domingo, 21 de setembro de 2008

A Influência dos Contos de Fadas sobre o Leitor Infantil

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS
DISCIPLINA: PRODUÇÃO DE TEXTO

ENSAIO CIENTÍFICO


A Influência dos Contos de Fadas sobre o Leitor Infantil
Márcio Vasconcelos Diogo
Aluno do IV período de Letras-UVA.


O conto de fadas, assim como qualquer outro gênero da literatura infantil, deve ser trabalhado como um instrumento de construção dos primeiros passos da consciência crítica no público infantil. É preciso deixar de lado a concepção de que as narrativas infantis só servem, simplesmente, como leitura de recreação, sentir prazer. Na verdade, os contos podem atuar como viabilizadores do enriquecimento interior, do desenvolvimento intelectual e emocional das crianças, formando adultos maduros e com plena visão crítica de suas realidades.
Entre os diversos estudos que tratam da literatura infantil, observamos aqueles que são contrários ao nosso ponto de vista, quando afirmam que os contos de fadas trariam prejuízos à formação psicológica da criança. Compreendemos que de forma alguma as narrativas maravilhosas poderiam estar associadas a efeitos negativos. As histórias e lendas de fadas são elementos benéficos capazes de atuar satisfatoriamente no imaginário infantil e que devem ser utilizados como instrumento pedagógico.
As linhas de argumentos sustentadas por aqueles que se opõem aos contos é de que muitos aspectos de tais histórias, como a solução de problemas complexos por fenômenos mágicos, a personificação do bem e do mal em determinadas personagens e toda a tensão emocional trariam prejuízos de caráter emocional e ao convívio social das crianças. O que resultaria disso seriam adultos tomados por medos e insegurança.
Este discurso pessimista, no entanto, vê-se encurralado por algo que é próprio da arte, da literatura - onde se encontra a literatura infantil – e que já vem sendo discutido desde a Grécia Antiga: a “catársis’’. Segundo Samuel (1985) apud Coelho (1985, p.18): “O termo catársis é um termo técnico usado pela medicina do tempo de Aristóteles, significando purgação. Também era empregada na linguagem religiosa como sinônimo de expiação ou purificação. Analogicamente se usa em sentido psíquico, como processo pelo qual se purgam as paixões ou tensões da alma. (...) Quando a mimésis está inteiramente desabrochada há catársis, ela é a experiência, operada pela arte, de totalidade, no sentido subjetivo e objetivo.”
Ora, como vemos, os contos estão longe de ser interpretados como elementos nocivos. Pelo contrário, como Aristóteles defendia, põem fora o que é prejudicial.
O que propomos é a utilização dos contos de fadas como recurso de amadurecimento, de descobertas, de auto-conhecimento e evolução dos sentidos. Dessa forma queremos evitar a concepção da literatura infantil apenas como livrinhos muito coloridos usados na distração e prazer das crianças, e que podem vir a trazer danos á criança. É possível que, se não trabalhado adequadamente e sem a atuação de um mediador competente, os efeitos apresentados pelos contos de fadas não sejam positivos. É responsabilidade das escolas, professores e pais impedir que isto ocorra e que os resultados obtidos sejam apenas os satisfatórios. Os contos de fadas tornam possível a exploração e a interiorização do mundo de forma crítica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COELHO, Nelly Novaes. O conto de fadas. Revista Criança. Brasília: n. 38, p. 10-13, ? . 2005.
VIEIRA, Isabel Maria de Carvalho. O papel dos contos de fadas na construção do imaginário infantil. Revista Criança. Brasília: n. 38, p. 8-9,. 2005.
COELHO, Nelly Novaes. Panorama histórico da literatura infantil/ juvenil. 3 ed. São Paulo: Quiron, 1985. P. 18-19.

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