segunda-feira, 22 de setembro de 2008

OS BENEFÍCIOS DA ESCRITA ESPONTÂNEA PARA O DESENVOLVIMENTO DA CAPACIDADE COMUNICATIVA E AFETIVA

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS
PRODUÇÃO DE TEXTO

ENSAIO CIENTÍFICO

OS BENEFÍCIOS DA ESCRITA ESPONTÂNEA PARA O DESENVOLVIMENTO DA CAPACIDADE COMUNICATIVA E AFETIVA

Alessandra Zelinda Sousa Bessa
Aluna do 4ºperíodo do curso de Letras-UVA

Escrever tem se tornado um processo metódico, cheio de regras, manuais e métodos que viraram rotina das técnicas sem motivação, faltando inspiração e personalismo. As pessoas precisam ver o ato de escrever não só como uma atividade obrigatória, mas também como um alívio de suas angústias, para proporcionar-lhes prazer.
É aquela história “Não se bebe, ri, proseia, fala alto nas novas redações”. O medo da escrita está dominando os escritores, pois vivemos na “Ditadura da gramática normativa”. A escrita é nada mais do que uma técnica de comunicação. Portanto, tentar escrever de maneira espontânea é essencial para conseguir o objetivo primeiro, que é dar uma opinião, desabafar sentimentos, criar uma história ou fazer um relato.É preciso haver naturalidade pra tornar a escrita prazerosa.
Os indivíduos acham que escrever está somente ligado a intelectualidade e acreditam que só quem escreve são intelectuais letrados. Isso faz parte da cultura que se possui. É necessário entender que escrever faz bem. A poesia nos livra de males, espanta a ociosidade, aguça a nossa curiosidade,ameniza a solidão,tristeza,ansiedade e angustia. Escrever é extremamente benéfico quando realizado sem pressão.
Como diz Paulo Coelho (2008), “Escreve, seja uma carta,um diário ou umas notas,enquanto falas ao telefone, mas escreve. Procura desnudar a tua alma por escrito, ainda que ninguém leia, ou, o que é pior que alguém acabe lendo o que não queira. O simples ato de escrever ajuda-nos a organizar o pensamento e a ver com mais clareza o que nos rodeia.Um papel e uma caneta fazem milagres, curam dores, consolidam sonhos levam e trazem a esperança perdida.As palavras tem poder”.
A manipulação da escrita pela gramática normativa está gerando trauma nos escreventes, precisamos de escritores e não de meros profissionais letrados, que escrevem sem amor, mais estritamente destinado a profissão. Não queremos escritores alienados, necessitamos de escritores apaixonados.A escola pode oferecer projetos de escrita informal e espontânea, com oficinas em horários fora da sala de aula.
É imprescindível que mudemos o hábito de criticar os erros dos alunos e substituí-los por uma maior motivação para a leitura e escrita espontânea, pois só se aprende escrevendo e lendo, além de ser altamente saudável. Os critérios usados pelos escritores para o exercício da escrita devem ser entendido como algo que desenvolva a sua capacidade comunicativa, e que não seja uma atividade de avaliação, teste de aprendizagem, ou um ato de punitivo. As pessoas são deferentes e isso envolve sua escrita , cada ser escreve de um jeito diferente,tem sua identidade e busca autonomia. Como explica Cavalcante (2001), “A escrita espontânea não se enquadra nos parâmetros do certo e do errado, mas sob o âmbito da consciência e dos valores subjetivos atribuídos ao texto lido. É muito mais um ‘Saber’ por que precisa manifestar algo do que um ‘Saber’ sobre o que o texto disse ou como devo escrever” Daí a flexibilidade da escrita espontânea.
Assim sendo, nossa preocupação fundamental é com o desenvolvimento da prática mais freqüente da escrita espontânea, pois este exercício é saudável, melhora o raciocínio, estimula a paciência, a disposição mental, a memorização, além de formar escritores autênticos, sem artífices, diminuindo o medo da rejeição no ato de escrever. Portanto, a liberdade no ato da escrita torna os produtores capazes de aumentar suas habilidades comunicativas, isolando a idéia de que a escrita metódica é a única capaz de fazer as pessoas escreverem bem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAVALCANTE JR,Francisco Silva. Por uma escola do sujeito :o método (com)texto de letramentos múltiplos. Fortaleza: Demócrito Rocha, 2001.
COELHO, Paulo. Escrever faz bem. http://www.escreverfazbempaulocoelho/. 2007. Acesso
em 18/09/2008.
MAY, Rollo. A coragem de criar. 15.ed .Rio de Janeiro:Nova Fronteira, .2002.

O Uso dos Modalizadores na Construção da Persuasão em Textos Jornalísticos

UNIVERSIDADE VALE DO ACARAÚ – UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
PRODUÇÃO DE TEXTO

ENSAIO CIENTÍFICO

O Uso dos Modalizadores na Construção da Persuasão
em Textos Jornalísticos

Simone Paiva Feijão
Aluna do 4º período de Letras – UVA

A estrutura dos textos jornalísticos utiliza da construção de persuasão como recurso para atingir o leitor. O locutor, quando se apropria de um determinado discurso, não o faz de forma aleatória, ao contrario, ele busca as possibilidades que lhe parecem mais eficazes para convencer o interlocutor.
Existem duas classes gerais de modalidades: a) a modalidade de frase, ou seja, aquela necessária a constituição de uma frase enquanto enunciado interrogativo, exclamativo e imperativo; b) modalidade lógica, ou seja, aquela que expressa um julgamento do enunciador em relação ao que enuncia. (BUYSSENS, 1972).
Tanto no âmbito da lógica como no campo da Lingüística, em cuja junção dos dois encontram-se os modalizadores. O que caracteriza essencialmente o processo da modalização é o fator subjetivo.
A existência de modalizadores em um texto jornalístico é indispensável com a presença das palavras (com certeza, necessariamente, é preciso, acredito que, etc.), para sinalizar o modo de quem fala ou escreve frente ao que declara. Por exemplo: “Ford Ka. Certamente rápido, muito rápido”. (Superinteressante, julho de 2001). O estilo persuasivo é subjetivo, de ordem afetiva e avaliativa, manifestado pelo uso da palavra ou expressão tonalizadora de estilo e intenção.
Como um procedimento que resulta de exercícios da linguagem, cujo objetivo é formar atitudes, comportamentos, idéias. Desse modo, garantiu-se princípio democrático da circulação social do discurso, persuadir passa a ser uma instância legítima de convencimento, de afirmação de valores e de construção de consensos.
A persuasão é provavelmente a habilidade mais importante par um texto jornalístico. A presença dessa palavra em um texto tanto pode ser usada para realizações nobres, como para enganar as pessoas.
Independentemente do tema dos textos, a persuasão é necessária para engrandecer o discurso do autor. O uso das modalidades no emprego da persuasão não são nem boas nem más, o uso que se faz delas é que podem ser nobre e não tão nobre. O estilo persuasivo se submete às escolhas que o produtor faz no momento da produção do estilo de frase e das oscilações de mensagens, que se organizam para manifestar suas intenções, ou modos de se pronunciar para um público leitor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUYSSENS, E. 1972. Semiologia e Comunicação Lingüística. Trad. DeIzidoro Blikstein. São Paulo, Cultrix/EDUSP.
Discurso, subjetividade e modalização. Superinteressante, julho de 2001.


domingo, 21 de setembro de 2008

A Influência dos Contos de Fadas sobre o Leitor Infantil

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS
DISCIPLINA: PRODUÇÃO DE TEXTO

ENSAIO CIENTÍFICO


A Influência dos Contos de Fadas sobre o Leitor Infantil
Márcio Vasconcelos Diogo
Aluno do IV período de Letras-UVA.


