quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A Ineficiência do Ensino Brasileiro

ENSAIO CIENTÍFICO

A Ineficiência do Ensino Brasileiro

Ana Cristina Ribeiro de Morais
Aluna do curso de Letras da UVA.

Muito se discute sobre educação, mas pouco tem sido feito, pois o Brasil ainda tem índices muito baixos de desempenho escolar, contudo, é preciso reverter esta situação, sendo necessário enfrentar as causas que vêm levando a uma má educação, como a má formação do professor, a promoção automática, os baixos salários, jornadas dobradas de trabalho de alguns professores, muitas vezes, falta de materiais didáticos e a pressão por parte de alguns gestores exercida sobre o docente.
Percebe-se que apesar de tantos planos e inovações na educação, porém, não se tem ainda um bom resultado, sabe-se que a peça fundamental para um ensino de qualidade é o professor, mas quando esse é formado por uma instituição de ensino ineficaz, que não apresenta propostas, métodos de educação e ensino na área em que vai lecionar, provavelmente, ele será um mau professor. Isso trará prejuízo para todos, pois a valorização do profissional está associada ao domínio das áreas de conhecimentos nas quais ele lida. Num artigo de Ioschpe (2007), o autor “comenta que o docente que se formou em universidade claudicante, ele será um mau professor por mais equipada que seja a escola em que lecionará”.
Um outro assunto pertinente é a promoção do educando, pois se a solução para o avanço do ensino se tratasse apenas em promovê-lo, então, não estaríamos mais tão atrasados nesse tocante. No artigo de Ioschpe (2007), o autor “fala sobre o teste internacional de qualidade de ensino, o qual é reconhecido mundialmente, sendo aplicado pela OCDE, o documento mostra que o desempenho geral da educação do Brasil foi péssimo, ficando em último lugar em matemática, penúltimo em ciência, e 37º em leitura”. Ao que se percebe promover um aluno não dará a esse conhecimento necessário para a assimilação de novos saberes, mas este sentirá cada vez mais dificuldades, pois ele estará acumulando pré-requisitos, sendo barrado no futuro ao prestar concursos de vestibulares e outros.
O Brasil implantou políticas de cargos, salários, planos como o FUNDEB, tendo como objetivo o desenvolvimento educacional, mas mesmo assim os professores estão sendo mal remunerados, pois muitos não recebem do FUNDEB e não sabem para onde está indo esse dinheiro. Muitos docentes para sobreviverem se obrigam a dobrar sua jornada de trabalho, assim restará pouco tempo para a elaboração de um plano de aula de qualidade que atendam a todos a necessidade do educando e, com isso, a educação vai ficando cada vez mais em decadência, é o que revelam as pesquisas, que alunos chegam na 5ª e 6ª séries sem saber ler, nem escrever e muito menos sabem as quatro operações de matemática. Há também prefeituras que contratam professores no início do ano letivo até o final do ano, ficando estes demitidos após o final do contrato temporário, por mais ou menos um mês, para depois contratá-los, sem lhes dar nenhum direito e nem ao menos pagar FUNDEB. Mediante a este problema, o professor se sentirá desvalorizado, ou até mesmo desestimulado, o que trará prejuízo para o ensino. Pelegrini apud Cury (2007) “fala que as reclamações dos docentes têm procedências, pois os salários são muito baixos em alguns lugares, os docentes se vêem obrigados a dobrar ou triplicar sua jornada”. Dessa forma, o maior prejudicado é o aluno.
Dentre os problemas educacionais se encontram também a carência de materiais didáticos, pois faltam grandes bibliotecas com acervo de livros, e muitas escolas ainda não têm computadores, outras têm, mas é usado de forma inadequada, pois o principal a acessar esse recurso era para ser o discente e muitas vezes é-lhe tirado esse direito que é tão importante na obtenção de informação e para seu crescimento intelectual.
Outro problema que chama atenção são as pressões sofridas pelo professor que acaba transferindo-as para o aluno. As escolas têm uma meta a alcançar e isso é importante desde que não sufoque professores e alunos, no entanto, muitos gestores vêm pressionando seus professores a atingir essa meta, seja como for, por isso muitos professores vêem essas provas de avaliação do sistema educacional como um terror e transmitem isso para o aluno, que consequentemente ficará desnorteado, sendo todos prejudicados.
Assim, diante de todos esses problemas, ficará difícil obtermos um avanço na educação, pois se nem todos os professores são qualificados, se estes são mal remunerados, se falta materiais, sofrem pressões, dobram jornada de trabalho, o aluno será altamente prejudicado. Na busca de solucionar o problema do aluno, promove-o para a série seguinte, agravando ainda mais a situação desses que terão de obter conteúdos acima de seu nível e, com isso, ele se sentirá inseguro ou até mesmo incapaz, por isso muitos abandonam a escola. Portanto, é importante analisarmos o que está dando certo na educação e o que não está dando certo, é preciso fiscalizar para onde está indo o salário dos professores sendo necessário investirem em todas as escolas tendo como meta um ensino eficaz.

Referências Bibliográficas

IOSCHPE, Gustavo. Preocupe-se. Seu filho é mal educado. Artigo publicado na revista veja. São Paulo: editora abril, 2007.
PELEGRINI, Denise. O professor discute seu papel. Levantamento publicado pela revista escola. São Paulo: editora abril, 2007.

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