. Isso mostra que não sabem a ordem e nem distinguir as etapas do planejamento redacional. O item (a) obteve 25% das respostas, enquanto a opção (b), 75% sobre retextualizar que significa revisar, essa alternativa não poderia ser escolhida uma vez que não se pode revisar o que ainda será planejado. Pode-se concluir que os participantes ficaram inseguros ao marcar uma opção. Assim, poderiam optar por retextualizar por não conhecerem e acreditarem que os outros itens não serviriam como resposta.
Faz parte da construção de um texto motivar e rascunhar, momento em que ocorre a organização do pensamento, das idéias do conteúdo do texto; organizar o texto que inclui a parte gramatical como coesão, coerência, ortografia, por fim, revisar e reescrever momentos em que se percebe contradições existentes, os erros, etc.

Conclusão

Com a apresentação dos dados obtidos, podemos perceber que os participantes da pesquisa já possuem certo conhecimento sobre gêneros textuais. Este gênero possuem unidades de estilo, composição e tema, que formam a unidade discursiva das esferas da atividade humana. Um gênero discursivo não apresenta características totalmente “puras” uma vez que sua estrutura pode apresentar ou não determinadas características e continuar pertencendo a sua classe de gênero. Isso ocorre devido à heterogeneidade discursiva. O gênero “frase” enamorativa pertence ao conjunto de textos que tem algo em comum como o gênero frase de camiseta, o gênero frase de caminhão, o gênero frase de revista.

Referências bibliográficas

BAKHTIN, Miktail. Estética da criação verbal. São Paulo, Martins fontes, 1997.

CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Tereza cochar. Literatura Brasileira: Ensino Médio. 3ª ed. São Paulo, Atual, 2005.

Fonte: www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/cd/Port/115.pdf > acessado em 09 agosto de 2008.

SILVA, Sílvio Ribeiro da. Gênero textual e tipologia textual: colocações sob dois enfoques teóricos. Fonte: http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/g00003.htm%20%3e%20Acessado em 09 de agosto de 2008.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e Interação. 7ª ed. São Paulo, Cortez, 1995.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A Ineficiência do Ensino Brasileiro

ENSAIO CIENTÍFICO

A Ineficiência do Ensino Brasileiro

Ana Cristina Ribeiro de Morais
Aluna do curso de Letras da UVA.