O conto de fadas, assim como qualquer outro gênero da literatura infantil, deve ser trabalhado como um instrumento de construção dos primeiros passos da consciência crítica no público infantil. É preciso deixar de lado a concepção de que as narrativas infantis só servem, simplesmente, como leitura de recreação, sentir prazer. Na verdade, os contos podem atuar como viabilizadores do enriquecimento interior, do desenvolvimento intelectual e emocional das crianças, formando adultos maduros e com plena visão crítica de suas realidades.
Entre os diversos estudos que tratam da literatura infantil, observamos aqueles que são contrários ao nosso ponto de vista, quando afirmam que os contos de fadas trariam prejuízos à formação psicológica da criança. Compreendemos que de forma alguma as narrativas maravilhosas poderiam estar associadas a efeitos negativos. As histórias e lendas de fadas são elementos benéficos capazes de atuar satisfatoriamente no imaginário infantil e que devem ser utilizados como instrumento pedagógico.
As linhas de argumentos sustentadas por aqueles que se opõem aos contos é de que muitos aspectos de tais histórias, como a solução de problemas complexos por fenômenos mágicos, a personificação do bem e do mal em determinadas personagens e toda a tensão emocional trariam prejuízos de caráter emocional e ao convívio social das crianças. O que resultaria disso seriam adultos tomados por medos e insegurança.
Este discurso pessimista, no entanto, vê-se encurralado por algo que é próprio da arte, da literatura - onde se encontra a literatura infantil – e que já vem sendo discutido desde a Grécia Antiga: a “catársis’’. Segundo Samuel (1985) apud Coelho (1985, p.18): “O termo catársis é um termo técnico usado pela medicina do tempo de Aristóteles, significando purgação. Também era empregada na linguagem religiosa como sinônimo de expiação ou purificação. Analogicamente se usa em sentido psíquico, como processo pelo qual se purgam as paixões ou tensões da alma. (...) Quando a mimésis está inteiramente desabrochada há catársis, ela é a experiência, operada pela arte, de totalidade, no sentido subjetivo e objetivo.”
Ora, como vemos, os contos estão longe de ser interpretados como elementos nocivos. Pelo contrário, como Aristóteles defendia, põem fora o que é prejudicial.
O que propomos é a utilização dos contos de fadas como recurso de amadurecimento, de descobertas, de auto-conhecimento e evolução dos sentidos. Dessa forma queremos evitar a concepção da literatura infantil apenas como livrinhos muito coloridos usados na distração e prazer das crianças, e que podem vir a trazer danos á criança. É possível que, se não trabalhado adequadamente e sem a atuação de um mediador competente, os efeitos apresentados pelos contos de fadas não sejam positivos. É responsabilidade das escolas, professores e pais impedir que isto ocorra e que os resultados obtidos sejam apenas os satisfatórios. Os contos de fadas tornam possível a exploração e a interiorização do mundo de forma crítica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COELHO, Nelly Novaes. O conto de fadas. Revista Criança. Brasília: n. 38, p. 10-13, ? . 2005.
VIEIRA, Isabel Maria de Carvalho. O papel dos contos de fadas na construção do imaginário infantil. Revista Criança. Brasília: n. 38, p. 8-9,. 2005.
COELHO, Nelly Novaes. Panorama histórico da literatura infantil/ juvenil. 3 ed. São Paulo: Quiron, 1985. P. 18-19.

A FUNÇÃO SOCIAL DA LEITURA

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
DISCIPLINA: TEXTO E DISCURSO

ENSAIO CIENTÍFICO

A função social da leitura

Débora Braga Prado
Aluna do 4º período de Letras


A leitura é o ato ou efeito de ler. É um testemunho oral da palavra escrita de diversos idiomas, uma atividade básica na formação cultural da pessoa e um benefício à saúde mental. Através da leitura, o ser humano não só adquire o conhecimento, como também pode transformá-lo em um processo de aperfeiçoamento sucessivo.
O não acesso ao livro e a leitura a todas as classes sociais é uma imperfeição no processo de socialização do indivíduo, pois a possibilidade de interpretar o código escrito e de saborear a beleza das palavras é indispensável a dignidade humana em uma sociedade que favorece a escritura e se afasta da oralidade, sendo incontestável que a leitura do texto escrito constitui uma das conquistas da humanidade.
Segundo Silva (1985, p.22 – 23), “a leitura, se levada a efeito, crítica e reflexivamente, manifesta – se como um trabalho de combate a alienação (não – racionalidade), capaz de facilitar ao gênero humano a realização de sua plenitude (liberdade)”. Nesta perspectiva, a leitura caracteriza – se como uma atividade de conscientização e questionamento, sendo que a função social da leitura é facilitar ao homem a compreensão e assim emancipar – se dos dogmas que a sociedade lhe impõe, pois, isso é impossível pela reflexão critica e pelo questionamento proporcionado pela leitura. A sociedade para buscar a formação de um novo homem terá de se concentrar na infância para atingir seus objetivos.
Mesmo sendo mal compartilhada, admite–se que a leitura é um direito de todos. O analfabeto não sabe ler e nem escrever, o que o torna um iletrado funcional impossibilitado de ler e escrever o mínimo necessário à vida profissional, a socialização leitora.
Perrotti (1990, p.75) alerta sobre a urgência de apresentar a leitura como “atividade nobre e reconhecida pelo e no grupo social” para conferir à infância identidade sócio-cultural.
Letramento é o resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e de escrita. É o estado ou a condição que adquire um grupo social, ou um indivíduo, como conseqüência de ter se apropriado da escrita e de suas práticas sociais. Apropriar se da escrita entorná-la própria, ou seja, assumi-la como propriedade. Um indivíduo alfabetizado, não é necessariamente um indivíduo letrado, pois ser letrado implica em usar socialmente a leitura e a escritura e responder às demandas sociais de leitura e de escrita.
O papel da escola também é promover a função social da leitura. “O processo de aprendizagem na alfabetização de adultos está envolvida na prática de ler, de interpretar o que lêem, de escrever, de contar, de aumentar os conhecimentos que já têm e de conhecer o que ainda não conhecem, para melhor interpretar o que acontece na nossa realidade” (FREIRE, p. 48).
Contudo, a função social da leitura é possibilitar ao homem sua liberdade e sua formação e reflexão critica. E, através da cultura popular, o que se quer é a afetiva participação do povo como sujeito na construção do país. Quanto mais consciente o povo faça sua história, mais o povo perceberá, com lucidez, as dificuldades que têm a enfrentar, no domínio econômico, social e cultural, no processo permanente de sua libertação. Ler, então, é um processo de socialização do individuo reconhecida pelo e no grupo social.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Freire, Paulo. A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. 22 ed. São Paulo: Cortez, 1988.
PERROTTI, Edmir. Confinamento cultural, infância e leitura. São Paulo: Smmus, 1990.
SILVA, Ezequiel Theodoro. Leitura na escola e na biblioteca. Campinas: Papirus, 1985

COMO OS PROFESSORES ANALISAM A OBRA "O CORTIÇO"

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS
DISCIPLINA: PRODUÇÃO DE TEXTO


ENSAIO CIENTÍFICO

COMO OS PROFESSORES ANALISAM A OBRA “O CORTIÇO”

