domingo, 21 de setembro de 2008

Dialogismo no Discurso de Fabiano em Vidas Secas:Autonomia e Obediência.

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS
DISCIPLINA: PRODUÇÃO DE TEXTO

Ensaio Científico

Dialogismo no Discurso de Fabiano em Vidas Secas:
Autonomia e Obediência

Francisco Fabrício Pinto
Aluno do curso de letras da Uva

O diaslogismo nem sempre tem encontrado espaço nos estudos da narrativa literária. Muitas análises ainda se destacam sob o monologismo. O dialogismo precisa tomar mais espaço na analise dos textos literários. A análise do discurso de Fabiano será sobre a ótica do dialogismo, ou seja, Fabiano mesmo fazendo parte de uma sociedade desumana, ele não pode se deixa levar por estruturas sociais ao qual era submisso.
A Interlocução, durante muito tempo, não fez parte dos estudos sobre analises do conteúdo dos textos literários. A análise geralmente era direcionado para estruturas dos elementos que compunham a narrativa, e o conteúdo era a análise desses elementos, marcando o monologismo na leitura. O Monologismo, segundo Bakhtin, “É uma visão que está difundida em todos os meios de comunicação.”
Bakhtin Apud Cama (2008) Explica que dialogismo “É uma subjetividade que é constituída pelo conjunto de relações de que participa o sujeito. Para Bakhtin, o sujeito não é submisso às estruturas sociais, nem é uma subjetividade autônoma em relação à sociedade.”
Fabiano, um personagem de vidas secas, por achar-se analfabeto, entra em contradição em relação aos seus sentimentos, pois quando sofre abuso por parte das autoridades fica no seu interior o desejo de reagir contra o soldado amarelo, mas no seu exterior cala-se como um ser obediente. Como afirma Graciliano Ramos em Vidas secas (1960,p.32): “Ora o soldado Amarelo...sim, havia um amarelo, criatura desgraçada que ele, Fabiano, desmancharia com um tabefe. Não tinha desmanchado por causa dos homens que mandavam. “Quando ele usava a voz baixa para xingar o soldado amarelo, usava o discurso da autonomia.
A submissão também era sofrida por parte de seu patrão, sendo que trabalhava a frio na busca de agradá-lo e este quando chegava a fazenda desagradava a Fabiano, como explicava Graciliano Ramos em vidas secas (1960,p.23): “O patrã
o atual, por exemplo, berrava sem precisão. Quase nunca vinha à fazenda, só botava os pés para achar tudo ruim. O gado aumentava, o serviço e a bem, mas o proprietário descompunha o vaqueiro. Natural. Descompunha porque podia descompor, e Fabiano ouvia as descompostura com o chapéu de couro debaixo do braço desculpava-se e prometia emendar-se. Mentalmente jurava não emendar nada por que estava tudo em ordem, e o amo só queria mostra autoridade, gritar que era dono”.
Uma maneira que Fabiano Poderia se opor a toda essa submissão por parte do saldado e do patrão era acalmar-se e tentar de uma maneira simples e do seu jeito explicar todos os seus sentimentos, tentar provar para o patrão que estava tudo bem na fazenda e não questionar frente ao soldado o porquê da injusta prisão. Para isso, para não se zangar o soldado amarelo, em voz alta, obedecia, cumpria as ordens, usava o discurso da submissão.
Toda essa submissão, pela qual Fabiano sofria, está relacionada a todos um contexto ao qual a realidade do sertanejo traz, que é a desigualdade social, a submissão que os pobres sofrem em relação aos Ricos. Os abusos de autoridades, pelo fato de estarem vestindo uma farda, acham-se no direito de mandar sobre todos os cidadãos. Fabiano é um personagem característico do dialogismo discursivo, quando resmunga em voz baixa usa o discurso da autonomia e xingar o patrão, o soldado amarelo. Quando usa a voz alta, apenas obedece, aceita passivamente, submete-se às ordens, é obediente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 6° ED. São Paulo, 1960.
CAMA, Rodrigo S. Introdução ao pensamento de Bakhtin. www.rodrigoscama.com.br. (2008). Acessado Em 05/08/2008


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