Muito se discute sobre educação, mas pouco tem sido feito, pois o Brasil ainda tem índices muito baixos de desempenho escolar, contudo, é preciso reverter esta situação, sendo necessário enfrentar as causas que vêm levando a uma má educação, como a má formação do professor, a promoção automática, os baixos salários, jornadas dobradas de trabalho de alguns professores, muitas vezes, falta de materiais didáticos e a pressão por parte de alguns gestores exercida sobre o docente.
Percebe-se que apesar de tantos planos e inovações na educação, porém, não se tem ainda um bom resultado, sabe-se que a peça fundamental para um ensino de qualidade é o professor, mas quando esse é formado por uma instituição de ensino ineficaz, que não apresenta propostas, métodos de educação e ensino na área em que vai lecionar, provavelmente, ele será um mau professor. Isso trará prejuízo para todos, pois a valorização do profissional está associada ao domínio das áreas de conhecimentos nas quais ele lida. Num artigo de Ioschpe (2007), o autor “comenta que o docente que se formou em universidade claudicante, ele será um mau professor por mais equipada que seja a escola em que lecionará”.
Um outro assunto pertinente é a promoção do educando, pois se a solução para o avanço do ensino se tratasse apenas em promovê-lo, então, não estaríamos mais tão atrasados nesse tocante. No artigo de Ioschpe (2007), o autor “fala sobre o teste internacional de qualidade de ensino, o qual é reconhecido mundialmente, sendo aplicado pela OCDE, o documento mostra que o desempenho geral da educação do Brasil foi péssimo, ficando em último lugar em matemática, penúltimo em ciência, e 37º em leitura”. Ao que se percebe promover um aluno não dará a esse conhecimento necessário para a assimilação de novos saberes, mas este sentirá cada vez mais dificuldades, pois ele estará acumulando pré-requisitos, sendo barrado no futuro ao prestar concursos de vestibulares e outros.
O Brasil implantou políticas de cargos, salários, planos como o FUNDEB, tendo como objetivo o desenvolvimento educacional, mas mesmo assim os professores estão sendo mal remunerados, pois muitos não recebem do FUNDEB e não sabem para onde está indo esse dinheiro. Muitos docentes para sobreviverem se obrigam a dobrar sua jornada de trabalho, assim restará pouco tempo para a elaboração de um plano de aula de qualidade que atendam a todos a necessidade do educando e, com isso, a educação vai ficando cada vez mais em decadência, é o que revelam as pesquisas, que alunos chegam na 5ª e 6ª séries sem saber ler, nem escrever e muito menos sabem as quatro operações de matemática. Há também prefeituras que contratam professores no início do ano letivo até o final do ano, ficando estes demitidos após o final do contrato temporário, por mais ou menos um mês, para depois contratá-los, sem lhes dar nenhum direito e nem ao menos pagar FUNDEB. Mediante a este problema, o professor se sentirá desvalorizado, ou até mesmo desestimulado, o que trará prejuízo para o ensino. Pelegrini apud Cury (2007) “fala que as reclamações dos docentes têm procedências, pois os salários são muito baixos em alguns lugares, os docentes se vêem obrigados a dobrar ou triplicar sua jornada”. Dessa forma, o maior prejudicado é o aluno.
Dentre os problemas educacionais se encontram também a carência de materiais didáticos, pois faltam grandes bibliotecas com acervo de livros, e muitas escolas ainda não têm computadores, outras têm, mas é usado de forma inadequada, pois o principal a acessar esse recurso era para ser o discente e muitas vezes é-lhe tirado esse direito que é tão importante na obtenção de informação e para seu crescimento intelectual.
Outro problema que chama atenção são as pressões sofridas pelo professor que acaba transferindo-as para o aluno. As escolas têm uma meta a alcançar e isso é importante desde que não sufoque professores e alunos, no entanto, muitos gestores vêm pressionando seus professores a atingir essa meta, seja como for, por isso muitos professores vêem essas provas de avaliação do sistema educacional como um terror e transmitem isso para o aluno, que consequentemente ficará desnorteado, sendo todos prejudicados.
Assim, diante de todos esses problemas, ficará difícil obtermos um avanço na educação, pois se nem todos os professores são qualificados, se estes são mal remunerados, se falta materiais, sofrem pressões, dobram jornada de trabalho, o aluno será altamente prejudicado. Na busca de solucionar o problema do aluno, promove-o para a série seguinte, agravando ainda mais a situação desses que terão de obter conteúdos acima de seu nível e, com isso, ele se sentirá inseguro ou até mesmo incapaz, por isso muitos abandonam a escola. Portanto, é importante analisarmos o que está dando certo na educação e o que não está dando certo, é preciso fiscalizar para onde está indo o salário dos professores sendo necessário investirem em todas as escolas tendo como meta um ensino eficaz.

Referências Bibliográficas

IOSCHPE, Gustavo. Preocupe-se. Seu filho é mal educado. Artigo publicado na revista veja. São Paulo: editora abril, 2007.
PELEGRINI, Denise. O professor discute seu papel. Levantamento publicado pela revista escola. São Paulo: editora abril, 2007.