Regina Madeira de Siqueira
4° período – Letras /UVA

A obra “O cortiço” do autor Aluizio de Azevedo, quando adotada nas escolas, integra ao currículo, não como uma disciplina, mas como parte integrante da nossa literatura, inclusive multidisciplinar.
Por se tratar de um livro que baseia em heróis coletivos, mostra as condições de vida dos diferentes extratos sociais da pirâmide capitalista na cidade do Rio de Janeiro, em crescimento. Como podemos observar quando o autor nos narra: “É naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a esfervilhar a crescer, um mundo, uma coisa viva, uma geração que parecia brotar espontânea, ali mesma, daquele lameiro, e multiplicar- se como larvar no esterco.” Os livros didáticos adotados pela instituição de ensino freqüentemente seguem uma linha de ensino que baseia em trabalhar inicialmente com a leitura de um fragmento da obra, na qual, aborda comentários referentes o enredo acima mencionado, analisando o momento histórico, explorando a biografia do autor.
Eles utilizam como metodologia de ensino recursos que, muitas vezes, não vêm a buscar, em seus alunos, a motivação necessária para obter o aprendizado desejado, por suas aulas serem apenas desenvolvida através da leitura e resolução de atividades contidas no livro didático.
É necessário desenvolver atividades que levem os discentes a uma reflexão do mundo que o cerca, partindo da obra como “O cortiço”, utilizando recursos para que o professor busque a melhor forma empregá – los na disciplina (Literatura) realizando assim a imprescindível interação entre a leitura com o mundo em sua volta.
Muito tem sido escrito sobre a importância de desenvolver – se aulas menos mecanizadas, mas o que podemos observar é que há poucos que adotam este tipo de metodologia de ensino diversificado. A nossa proposta parte da avaliação das metodologias adotadas pelo professor para que haja um conhecimento do conteúdo abordado, utilizando como material de pesquisa o livro “O cortiço” em que analisaremos o contexto de mudanças e evoluções ocorridas na sociedade que beneficiam o desenvolvimento da aplicação do enredo. A escola não pode deixar de incorporar as novas transformações intervindas para sistematizara interação de todos os recursos pedagógicos e utilizando que melhor tem a oferecer. Recursos estes como a interação, o leitor, a obra, o contexto, o estilo e as condições de leitura.
Muitos acreditam que o ensino baseado em uma metodologia diversificada (apresentações, filmes, etc.) venha a favorecer um melhor aprendizado o que não vem sendo alcançado pelo sistema de ensino como nos mostra dados do IDEBE (Índice de Desenvolvimento Básico da Educação). Conforme Libâneo (1994, p. 165) “Cada disciplina exige também seu material específico como ilustrações e gravuras, filmes discos e fitas, livros, enciclopédias, dicionários, revistas, álbum seriado, cartazes e gráficos. Alguns autores classificam ainda, como meios de ensino, manuais e livros didáticos; rádio, cinema, televisão; recursos naturais (objetos e fenômenos da natureza); recursos da localidade (biblioteca, museu, indústria); excursões escolares; modelos de objetos e situações (amostras, aquário, dramatizações”.
As chances de mudar apenas por possuir livros didáticos bem estruturados nas escolas é quase nula. O que está em foco, e precisa ser entendido, é como os educandos aplicam suas metodologias em sala de aula. Em um bom número de escolas, o aprendizado das disciplinas como português, matemática ou de qualquer outro componente curricular é considerado primordial, ficando esquecidas as obras de escritores renomados como Aluízio de Azevedo, Rachel de Queiroz, dentre outros, por possuírem uma linguagem elevada e de difícil compreender por parte da maioria dos discentes e a falta de tempo para proporcionar um estudo aprofundado dessas obras. O marketing realizado em torno do ensino, utilizando métodos que venham a ativar as forças mentais dos alunos para assimilação do conteúdo de língua portuguesa, e para isso é necessário o apoio de material, que não seja só o giz, o quadro – negro ou exercícios considerados mecanizados.
As obras literárias, computadores ou qualquer outro material didático que usamos, são apenas e não tão somente um meio para que haja um aprendizado de qualidade. Libâneo (1994, p.160) explica que: “Os meios de ensino são considerados em estreita relação com os métodos de aprendizagem. Os métodos de ensino resultam seu critério de classificação da relação existente entre ensino e aprendizagem, concretizada pelas atividades do professor e alunos no processo de ensino”. Estas obras não podem ser apenas um meio utilizado como passatempo, mas um componente curricular que venha a contribuir para o desenvolvimento crítico de seus alunos.
Quando utilizado desta maneira nos estabelecimentos de ensino, ou seja, a obra literária a serviço de um projeto educacional, propicia condições aos alunos de um melhor entendimento do mundo a sua volta. Em decorrência dessas situações, exigimos que os educadores passassem por treinamentos periódicos para dominar com segurança esses métodos auxiliares de ensino, levando os professores a conhecer e aprendera utilizá – los como recursos didáticos.
Assim sendo, nossa preocupação fundamental é com o desenvolvimento de valores, utilizando como material de apoio as obras literárias, tendo como concepção que a educação é elemento formador de indivíduos capazes de modificar o mundo a sua volta. Cabendo ao professor a responsabilidade de intregrá – lo a suas aulas de forma diversificada e criativa. A nossa proposta para o uso destas obras encontra – se na necessidade de formarmos leitores de consciência crítica social. As escolas não podem deixar de incorporar este meio, intervindo para sistematizar a integração de todos os recursos pedagógicos utilizando o que tem de melhor a oferecer.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. Rio de Janeiro: Ed. Tenoprint Ltd, (s.d).
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa LIBÂNEO, J. C. Didática .São Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura), (s.d);

A INCORPORAÇÃO DE VALORES MORAIS EM BRÁS CUBAS (UM HOMEM QUE NADA REALIZOU):BOEMIA.

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS
PRODUÇÃO DE TEXTO

ENSAIO CIENTÍFICO

A INCORPORAÇÃO DE VALORES MORAIS EM BRÁS CUBAS (UM HOMEM QUE NADA REALIZOU): BOEMIA.

Equésia Teixeira de Lima
Aluna do curso de Letras da UVA

O termo boemia traz consigo, de imediato, a idéia de dissolução, de irresponsabilidade, de vícios, de noites de embriaguez e, por conseqüência, dias de ócio, para curar a ressaca. Durante muito tempo, essa expressão foi utilizada para falar de indivíduos que não eram, digamos, “muito responsáveis”. Pessoas sem regra ou disciplina, incapazes de parar em qualquer emprego ou de constituir e sustentar uma família. Brás Cubas incorporou essa maneira de viver, assimilou esses valores.
“Memórias Póstumas de Brás Cubas” é o primeiro romance realista, iniciando a segunda fase, a da maturidade, de Machado de Assis. Relata a história de um homem rico, Brás Cubas, de uma duvidosa descendência nobre, um tanto forjada pelos ascendentes que passa pelo mundo de maneira superficial, despreocupada e egoísta.
Muitos fatores contribuíram para que Brás Cubas tivesse uma vida boêmia: Nasce rico e é mimado pelo pai, tem uma mãe que não parece muito forte, um tio (João) que aparece como um devasso e outros parentes que, de uma ou outra maneira, influenciam na formação moral do menino terrível que ele foi.
Podemos ver no Trecho seguinte um exemplo de como ele era mimado pelo pai: “Da colaboração dessas duas criaturas nasceu a minha educação, que se tinha alguma coisa boa, era no geral viciosa, incompleta, e, em partes, negativa. Meu tio cônego fazia às vezes alguns reparos ao irmão; dizia-lhe que ele me dava muita liberdade do que ensino, e mais afeição do que emenda; mas meu pai respondia que aplicava na minha educação um sistema inteiramente superior ao sistema usado; e por esse modo, sem confundir o irmão, iludia-se a si próprio” (ASSIS, 2007, p.36).
Brás Cubas, classificado pelas críticas como o grande hipócrita da Literatura Brasileira, é um sujeito sem motivos e muito contraditório, sempre rondando a periferia do poder. Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o personagem foi uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem. Sua conduta fica explícita quando descreve sua formação universitária na Europa: “Não digo que a universidade me não tivesse ensinado alguma; mas eu decorei-lhe só as fórmulas, o vocabulário, o esqueleto. Tratei-a como tratei o latim – embolsei três versos de Virgílio, dois de Horácio, uma dúzia de locuções morais e política para as despesas da conversação. Tratei-os como tratei a história a jurisprudência. Colhi de todas as coisas a fraseologia, a casca, a ornamentação(...)” (ASSIS, 2007).
Brás Cubas chega a deputado, perde a chance de ser ministro e passa para a oposição. Pouco a pouco vê parentes, amigos e conhecidos enlouquecer, morrer, desaparecer. No final da vida quer inventar um emplastro, que aliviaria a melancólica humanidade, curando todos seus males. É a primeira e ultima tentativa de deixar sua marca no mundo, de redimir-se de uma vida vazia e sem propósito. “O que me influiu principalmente foi o gosto de ver impressas nos jornais, mostradores, folhetos, esquinas, e enfim nas caixinhas de remédio, estas três palavras: Emplastro Brás Cubas” (ASSIS, 2007, p. 19). Mas ele não alcança seu objetivo, morrendo aos sessenta e quatro anos, depois de rever sua antiga amante, sozinho, sem deixar filhos e sem encontrar seu lugar no mundo.
Esta obra nos passa a lição de que um jovem bem nascido, com um pai rico, pode facilmente ser levado a condutas levianas de dissipação de dinheiro familiar, e criar uma série de comportamentos impulsivos, próprios da juventude, que o conduzem a conduta pessoal e social de dissipação dos recursos paternos, comprando com os mesmos favores carnais de uma mulher que se entrega fácil de maneira pulsional, aos amantes que lhe proporcionem a posse de jóias e de uma vida fácil.
Assistimos um espetáculo de puro egoísmo. Brás cubas é um ser humano egoísta, que usa sua inteligência para alcançar seus objetivos vazios e mudanos. Em vários momentos somos surpreendidos pela sua ação egoísta, e despreocupada com o sofrimento humano. Quando encontra seu amigo Quincas Borba, que estava mendigando na rua, escolhe a nota de menor valor e mais suja. Corrompe, conscientemente, Dona Plácida, dando-lhe o dinheiro que encontrou na rua, e sem remorsos, escondeu até achar um fim para as notas, cinicamente duvida dos sentimentos de Virgília, principalmente quando ela chora a morte do marido.
A morte o surpreende quando tentava inventar o emplastro, algo maravilhoso, que o deixaria famoso e mais rico. Algo que justificaria sua passagem pela Terra. Ele encerra seu relato de maneira melancólica: “Não alcancei a celebridade do emplastro, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de Dona Plácida, nem a semidemência de Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sombra, e consequentemente que sai quite com a vida. E imaginaria mal; porque ao chegar a esse outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas. Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria” (ASSIS, 2007, p. 194).
Termina assim a história, encerrasse assim o romance. Resta uma sensação de desalento perante um homem que, ainda depois da morte, ou talvez por isso, não encontra na humanidade motivos para acreditar na vida. A vida de Brás Cubas teve o falso brilho que a riqueza pode dar, mas foi inútil desde o ponto de vista humano. Passou como um meteriorito, brilhando por um instante e perdendo-se no espaço infinito. Não deixou marcas, não semeou, todas as possibilidades que nasceram com ele, morreram e foram enterradas no mesmo caixão que viu seus ossos apodrecerem.
Ao usar a metalinguagem, Machado convida o leitor a refletir sobre a estrutura da obra e perceber dois níveis de leitura: a que revela diretamente o personagem e o que faz o objeto de crítica do autor.
Machado de Assis foi o mais ousado dos escritores brasileiros anteriores ao Modernismo (1922) na experimentação de novas formas de expressão. Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, mostra sua desconfiança da articulação perfeita entre o texto e a realidade e procura adequar a forma ao conteúdo. A exemplo, para traduzir a frustração de Brás Cubas, quando não consegue se tornar ministro, a solução do autor foi deixar o capítulo 139 em branco. No capítulo seguinte, explica: “Há coisas que melhor se dizem calado; tal é a maneira do capítulo anterior” (ASSIS, 2007, p. 177). A vida de Brás Cubas movida pela boemia determina o falso brilho da riqueza, a inútil maneira de viver e desencadear outras atitudes como, por exemplo, personalidade estupidamente constituída de preceitos duvidosos.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSIS, Machado. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo, Martin Claret, 2007.

