domingo, 21 de setembro de 2008

O Adultério em “O Cortiço” numa interpretação interdisciplinar:literatura e leitura.

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO: LETRAS
DISCIPLINA: PRODUÇÃO DE TEXTO

ENSAIO CIENTÍFICO

O Adultério em “O Cortiço” numa interpretação
interdisciplinar: literatura e leitura.

Luiza Selma Freire Araújo
Aluna do 4º período de Letras da UVA

Na obra “O Cortiço, podemos encontrar em alguns personagens o adultério, relação extra matrimonial, daí ser feito um breve estudo sobre o papel matrimonial nas relações e vínculos conjugais. Não tem sido muito comum aos leitores fazerem uma abordagem de termos literários numa visão que inclua leitura e literatura. Quando se analisa sentimentos de personagens de obras literárias relacionam-se logo a uma abordagem que não leve em conta a interdisciplinaridade.
O adultério ultrapassa épocas, mas a cada momento diversifica o seu sentido. O conceito de casamento vem evoluindo e se transformando de acordo com o tempo, pois se “em sua forma antiga, o casamento só continha efeito de status: transmissão de nome, constituição de herdeiros, organização de um sistema de alianças,junção de fortunas”. Foucault (1985, p. 81). Hoje, olhando de um modo geral, os casamentos se dão através de dois pontos de vista: de um lado físico e sexual e de outro, o racional e social, que é a compartilha da existência, a afeição e a amizade que existe entre um casal.
Diante desta concepção de Foucault, de que o casamento só continha efeito de status, em que o adultério tinha como definição os danos aos direitos do marido, pode-se ver que na obra “O Cortiço” acontece algo muito semelhante, pois Miranda mesmo sabendo que sua mulher era adúltera continuava com ela, escondendo de todos que sua esposa mantinha relações sexuais fora do casamento, já que ele tinha que mostrar para a sociedade que compartilhava muito bem a sua vida com a mulher, uma vez que dependia de estar junto dela para a obtenção de seus objetivos.
Se um homem tiver um pensamento tradicional, um dos motivos que pode levá-lo a cometer o adultério, é procurar em outras mulheres, fora do casamento, maneiras mais ardentes e luxuriosas de sentir prazer sexual, por pensar que a relação conjugal tem que ser diferente entre amantes, pois “não se deve tratar a própria esposa como uma amante e que no casamento é preciso conduzir-se como marido e não como amante”, Foucault (1985 p. 178). No entanto, em “O Cortiço”,se tratando de Miranda e sua esposa, o adultério é muito mais um negócio do que um sentimento de traição.
O adultério que antes era um assunto polêmico, hoje é encarado de maneira comum, podemos observar isso ao lermos “O Cortiço”, em que quase todos os casais da obra cometem o adultério, e trocam com muita freqüência de parceiros. Um exemplo disso é Jerônimo, que chegou até a renunciar sua própria identidade, quando traiu a sua esposa, ao se apaixonar por Rita Baiana. Seguindo a linha de raciocínio da obra, eu diria como Foucault (1988) que “os indivíduos deveriam viver apenas como os animais, unir-se e logo separar-se”. A partir daí podemos perceber a influência naturalista sob o adultério.
Leitura e literatura encontram-se neste processo interdisciplinar. Enquanto a literatura resgata o universo temático das obras, no contexto de época, a leitura, por sua vez, encontra espaço para analisar a interpretação do leitor diante da temática em discussão. È o que acontece neste estudo em que foi analisada uma temática através da interpretação de uma obra literária.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade, 3: O Cuidado de Si.Rio de Janeiro:
Edição Graal, 1985.
AZEVEDO, Aluizio. O cortiço. São Paulo.Editora Moderna.1996.

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