domingo, 10 de agosto de 2008

A GRAMÁTICA NÃO PODE SER A ÚNICA INSTÂNCIA PARA SE LER E ESCREVER BEM

A GRAMÁTICA NÃO PODE SER A ÚNICA INSTÂNCIA PARA SE LER E ESCREVER BEM

JOSÉ MARIA V. MARANHÃO- 4º PERÍODO DE LETRAS


Atualmente a educação está passando por sérias crises de identidade, ou seja, todo currículo escolar está sendo trabalhado sobre diversas pressões sociais, mas além das necessidades econômicas, os pais também agem no processo do ensino-aprendizagem. Por conta da dificuldade de se ingressar no mundo do trabalho, os pais cobram dos professores uma aula extremamente funcional, onde o que deve ser ensinado para seu filho tem que ser exatamente igual aquilo que ele mesmo aprendeu.
Em se tratando de língua portuguesa, é muito comum os pais exigirem dos professores o ensino de “pontos” gramaticais, que julgam ser elementares para saber ler e escrever bem. Existem pessoas que retiram seus filhos de uma escola porque o livro didático adotado não ensinava temas indispensáveis como “sinônimos”, “coletivos”, etc. Cobram dos docentes uma postura extremamente rígida no que diz respeito à gramática, eles esperam que os discentes saiam da sala de aula sabendo escrever perfeitamente, mais ainda, que sejam escritores brilhantes, estando a gramática como a solucionadora de todos esses problemas.
Ora, os escritores são os primeiros a dizer que a gramática não é tão boa assim, vários dos grandes escritores brasileiros, quando perguntados sobre o tema, afirmaram que não sabem muito ou não gostava dela. Carlos Drummond de Andrade afirma “preciso de adjetivos para qualificá-la”, e no poema “Aula de português”, também expressa sua opinião diante do “mistério” das figuras da gramática, esquipáticas, que compõe “o amazonas de minha ignorância”. No livro Língua e Liberdade, Celso Pedro Luft relata que quando Machado de Assis abriu a gramática de um sobrinho, espantou-se com sua própria “ignorância” por “não ter entendido nada”. Grandes escritores afirmaram que não dominam esse livro normativo, vem uma indagação: Será que ele é tão importante assim? “Um ensino gramaticalista abafa justamente os talentos inertes, insegurança na linguagem, gera aversão ao estudo do idioma, medo à expressão livre e autêntica de si mesmo” (Perine, apud Bagno, 1997, p. 65).
Segundo Perini (1997), “na fase em que a criança mais deveria se desenvolver, ela é barrada por uma série de normas que abafam seus talentos, sua vontade de escrever aquilo com o qual ela se identifica, não pode ser satisfeita e tudo que deveria ser feito com prazer passa a ser feito por obrigação ou castigo, com a pedagogia do medo”.
Hoje se sabe que os primeiros gramáticos do ocidente, os gregos, só foram elaborá-la no século II a.C., mas que muito antes diziam já existir na Grécia uma rica literatura, que é lembrada até os dias atuais por sua influência em toda cultura Ocidental. A Ilíada e a Odisséia já eram conhecidas no século VI a.C., nesta mesma época, outros tantos autores famosos como Ésquilo, verdadeiro criador da tragédia grega, já havia escrito suas obras primas. E que gramática eles usavam? Provavelmente, nenhuma. Como puderam escrever tão bem em suas línguas sem utilizar nenhuma normatização?
As gramáticas surgiram precisamente para descrever e “fixar” como regra padrão a maneira como alguns ricos, considerados dignos de admiração e modelo a ser imitado, falavam e escreviam. Então dentro de uma sociedade de classes sociais distintas, apenas uma classe, a minoria, é escolhida para refletir todas as realidades lingüísticas. A partir dessa concepção, toda adversidade de falares gregos, dos pobres, passa a ser subordinada a um falar estilizado, com suas particularidades e falhas, que pouco se relacionava com a realidade dos menos afortunados. Com isso, o falar das camadas mais humildes passou a ser considerado vulgar ou errado, deixando a impressão que desde aquele tempo a gramática foi inventada pelos ricos e para os ricos.
“Saber gramática, ou mesmo falar português, é geralmente considerado privilégio de poucos. Raras pessoas se atrevem a dizer que conhecem a língua. Tende-se a achar que se fala “de qualquer jeito”, sem regras definidas. Dois fatores principais contribuem para essa convicção tão generalizada: primeiro, o fato de que falamos com uma facilidade grande, de modo sem pensar. Segundo, o ensinar escolar incentivou, durante anos, a se conhecer a nossa língua” (Perini, 1997).
Bagno, citando Possenti (2005, p. 64), revela que os fatores que produzem diferenças na fala de pessoas são externos à língua. Os principais são os fatores geográficos, de classe, de idade, de sexo, de etnia, de profissão, etc.
Sabendo que a fala dos povos pode variar de pessoa para pessoa, torna-se difícil compreender que os falares não variam, pois a língua é extremamente dinâmica e revela a identidade de cada nação ou localidade. Tentar repassar a língua por medo de sua evolução vai contra sua função primordial, de nomear matérias novas e acompanhar a evolução social e científica.
As plantas só existem porque os livros de botânica as descreveram? É claro que não. Os continentes só existem por que alguém desenhou um mapa? Também não. Do mesmo modo ocorre na língua. O conhecimento não se concentra num livro, deve-se ter em mente a imensidão da língua para depois se fazer qualquer tipo de analogia. Como disse um professor, “a língua é como um rio caudaloso que nunca pára, a gramática normativa é apenas um igapó”.

Referências Bibliográficas

ANDRADE, Carlos Drummond. Aula de Português. Poema
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