PESQUISA EM LITERATURA. www.planetanews.com/news. Acesso em 18.09.2008.

A Linguagem na Educação em Busca da Autonomia no Aprendizado do aluno

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ - UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS
DISCIPLINA: PRODUÇÃO DE TEXTO

Ensaio Científico

A Linguagem na Educação em Busca da Autonomia no Aprendizado do Aluno

Karollyna Jorge Martins
4° Período de Letras da UVA

A linguagem é compreendida como um sistema de representação, isto é, é um dos meios pelos quais pensamentos, idéias e sentimentos, que são do sujeito, são representados em um a cultura. A linguagem é o meio pelo qual o aluno adquire sua autonomia comunicativa e deve resultar do processo de ensino-aprendizagem. A funcionalidade da linguagem nem sempre tem levado o aluno a adquirir autonomia comunicativa no processo de ensino-aprendizagem na busca de uma educação funcional.
Na maioria das vezes é através da linguagem que o aluno adquire o senso crítico e reflexivo para mudanças na educação e na sociedade, compreendendo assim, educação num sentido amplo, dentro e fora da escola. O processo de ensino-aprendizagem deve ser o caminho para a aquisição dessa autonomia comunicativa.
Nesse sentido a linguagem é vista como o elemento de reflexão do indivíduo consigo, com o outro e com a sociedade. Segundo Scholze (2002, p.118) “essa capacidade de reflexão pela linguagem produz conhecimento e, com ele, produz poder”. Ou seja, a educação sempre foi e sempre será o instrumento mais poderoso, prático e seguro de se fazer democracia.
Se compreendermos a autonomia dentro de uma concepção pedagógica mais moderna, baseada na psicologia genética, podemos entender a educação como a vivência de experiências múltiplas e variadas, tendo em vista o desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo e social do educando. Nessa abordagem, o aluno é um ser ativo e dinâmico, que participa da construção do seu próprio conhecimento.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 94) “a autonomia fala de uma relação emancipada, íntegra com as diferentes dimensões da vida, o que envolve aspectos intelectuais, morais, afetivos e sociopolíticos”. Ainda que na escola se destaque a autonomia na relação com o conhecimento, ela não ocorre sem o desenvolvimento da autonomia moral e emocional que envolve segurança e sensibilidade.
Entendemos então, que é por meio da linguagem que os alunos conseguem determinar o poder de pensar e conhecer a realidade, tornando-se assim, autônomos na sua própria aprendizagem. É através da educação que conseguiremos habitar esse mundo da linguagem, e permitir aos alunos o pensamento livre, dando-lhes as condições necessárias para o pensamento crítico. A linguagem na educação funcional por meio de experiências variadas, desenvolve a autonomia do aluno no processo ensino-aprendizagem.

Referências Bibliográficas
Scholze, Lia. Pela não-pedagogização da leitura e da escrita. São Paulo, 2007.
Parâmetros curriculares nacionais: Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais / Brasília. Secretaria de Educação Fundamental, 1997.

A Legislação Educacional no Favorecimento à Criança Especial

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
DISCIPLINA: PRODUÇÃO DE TEXTO


ENSAIO CIENTÍFICO

A Legislação Educacional no Favorecimento à Criança Especial
Sueli de Lima Silva
Aluna do curso de Letras da UVA

As crianças especiais não têm recebido da escola o apoio garantido pela legislação educacional. Crianças com necessidades especiais são aquelas que, por alguma espécie de limitação requerem certas modificações ou adaptações no programa educacional, a fim de que possam atingir seu potencial máximo. Essas limitações podem decorrer de problemas visuais, auditivos, mentais ou motores, bem como de condições ambientais desfavoráveis
Criança especial é termo muito genérico, que abrange as mais diferentes síndromes infantis. Todas as crianças são muito especiais, mas algumas precisam de um apoio, de um olhar, de uma atenção especial, de um acompanhamento e acima de tudo muito carinho.
A criança portadora de necessidades especiais, além do direito, tem a necessidade de cursar uma escola normal, de ser tratada com muito carinho e respeito por todos nós, isso é o que diz o artigo 4º, Inciso III da LDB“Atendimento educacional especializado gratuito aos educando com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino”. Segundo Mazzotta (1992):“A finalidade da Educação Especial é oferecer atendimento especializado aos educandos portadores de deficiência,respeitando as necessidades e diferenças de cada criança, com o objetivo de proporcionar o desenvolvimento global desses alunos, em seus aspectos:cognitivo, afetivos, psicomotor,lingüístico e social, tornando possível não só o reconhecimento de suas potencialidades como sua integração na sociedade (p.102)”.
Portanto, o direito à Educação Especial segundo Fonseca (1987),” trata-se de um aspecto de justiça e não de privilégio”. Assim, aos educados, portador de necessidades especiais deverá ser resgatado o direito e acesso a uma escola que, ao pretender ser democrática, deverá garantir um ensino de qualidade para todos independentes de suas diferenças.
Em relação aos serviços de apoio para auxiliar na educação dos especiais a legislação da LBD nº 1 do artigo 58, diz que “haverá, quando necessário serviço de apoio especializado , na escola regular, para atender ás peculiaridades da clientela de educação especial”. É de plena importância para o Estado trabalhar uma educação para todos, em que todos possam desenvolver capacidade de aprender e conhecer normalmente, sem empecilhos, Assim, para alguns, ela deve se desenvolver de forma especial, para atender às diferenças individuais dos alunos, através da diversificação dos serviçoseducacionais. A educação consiste em um trabalho que visa desenvolver as oportunidades para que cada um venha a ser uma pessoa em toda a sua plenitude, apoiando-se nos recursos da pessoa, mediante a consideração de suas necessidades e fraquezas. Vigotsky sempre defendeu a inclusão do aluno especial na escola, criticava as instituições que isolava essa criança, pois acreditava no papel da escola no processo de desenvolvimento desse individuo. “O aprendizado é uma das principais fontes da criança em idade escolar, e é também uma poderosa força que direciona o seu desenvolvimento, determinando o destino de todo o seu desenvolvimento mental. (Vygotsky apud Monteiro, 1989, p.74).
Toda criança especial precisa de atenção, ser livre para soltar sua imaginação, precisa que seus direitos sejam garantidos e respeitados, e principalmente amados e valorizados. Não devendo discriminá-lo e sim estimular a desenvolver suas potencialidades, para que possa integrar-se à sociedade e inserir-se no mercado de trabalho de acordo com suas aptidões. Mas para que isto aconteça, é necessário que a sociedade esteja consciente para que haja um processo de inclusão.


Referências Bibliográficas

1- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-LDB. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Artigo : 4º ,Inciso III.
2- MAZZOTTA, Marcos José da Silveira. Fundamentos de Educação Especial. São Paulo: Pioneira, 1992.
3- MAZZOTTA, Marcos José da Silveira. Educação Especial no Brasil: Historia e Políticas Públicas. São Paulo: Cortez, 1992.
4- FONSENCA, Vitor da. Educação Especial. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.


Dialogismo no Discurso de Fabiano em Vidas Secas:Autonomia e Obediência.

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS
DISCIPLINA: PRODUÇÃO DE TEXTO

Ensaio Científico

Dialogismo no Discurso de Fabiano em Vidas Secas:
Autonomia e Obediência

Francisco Fabrício Pinto
Aluno do curso de letras da Uva

O diaslogismo nem sempre tem encontrado espaço nos estudos da narrativa literária. Muitas análises ainda se destacam sob o monologismo. O dialogismo precisa tomar mais espaço na analise dos textos literários. A análise do discurso de Fabiano será sobre a ótica do dialogismo, ou seja, Fabiano mesmo fazendo parte de uma sociedade desumana, ele não pode se deixa levar por estruturas sociais ao qual era submisso.
A Interlocução, durante muito tempo, não fez parte dos estudos sobre analises do conteúdo dos textos literários. A análise geralmente era direcionado para estruturas dos elementos que compunham a narrativa, e o conteúdo era a análise desses elementos, marcando o monologismo na leitura. O Monologismo, segundo Bakhtin, “É uma visão que está difundida em todos os meios de comunicação.”
Bakhtin Apud Cama (2008) Explica que dialogismo “É uma subjetividade que é constituída pelo conjunto de relações de que participa o sujeito. Para Bakhtin, o sujeito não é submisso às estruturas sociais, nem é uma subjetividade autônoma em relação à sociedade.”
Fabiano, um personagem de vidas secas, por achar-se analfabeto, entra em contradição em relação aos seus sentimentos, pois quando sofre abuso por parte das autoridades fica no seu interior o desejo de reagir contra o soldado amarelo, mas no seu exterior cala-se como um ser obediente. Como afirma Graciliano Ramos em Vidas secas (1960,p.32): “Ora o soldado Amarelo...sim, havia um amarelo, criatura desgraçada que ele, Fabiano, desmancharia com um tabefe. Não tinha desmanchado por causa dos homens que mandavam. “Quando ele usava a voz baixa para xingar o soldado amarelo, usava o discurso da autonomia.
A submissão também era sofrida por parte de seu patrão, sendo que trabalhava a frio na busca de agradá-lo e este quando chegava a fazenda desagradava a Fabiano, como explicava Graciliano Ramos em vidas secas (1960,p.23): “O patrã
o atual, por exemplo, berrava sem precisão. Quase nunca vinha à fazenda, só botava os pés para achar tudo ruim. O gado aumentava, o serviço e a bem, mas o proprietário descompunha o vaqueiro. Natural. Descompunha porque podia descompor, e Fabiano ouvia as descompostura com o chapéu de couro debaixo do braço desculpava-se e prometia emendar-se. Mentalmente jurava não emendar nada por que estava tudo em ordem, e o amo só queria mostra autoridade, gritar que era dono”.
Uma maneira que Fabiano Poderia se opor a toda essa submissão por parte do saldado e do patrão era acalmar-se e tentar de uma maneira simples e do seu jeito explicar todos os seus sentimentos, tentar provar para o patrão que estava tudo bem na fazenda e não questionar frente ao soldado o porquê da injusta prisão. Para isso, para não se zangar o soldado amarelo, em voz alta, obedecia, cumpria as ordens, usava o discurso da submissão.
Toda essa submissão, pela qual Fabiano sofria, está relacionada a todos um contexto ao qual a realidade do sertanejo traz, que é a desigualdade social, a submissão que os pobres sofrem em relação aos Ricos. Os abusos de autoridades, pelo fato de estarem vestindo uma farda, acham-se no direito de mandar sobre todos os cidadãos. Fabiano é um personagem característico do dialogismo discursivo, quando resmunga em voz baixa usa o discurso da autonomia e xingar o patrão, o soldado amarelo. Quando usa a voz alta, apenas obedece, aceita passivamente, submete-se às ordens, é obediente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 6° ED. São Paulo, 1960.
CAMA, Rodrigo S. Introdução ao pensamento de Bakhtin. www.rodrigoscama.com.br. (2008). Acessado Em 05/08/2008


O Adultério em “O Cortiço” numa interpretação interdisciplinar:literatura e leitura.

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO: LETRAS
DISCIPLINA: PRODUÇÃO DE TEXTO

ENSAIO CIENTÍFICO

O Adultério em “O Cortiço” numa interpretação
interdisciplinar: literatura e leitura.

Luiza Selma Freire Araújo
Aluna do 4º período de Letras da UVA

Na obra “O Cortiço, podemos encontrar em alguns personagens o adultério, relação extra matrimonial, daí ser feito um breve estudo sobre o papel matrimonial nas relações e vínculos conjugais. Não tem sido muito comum aos leitores fazerem uma abordagem de termos literários numa visão que inclua leitura e literatura. Quando se analisa sentimentos de personagens de obras literárias relacionam-se logo a uma abordagem que não leve em conta a interdisciplinaridade.
O adultério ultrapassa épocas, mas a cada momento diversifica o seu sentido. O conceito de casamento vem evoluindo e se transformando de acordo com o tempo, pois se “em sua forma antiga, o casamento só continha efeito de status: transmissão de nome, constituição de herdeiros, organização de um sistema de alianças,junção de fortunas”. Foucault (1985, p. 81). Hoje, olhando de um modo geral, os casamentos se dão através de dois pontos de vista: de um lado físico e sexual e de outro, o racional e social, que é a compartilha da existência, a afeição e a amizade que existe entre um casal.
Diante desta concepção de Foucault, de que o casamento só continha efeito de status, em que o adultério tinha como definição os danos aos direitos do marido, pode-se ver que na obra “O Cortiço” acontece algo muito semelhante, pois Miranda mesmo sabendo que sua mulher era adúltera continuava com ela, escondendo de todos que sua esposa mantinha relações sexuais fora do casamento, já que ele tinha que mostrar para a sociedade que compartilhava muito bem a sua vida com a mulher, uma vez que dependia de estar junto dela para a obtenção de seus objetivos.
Se um homem tiver um pensamento tradicional, um dos motivos que pode levá-lo a cometer o adultério, é procurar em outras mulheres, fora do casamento, maneiras mais ardentes e luxuriosas de sentir prazer sexual, por pensar que a relação conjugal tem que ser diferente entre amantes, pois “não se deve tratar a própria esposa como uma amante e que no casamento é preciso conduzir-se como marido e não como amante”, Foucault (1985 p. 178). No entanto, em “O Cortiço”,se tratando de Miranda e sua esposa, o adultério é muito mais um negócio do que um sentimento de traição.
O adultério que antes era um assunto polêmico, hoje é encarado de maneira comum, podemos observar isso ao lermos “O Cortiço”, em que quase todos os casais da obra cometem o adultério, e trocam com muita freqüência de parceiros. Um exemplo disso é Jerônimo, que chegou até a renunciar sua própria identidade, quando traiu a sua esposa, ao se apaixonar por Rita Baiana. Seguindo a linha de raciocínio da obra, eu diria como Foucault (1988) que “os indivíduos deveriam viver apenas como os animais, unir-se e logo separar-se”. A partir daí podemos perceber a influência naturalista sob o adultério.
Leitura e literatura encontram-se neste processo interdisciplinar. Enquanto a literatura resgata o universo temático das obras, no contexto de época, a leitura, por sua vez, encontra espaço para analisar a interpretação do leitor diante da temática em discussão. È o que acontece neste estudo em que foi analisada uma temática através da interpretação de uma obra literária.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade, 3: O Cuidado de Si.Rio de Janeiro:
Edição Graal, 1985.
AZEVEDO, Aluizio. O cortiço. São Paulo.Editora Moderna.1996.

O naturalismo e sua influência na obra “A Normalista”

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA
CENTRO DE ARTES E LETRAS
DISCIPLINA: PRODUÇÃO DE TEXTO

Ensaio Científico

O naturalismo e sua influência na obra “A Normalista”
Tatiane Rodrigues Melo
Aluna do 4º período de Letras


O naturalismo deixou de lado as discussões de classes sociais e passou a falar dos grupos, não mais atribuindo às pessoas a culpa por seus problemas, e sim, ao meio ambiente, à sociedade e à hereditariedade.
As características que levam os leitores da obra A Normalista, a classificá-la como naturalista são os registros de fatos da realidade social da época e a conclusão de que o homem jamais será um produto do meio em que vive, pois as transformações pelas quais as personagens comprovam essa observação. Nas palavras de Pereira: “Com o surgimento do realismo/naturalismo começou-se a escrever para procurar a verdade, e não mais para ocupar os ócios das senhoras sentimentais e de um ou outro cavalheiro dado a leituras frívolas" (1988: 55-56).
Essa verdade a que se refere Pereira abordada pelos escritores naturalistas, como Júlio Ribeiro, Aluísio Azevedo, Adolfo Caminha, entre outros, consistia em mostrar a realidade de forma nua e crua. Na prosa naturalista não temos mais espaço para as mocinhas donzelas, nem para os cavalheiros educados; temos agora os instintos humanos sendo vasculhados, as alcovas sendo bisbilhotadas, as perversões sexuais sendo retratadas, as traições, a malícia. Em resumo, agora temos as camadas mais baixas da sociedade sendo representadas.
Diante das palavras da crítica Lúcia Miguel–Pereira, constatamos que no seio de suas afirmações há certa generalização no tocante às temáticas empregadas pela estética naturalista. É fato que o Naturalismo abordou “casos de alcova”, “temperamentos doentios”, porém não utilizaram apenas desses assuntos em detrimento de temas sociais para conceber o fio condutor de suas narrativas. A intenção, era representar literariamente as camadas mais baixas da sociedade, em qualquer situação que fosse rompendo de uma vez por todas com a literatura “fantasiosa e mascarada” do Romantismo brasileiro.
Sobre esse aspecto, assim se manifesta Sodré: “O aparecimento do proletariado como assunto literário, o advento dos temas da vida dos pobres e dos trabalhadores como dignos de figurar na criação artística, constituíram apenas um dos aspectos do problema, representando o esforço da literatura, tal como era entendida na época, no sentido de acompanhar as aceleradas transformações então em desenvolvimento. Não tardou, por isso, que a literatura sentisse a necessidade de mudar também os seus processos, gerando uma escola que buscava enquadrar o conjunto social, pondo de parte velhas técnicas e utilizando outras, as que se destacavam do arsenal científico da época e pareciam destinadas a universalizar-se no uso. Estava aceito pela generalidade que o processo romântico era insuficiente para enquadrar os novos temas que a sociedade apresentava, surgindo a necessidade de abandoná-lo, criando-se novos instrumentos, capazes de conciliar a aceitação dos temas da atualidade com a sua representação artística”. (1965, p. 202).
A personagem Maria do Carmo pouco pode fazer para vencer as dificuldades que a vida lhe impôs, já que sozinha no mundo tendo em vista terem morridos os pais, teve de viver ao lado de um casal, o senhor era seu padrinho, um homem sem escrúpulo. A normalista é um exemplo do naturalismo como produto da influência do meio sobre os grupos.
O naturalismo apresenta romances experimentais. A influência de Charles Darwim se faz sentir na “máxima”, segundo a qual o homem é um animal; portanto antes de usar a razão deixa levar pelos instintos naturais não podendo ser reprimido em suas manifestações instintivas, como o sexo, pela moral da classe dominante. A constante repressão leva às taras patológicas, tão ao gosto do naturalismo.
A normalista busca retratar a vida cearense, abrangendo todos os níveis sociais, desde o povo até a aristocracia. O romance foi escrito em uma época em que Caminha se sentia humilhado e deslocado devido à sua união com Isabel Paulo Barros. O livro é um grito de revolta do autor contra o meio que o degrada e critica. Esse apego às suas próprias experiências afrouxa sua obra produzindo passagens inconsistentes.
A literatura que, de forma realista, como também naturalista, é capaz de descrever a sociedade de seu tempo, habilitadas por personagens constituídas em suas múltiplas dimensões. Desse modo, a Literatura ou mais propriamente o Romance tem a mesma capacidade além de ter sido os pioneiros a retratar a vida cotidiana e por extensão constituam-se uma forma de denúncia social, estabelecendo uma associação com a própria experiência humana, reconstruindo a mentalidade de uma época. Obra, época, comportamentos humanos, escola literária são elementos que se fundem nesta análise sobre o naturalismo à exemplo da obra A Normalista.
Referências Bibliográficas

PEREIRA, Lúcia Miguel. Prosa de Ficção (de 1870 a 1920): História da Literatura Brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1988.
SODRÉ, Nelson Werneck. O Naturalismo no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira S.A, 1965.

O “Amor Platônico”, segundo o Banquete.

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UEVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES – CLA
LETRAS – HAB. EM LÍNGUA PORTUGUESA
DISCIPLINA PRODUÇÃO DE TEXTO
PROFESSORA MARIA SOARES


ENSAIO CIENTÍFICO


O “Amor Platônico”, segundo o Banquete.

Ana Tafnes De Sousa Rodrigues
4° período de Letras da Uva

O amor platônico na concepção vulgar tem seu sentido distorcido. Propõe ser um amor sem o contato físico. A afeição em que há abstração do elemento sexual. Mas o conceito original talvez não seja esse. Platão escreveu, porém, ‘o primeiro tratado filosófico sobre o amor’, no qual caracterizam-se alguns elementos sublimes e sexuais que demonstram seu verdadeiro conceito.
Em O Banquete, escrito no século IV a.C. por Platão, reúnem-se discursos sobre o Amor, tendo como convidados Apolodoro, Fedro, Pausânias, Aristófanes, Agatão e Sócrates. Um jantar em que Agatão oferece em comemoração a um prêmio recebido por ele. No discorrer da festa, propõe-se falar sobre o Amor, todos expõem suas considerações, tentando assim explicá-lo. Sócrates, então, finaliza contando como o amor foi gerado, através da trapaça e da sexualidade, assim enuncia “o Amor é concebido no dia de nascimento de Afrodite, por um “golpe” de Penúria sobre Recurso. Recurso adormece e Penúria deita-se a seu lado. Enfim, consegue engravidar. O Amor, filho de ambos, ganha características do pai e da mãe: sempre oscilando entre dois pólos. Um pólo, o das completudes, como o pai, e outro pólo, o das carências, como a mãe. O Amor não é um deus, mas um gênio, um tipo de espírito. É um gênio que está sempre entre dois extremos. Assim, estando a meio caminho, tem consciência do que é a carência e do que é a completude, e busca a primeira. Por isso o Amor é busca.”
Platão compara o Amor a uma escada, mostrando a busca das formas, o desejo do belo, da beleza maior que é a sabedoria, o sumo bem. Platão (1972, p.59) explica: “Isto é o que é ir corretamente, ou ser conduzido por outro, no mistério do Amor: ele vai sempre mais acima por razão desta Beleza, começando das coisas belas e utilizando-as como degraus de subida: de um corpo para dois e de dois para todos os corpos belos, então, dos corpos belos para os belos costumes, dos costumes para o aprendizado das coisas belas, e dessas lições ele chega no fim, nesta lição, em que há o aprendizado dessa completa beleza, assim, no final ele acaba por saber exatamente o que é ser belo”. O amor torna-se um sentimento que vai sendo definido e adquirindo formas, sentido, concretizando-se na sua atração.
Assim, mostra-se que o termo atual ‘amor platônico’ é um equívoco, pois admite a não realização do desejo e a frustração ao conhecê-lo. Mas esse equívoco pode ser uma mera confusão de interpretações, podendo ser levado em consideração o amor com o interesse maior pelo intelecto e não pelo físico, o sumo bem, uma espécie de amizade pedagógica. Contudo, o amor platônico no sentido real age de modo a possuir o que é desejado, atingindo assim o pleno gozo, a satisfação real e tendo tudo para ser feliz.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
BRANDÃO, J. de S. Mitologia Grega. Petrópolis: Vozes, 1993.
PLATÃO. Trad. José Cavalcanti de Souza. O Banquete. São Paulo: Abril, 1972.

A paixão de Luisa como símbolo do rompimento de valores sociais da época

UNIVERSIDADE ESTADUALVALE DO ACARAÚ-UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTE-CLA
DISCIPLINA: PRODUÇÃO DE TEXTO
PROFESSORA: MARIA SOARES

Ensaio Científico

A paixão de Luisa como símbolo do rompimento de valores sociais da época

Cristiane Melo Nobre
4° Período- Letras/UVA

Os sentimentos de personagens nem sempre têm sido prioridade na interpretação de fatos que violam valores sociais. Muitas vezes, são vistos como um tabu, uma proibição ou violação de regras sociais. A paixão, por exemplo, sempre foi um tema muito questionado, muitos personagens de novela, contos, romance e pessoas inseridas no contexto da vida real tiveram seus nomes expostos ao ridículo, tidos como violadores morais, e nunca como aqueles que rompem com a tradição de forma consciente. Tal fato costumava e continua ocorrendo devido a falta de experiência ao lidar com este sentimento, que para esses indivíduos, deveria ser o prefácio para o amor, e termina sendo o início de um longo caminho cercado por dores e sofrimento por todos os lados.
O livro, O Primo Basílio, de Eça de Queirós, traz à tona todo o medo e o preconceito do século XIX. Sendo estes acentuados na personagem Luísa, expresso através de seu adultério que aflora e cresce exasperadamente nas entranhas do secreto. O fato, que fez com que se escolhesse Luisa como objeto de estudo, deve-se ao crescimento e declínio da personagem no desenrolar da história. Este acontecimento “puxa” a atenção do leitor e impulsiona a curiosidade, que cresce a cada capítulo, com os planos maquiavélicos impulsionados pela paixão desmedida, o que acabou por ocasionar a perda do bom senso. Então, a personagem supracitada passa a praticar atos, que naquela época era tido como erro muito grave, vindo a comprometer a honra da mulher, não que atualmente não o seja, mas outrora os “valores” tinham um peso maior, logo o adultério, em uma versão do início do século XIX, era tido como imperdoável.
O questionamento dos sentimentos como: felicidade/infelicidade, amor/ódio, justiça/injustiça, e a interferências destes no adultério da personagem Luísa, nesse contexto do livro, merece destaque também uma outra personagem, Juliana, que passa a ditar as regras quanto ao destino de Luísa, pois sabia do caso dela com o primo Basílio e usa essas informações ao seu favor. Assim se confere: “Não estou para aturar! (...) A senhora não me faça sair de mim! A senhora não me faça perder a cabeça! E com a voz estrangulada através dos dentes cerrados: __ Olha que nem todos os papéis foram para o lixo”. (QUEIRÓS, 2000 p.45)
Ela guardava as cartas que Luísa escrevia para Basílio e pretendia mostrar a Jorge, marido de Luísa, querendo, com isso, receber a remuneração merecida pelo longo tempo de trabalho, embora tivesse que forçar a situação. A chantagem amedrontava a descoberta do adultério.
A história de Luísa leva-nos a refletir que, embora não sejamos personagens de um livro, mas de nossa própria história, também obedecemos aos sentimentos; e estes determinam a nossa própria vida. Essa característica é marcante em nossa psique. Quando o obstáculo é muito grande e nos sentimos perdidos, estabelece-se o estado neurótico. Então, perdemos o domínio sobre nossas ações e passamos a ser escravos incondicional delas, porque o rompimento acontece não como uma atitude pensada, mas natural e emocional. Daí nos parte o alerta de nos policiarmos quanto as nossas emoções, essa tarefa se faz árdua, dela depende todo o nosso bem-estar não somente psicológico, mas também físico, pois a mente reflete diretamente no corpo. Somos uma máquina, mas como toda “máquina”, também necessitamos de combustível.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASSIRER, Ernesto. Linguagem e Mito. Trad de J. Guinsberg. Editora Perspectiva, São Paulo, 1972.
COUTINHO, Afrânio.Crítica e Teoria Literária, Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; Edições Universidade Estadual do Ceará, 1987
Discutindo filosofia. ÉTICA uma reflexão sobre a atualidade e a relevância dessa doutrina filosófica.Ano 2. N° 11
MOISÉS, Massound. “Análise de texto em prosa”. In A análise literária. 11ª ed. São Paulo: Cultrix, 1999.
QUEIRÓS, Eça de. O Primo Basílio. São Paulo: Rideel, 2000.


O Desenraizamento Sócio-Cultural nas Atitudes do Personagem Gregório em "A Metamorfose"

UNIVERSIDDAE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO: LETRAS
DISCIPLINA: PRODUÇÃO TEXTUAL

O Desenraizamento Sócio-Cultural nas Atitudes do Personagem Gregório em “A Metamorfose”
Allana Gizele Vasconcelos
Aluna do 4º período do curso de Letras da UVA

O ser humano está perdendo a sua identidade cultural. Isso o torna um ser desenraizado, privado de seus bens desde coisas simples como a casa até sua própria família, sua cultura, devido à ausência afetiva familiar ou do seu grupo social, e ao individualismo presente na sociedade moderna. Ecléia Bosi chama esse desenraizamento de “a mais perigosa doença que atinge a cultura” (BOSI,2006. p.18).
Na história da colonização, os portugueses apropriaram-se do território brasileiro e principalmente daqueles que aqui moravam transformando sua vida, atividades por ele praticadas e sua cultura, em virtude de apresentarem objetos a eles desconhecidos. Darcy Ribeiro comenta que o índio se desembestou enlouquecido, contra outros índios e até contra seu próprio povo por amor a essas preciosidades” (RIBEIRO,2002. p.48). Desiludidos por contato pacífico, lutaram para preservar a sua vida, embora estivessem contaminados pelo espírito de individualidade trazido pelo Europeu. Isso é observado pelo enfrentamento das tribos. Tronaram-se estrangeiros em sua própria terra.
Em a metamorfose, Gregório tem sentimento semelhante, quando pela descoberta dos pais que havia se transformado em um inseto, foi isolado e tratado como animal em sua própria casa. Um estranho que já não era reconhecido por sua família. Ele passou a viver em um cativeiro como forma de amenizar os incômodos que, a partir de então, causaria a família, e também pelas dificuldades encontradas para se relacionar com os mesmos, afastando-se da sociedade e do trabalho do qual também é rejeitado.
Nesse ponto, pode-se constatar o individualismo presente na obra. Gregório que sustentava a família foi visto por essa como um ser inútil. Ele é querido por todos até o momento da sua metamorfose. Esse individualismo está relacionado principalmente ao ”poder disciplinar”, que cuida e regula as atitudes humanas do indivíduo e do corpo. Através da vigilância, os sujeitos são postos na individualidade para controle dos mesmos. Stuart Hall afirma que “quanto mais coletiva e organizada a natureza das instituições da modernidade tardia, maior o isolamento, a vigilância e a individualização do sujeito individual” (HALL,1992:43). O individualista por ser racional deixa de lado as emoções e reage com a cabeça, a razão.
Assim fez a família de Gregório, quando este se transformou em animal, jogou-o ao quarto, escondendo-o por vergonha, uma vez que o consideraram incapaz de trazer à família recursos financeiros. Aqui se encontra presente a desvalorização da pessoa e consequentemente da sua cultura bem como a atitude blasé. Ele é então “desligado de seu passado, o que significa dizer exilado de sua própria história.” (CHAVES,2005. p. 47).
Vale ressaltar a atitude blasé presente nessa rejeição. É a partir desse efeito que se perde a identidade do indivíduo. Simmel postula que “a essência da atitude blasé consiste no embotamento do poder de discriminar” (SIMMEL,1902. p.16). A perca dessa sensibilidade faz os objetos perderem valores, são privados de substâncias e, dessa maneira, um não exerce preferência sobre o outro. É possível abordar a questão financeira. O dinheiro segundo Simmel é o maior dos niveladores “arranca irreparavelmente a essência das coisas, sua individualidade, seu valor específico e sua incomparabilidade” (1902. p.16).
O personagem percebe os acontecimentos da casa através das vozes e da maneira de andar dos familiares. Ele preocupa-se a todo instante com os parentes, com as dificuldades financeiras enfrentadas por eles, com a mãe doente, com a irmã que o visita às escondidas, levando-o alimentos, ele analisa suas reações para depois melhorar até mesmo o ambiente em que se encontra. Essa é a única demostração de sensibilidade tida pela família para com Gregório.
Ao final da obra, Gregório morre, a família comove-se, embora acreditando que já deveria ter acontecido. Partem então para uma nova casa, uma nova vida. É uma representação de todas as culturas que passam por um desenraizamento. Vão aos poucos se perdendo no tempo, embora para as pessoas que são envolvidas nessa mudança, a sua cultura não acaba por inteiro. Elas querem sempre repassar o que lhes foi ensinado e aprender o novo. Quando isso não acontece, há o estranhamento, o desenraizamento cultural e familiar.

Referencias Bibliográficas
BOSI, Ecléia. Cultura e Desenraizamento. In: BOSI, Alfredo(org). Cultura Brasileira – Temas e Situações. 4º ed. SP: Ática,2006
HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós -Modernidade. 7º ed. Rio de Janeiro: DP&A,2002
SIMMEL,George. A Metrópole e a Vida Mental. In: O Fenômeno Urbano. Rio de Janeiro: Zahar ed.,1902
CHAVES, Rita. Angola e Moçambique - Experiencia Colonial e Territórios Literários. ed. Cotia .2005
RIBEIRO, Darcy. O Enfrentamento dos Mundos. In: O Povo Brasileiro a Formação e o Sentido do Brasileira. 2º ed. São Paulo: Companhia das Letras,1995.
KAFKA,Franz. A Metamorfose. Disponível no site: virtualbooks.com.br. Acessado em 24/07/2008

Desenraizamento Cultural, Niilismo e suas Conseqüências na Sociedade

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ –UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS
DISCIPLINA DE PRODUÇÃO DE TEXTO
ENSAIO CIENTÍFICO
Desenraizamento Cultural, Niilismo
e suas Conseqüências na Sociedade

Selma de Sousa Pereira Nunes
Estudante do 4º período do curso de Letras da UVA

O desenraizamento do personagem Sr. Meursault em “O estrangeiro”, sob a ótica do niilismo, instala-se como um sujeito absolutamente desprovido de sentimentos, movido por um propósito de destruição moral. Meursault, ao ser comunicado da morte de sua mãe, reage com indiferença, mata um homem por motivo fútil, é julgado, condenado à morte e nem mesmo o “finalismo” de sua existência provoca nele mecanismos de defesa ou arrependimento. Isolado do mundo, silencia-se diante dos acontecimentos que marcaram a trajetória de sua vida.
O personagem aqui apresentado influenciado por um passado antigo deprecia seus valores, dissolve seus princípios absolutos através de atos insanos. Desraigado de relações de apego, provido do sentimento de “largar”, consciente da sua liberdade, porém, desesperado por não saber usá-la. Sobre esta questão o pensamento de Nietzsche afirma “(...) renegando os valores metafísicos, redireciona a sua força vital para a destruição da moral. No entanto, após essa destruição, tudo cai no vazio: a vida é desprovida de qualquer sentido, reina o absurdo e o niilista não pode ver alternativa senão esperar pela morte (ou provocá-la)” ( NIETZSCHE, 1948).
O niilista existencialista sofre com angústia, decorrente da consciência de liberdade, ele acredita que o ser humano é incapaz de administrar seus atos, seus sentimentos sem destruição de valores. Isso significa que cada pessoa pode a cada momento escolher o que fará de sua vida, sem que haja um destino previamente concebido. A desvalorização e a morte não são sentidas, sensibilizadas, há ausência de finalidade e de respostas aos “porquês”, isto provoca grandes transtornos à mente desses indivíduos, deixando aflorar nos mesmos situações desastrosas e irreversíveis. Nesta abordagem outro teórico especialista neste estudo faz a seguinte consideração “(...) a existência precede a essência, não será nunca possível referir uma explicação a uma natureza humana dada e imutável; por outras palavras, não há determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade” (SARTRE, 1946).
No período que corresponde às décadas de 60 até 90 com o crescimento populacional e industrial, o desenraizamento surge novamente atacando as camadas sociais de baixo poder aquisitivo. Com isso, essa sociedade carente e desprotegida é arrancada de suas origens, perdendo sua identidade numa busca incessante pela sobrevivência. A industrialização e a prosperidade trouxeram consigo a imigração, os centros urbanos foram invadidos trazendo prejuízos aos que deixaram suas raízes e seguiram jornada em busca de novos horizontes. O enraizamento é um dos fatores mais importantes à necessidade da alma e um conceito difícil de definir. Bosi (1992) numa manifestação a respeito desse assunto considera “Não se busca o que se perdeu: as raízes já foram arrancadas, mas que pode renascer nessa terra de erosão”.
Dessa maneira, os valores morais e a vida mental desses indivíduos vêm se agravando ao longo dos anos, os tipos se multiplicam e a solução se distancia. O estudo a respeito desse tema cresce, é discutido, polemizado, velhos e novos teóricos abordam com freqüência à cerca desses transtornos psicológicos atribuídos, muitas vezes, a uma sociedade condenada a viver sob pressão do tempo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS
BOSI, Eclea. Cultura e desenraizamento. São Paulo: Ática, 2ª, 1992.
NIETZSCHE, Friedrich. O niilismo. pt.wikipedia.org/wiki. Acessado em 02.09.2008.
SARTRE, JEAN-PAUL. Questão de Método. pt.wikipedia.org/wiki. Acessado em 02.09.2008.
CAMUS, Albert. O estrangeiro. Editora Record. Rio de Janeiro . São Paulo, 1957.

domingo, 14 de setembro de 2008

A Intenção Argumentativa no Uso das Expressões Referenciais

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS
DISCIPLINA DE PRODUÇÃO DE TEXTO

Ensaio Científico

A Intenção Argumentativa no Uso das Expressões Referenciais

Helena Costa Farias
Estudante do 4º período do Curso de Letras – UVA

A intenção argumentativa resulta das relações de sentido que a refenciação produz. Em todo discurso está camuflado uma ideologia. A neutralidade ou imparcialidade nada mais é que um mito, pois a priori ou a posteriori o discurso que se espera neutro, desinteressado, indiferente, também contém uma ideologia, neste caso, seria a da própria neutralidade e ingenuidade do orador discursivo.
A compreensão de uma expressão não consiste apenas em identificar um termo lingüístico, um antecedente, mas acima de tudo, em estabelecer relações de sentido com as informações que já foram anunciadas no interior do discurso.
O progresso de referenciação de um texto faz referência às estratégias lingüísticas, por elas se consolidarem nos segmentos do texto, múltiplos tipos de relações semânticas ou pragmático-discursivas, de maneira que a junção desses fatores colabora para a progressão do mesmo.
A referenciação é realizada através do discurso argumentativo. As análises das estratégias pelas quais se realizam os processos referenciais na produção do texto escrito discutem e explicam como os referentes são introduzidos, conduzidos, retomados, apontados e identificados na sua estrutura.
A relevância desta verificação está diretamente ligada à essencialidade do sistema referencial no que diz respeito à coesão e organização tópica do texto escrito.
A argumentatividade humana está presente em nosso meio, a todo o momento o homem toma posse desse mecanismo para melhor repassar sua mensagem, e essa intenção vai para os textos orais e escritos, neles podem ser observados por todos, em maior ou menor intensidade a intenção argumentativa. Além de ser acessível à observação das manifestações e as maneiras de como expressam os sentimentos e ideologias de cada um deles em nosso cotidiano.
Referenciação é o efeito da operação que realizamos quando, para mencionar, simular ou sugerir algo, empregamos um termo ou nomeamos uma situação discursiva referencial com essa finalidade. De acordo com Fages (1973, p.89), “A chamada função referencial devolve-nos a um contexto, ou seja, a um mundo percebido ou imaginado ao qual se possa referir emissor e receptor”.
As postulações de Koch (2002, p.79) afirmam que “a referência passa a ser considerada como o resultado da operação que realizamos quando, para designar, representar ou sugerir algo, usamos um termo ou criamos uma situação discursiva referencial com essa finalidade: as entidades designadas são vistas como objetos-de-discurso e não como objetos-do-mundo”.
Koch diz que é importante considerar o aspecto de como é construído o texto, pois este não é construído em uma continuidade progressiva linear, onde são somados elementos novos com outros já lançados em etapas anteriores, como se fossem processados numa soma progressiva de partes. Para ela o processamento textual se dá “ numa oscilação entre vários movimentos: um para frente (projetivo) e outro para trás (retrospectivo), representáveis parcialmente pela catáfora e anáfora. Além disso, há movimentos abruptos, há fusões, alusões etc.” (Koch, 2002, p. 85)
A referenciação privilegia uma semelhança intersubjetiva e social da realidade, na qual as referências do mundo são organizadas e avaliadas de acordo com a adequação dos objetivos das ações que estão em desenvolvimento nos enunciadores. É nesta interação que se tomam resoluções sobre como conduzir o pensamento, que palavras optar, que propriedades acionar.
Conclui-se que a progressão textual precisa garantir a continuidade de sentidos e o constante ir-e-vir responsável pela organização do discurso. De tal modo, que propicie o constante movimento de progressão e de retroação, o produtor dispõe de uma série de estratégias ou procedimentos que ampliam um papel relevante que, também, são destinados a assegurar uma seqüência de referentes, ou melhor, de objetos de discurso, adquirida pela cadeia referencial, permanecendo em estado de ativação na memória de trabalho durante o processamento textual.
A introdução será não-ancorada quando um objeto-de-discurso totalmente novo é introduzido no texto. Quando representado por uma expressão nominal, esta opera uma primeira categorização do referente, vejamos os exemplos abaixo.
Exemplo1: Um vaqueiro chegou ontem; o imbecil tinha perdido toda a boiada.
Exemplo2: Romário em sua trajetória esportista já conseguiu alcançar uma marca histórica. O jogador marcou o gol de número 1000 em sua carreira, e muitos outros virão, pois, ele ainda está na ativa.
Tem-se uma ativação ancorada sempre que um novo objeto-de-discurso é introduzido no texto, com base em algum tipo de associação com elementos já presentes no co-texto ou no contexto sociocognitivo.
Exemplo3: ― Padre sou um alcoólatra! — Meu filho! Tem que ter força pra vencer o vício! — E o vinho? Não vem?
Observa-se no último quadrinho da tirinha, que foi introduzido um novo referente — o vinho — que associamos aos elementos co-textuais alcoólatra e vício no primeiro quadrinho e ao contexto sociocognitivo. Estão entre esses casos as chamadas anáforas indiretas e anáforas associativas, de modo geral.
Koch (2002, p. 85), ao falar em progressão referencial, faz referência aos principais tipos de estratégias de progressão referencial: “Uso de pronomes ou elipses; usos de expressões nominais definidas e uso de expressões nominais indefinidas.”
Os objetos-de-discurso não se confundem com a realidade extralingüística, mas (re)constroem-na na própria ação de interação. Isto é, estabelecemos o nosso habitat e a realidade em que vivemos por meio da influência mútua com o entorno físico, social e cultural, portanto, estamos o tempo todo sócio-cognitivamente interagindo de forma direta ou indireta como o nosso meio.
Em resumo, as anáforas são estruturas importantes de construção da textualidade, capazes até mesmo, de proporcionar situações comunicativas de criatividade e beleza nas formas de expressão textual, ou seja, entre muitas funções que elas têm, ainda podemos desfrutá-las para entender o discurso, manter a elegância do texto usando novos termos para não marcar a repetição das palavras. Nas anáforas temos a referenciação realizada por intermédio de formas pronominais (anafórica ou catafórica) nos elementos co-textuais. É neste processo de construção da referenciação que a intenção é gerada na elaboração do sentido no texto, pelo autor, que busca atingir um leitor.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FAGES, J. B. Tradução: Miguel Castro Henriques. Para entender o estruturalismo. Lisboa: Moraes Editora, 1973.

KOCH, I.G.V. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2002.